Uma bactéria foi encontrada em uma amostra de água de um bebedouro instalado na área de descanso dos médicos do Hospital Santa Rita, em Vitória. Este e o fungo Histoplasma podem estar relacionados ao surto registrado na unidade. O anúncio foi feito na tarde desta segunda-feira (3) pelo secretário de Estado da Saúde, Tyago Hoffmann.
Segundo ele, ainda há muito a ser investigado, sobretudo porque a bactéria foi encontrada na amostra do bebedouro, mas não em nenhum dos pacientes. Identificada como Burkholderia cepacia, trata-se de uma espécie de bactéria patogênica oportunista gram-negativa, associada a infecções respiratórias em pacientes hospitalizados — especialmente aqueles com fibrose cística.
De acordo com Rodrigo Ribeiro, diretor do Lacen-ES, a bactéria não foi encontrada em nenhum outro canal ligado ao bebedouro. Ele explicou que, até o momento, o laboratório não identificou patógenos que pudessem provocar o surto, mas que 11 amostras — todas de funcionários — foram enviadas à Fiocruz, e uma delas apresentou resultado positivo para o fungo da histoplasmose.
O fungo Histoplasma capsulatum causa a histoplasmose, uma infecção que geralmente afeta os pulmões, mas pode se espalhar para outras partes do corpo. A doença pode ser assintomática ou apresentar sintomas que variam desde um quadro semelhante ao da gripe até formas mais graves, como pneumonia crônica ou disseminada, atingindo órgãos como fígado, baço e linfonodos.
Ao todo, 245 pessoas foram investigadas, e 93 casos do surto intra-hospitalar permanecem sob análise no Laboratório Central do Espírito Santo (Lacen-ES) e na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A crise foi antecipada pelo portal ESHOJE, quando 26 casos já haviam sido registrados no Hospital Santa Rita. No total, 300 patógenos foram analisados.
Foram investigados, nos pacientes contaminados, diversos materiais, como urina, secreção nasal e sangue. Apenas uma amostra detectou o Histoplasma, e o paciente apresentou anticorpos, indicando contato prévio com o fungo. Muitas amostras ainda serão novamente testadas.
“A conclusão deste caso não se dará apenas por exames laboratoriais. Eles confirmaram uma das nossas hipóteses de fungos. Mas o quadro clínico dos pacientes caminha para dizermos que foi Histoplasma”, explicou o titular da Sesa.
“O que temos certeza é que o surto é interno, e a investigação aponta que os esporos do fungo possam ter entrado pelo ar-condicionado”, destacou Hoffmann.
A afirmação, no entanto, foi questionada pela coordenadora de Controle de Infecção Hospitalar do Santa Rita, a infectologista Carolina Salume, que garantiu que todos os aparelhos estavam com manutenção e limpeza em dia.
“A gente não acredita que tenha sido pelo ar, mas por alguma vedação falha”, afirmou.
A infectologista ressaltou ainda que é improvável que a bactéria Burkholderia cepacia tenha causado o surto, pois ela provocaria pneumonias, e os pacientes teriam se recuperado naturalmente. Segundo Carolina Salume, no início da crise, os casos vinham sendo tratados como pneumonia bacteriana.
O secretário Tyago Hoffmann informou que os setores esvaziados e isolados — o centro cirúrgico e o setor anexo ao E, epicentro da crise — poderão ser liberados após nova vistoria ainda nesta segunda-feira (3), uma vez que todas as medidas de controle já foram adotadas. Segundo a Sesa, a situação está sob controle e tende à normalização.
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