Encenado pela primeira vez em 2022, o espetáculo teatral “Trilhas, Noite Cheia de Lua de Sol” desembarca em Vitória por meio do projeto “Resistência nos Trilhos – Remontagem & Circulação”, contemplado pelo Fundo de Apoio à Cultura da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (FAC-DF). As apresentações serão nos dias 6 e 7 de novembro, às 20h, na Casa da Música Sônia Cabral, com ingressos a preços populares de R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia), à venda pela plataforma digital Sympla.
Com texto, direção e atuação de Cláudia Andrade, o espetáculo cênico imagético é atravessado por elementos como a videoarte, música, dramaturgia contemporânea e as artes visuais. Na construção desse universo, cruzam-se os dilemas do feminino, a maturidade, os jogos de poder, a finitude e os contrastes sociais que moldam e desafiam a existência humana.
O espetáculo reafirma seu compromisso com a diversidade de olhares, vozes e linguagens ao alcançar novos públicos em sua circulação por diferentes regiões do país. A turnê, com 12 apresentações, vai passar por Ceilândia (DF), Vitória (ES), Belo Horizonte (MG), São Paulo (SP) e Brasília (DF), no período de 24 de outubro de 2025 a 01 de março de 2026.
Conexão
No tablado desta remontagem, Cláudia Andrade segue com as companheiras de cena Eloisa Cunha e Genice Barego, atrizes com vasta trajetória teatral. Essa continuidade cria um entrosamento raro, fruto de uma evolução conjunta, em que cada atriz foi aprofundando sua personagem e sua relação com as demais. O resultado é um espetáculo mais maduro, com camadas de interpretação que se refinaram ao longo do tempo e que prometem se refletir em ainda mais qualidade artística nas apresentações. 
A trama discorre a partir do encontro entre duas mulheres com mais de 50 anos: Silvia (Eloisa Cunha) e Gimena (Cláudia Andrade). De origens e vivências distintas, elas se cruzam ao acaso numa parada de ônibus, em alguma estrada erma do interior do Brasil. Iniciam, então, uma jornada marcada por embates, estranhamentos, memórias, afetos, contrastes sociais, revelações e mitos. As personagens são acompanhadas por Gaivota (Genice Barego), figura diáfana, agênera, atemporal e mística que transita pela cena como símbolo de conexão, intuição e mistério.

Referências
Guiada por sua vivência multifacetada, Cláudia reúne referências que vão da sabedoria ancestral às linguagens contemporâneas. Um exemplo disso é a fala inicial projetada no início do espetáculo. Originária da língua Hopi, do povo indígena norte-americano, essa mensagem, que primeiro tocou a diretora ao ser revelada nas telas do filme “Koyaanisqatsi”, de Godfrey Reggio, agora é reinventada no palco. 
“Vida maluca, vida em turbilhão, vida fora de equilíbrio, vida que pede uma outra maneira de se viver” norteia o espírito da peça em sua proposta de refletir sobre os caminhos que cada um escolhe percorrer.
O texto nasceu em 2017, durante a oficina “Caminhos”, ministrada pelo dramaturgo Maurício Arruda. Após uma avaliação entusiasmada, Arruda incentivou Cláudia a levar a ideia aos palcos. Unindo suas habilidades no audiovisual e nas artes cênicas, ela concebeu uma montagem híbrida e a submeteu à consultoria do professor, diretor e dramaturgo Fernando Villar. “Cláudia Andrade é uma guerreira das artes há décadas, em diferentes continentes e linguagens artísticas. Muita experiência como dançarina, atriz e produtora ímpar de teatro, dança, audiovisual e eventos.
Agora, em ‘Trilhas’, ela alcança voo maior como artista da cena, escrevendo, coprotagonizando, dirigindo e produzindo uma intermídia cênica que, de forma singular e singela, provoca outras reflexões e percepções sobre ‘mulheridades’ em nossa desumana contemporaneidade”, afirma o dramaturgo.
Já a análise técnica e preparação de elenco coube ao mestre Humberto Pedrancini. A esta construção, soma-se, na montagem atual, a colaboração, na direção, do professor e diretor de teatro João Antônio, que traz toda sua vivência de mais de 60 anos dedicada ao teatro brasileiro.
“Trilhas” é um convite à empatia. Cláudia leva para o palco sua compreensão sobre a vida, defendendo que, independentemente do tamanho da conta bancária, da origem ou do status educacional e profissional, todos compartilham dores, sonhos e desafios comuns. Entre esses desafios, estão, de forma evidente, as lutas e limitações enfrentadas pelas mulheres em uma sociedade ainda marcada pelo patriarcado.
“Mais do que uma obra a ser analisada, Trilhas é uma experiência a ser vivida: um espetáculo que quer tocar o público, chegar ao coração, proporcionando um momento de lazer e emoção”, explica Cláudia.
Acessibilidade e inclusão como missão
Importante reforçar o compromisso de “Trilhas” em levar cultura a quem normalmente não tem acesso. Para isso, o projeto investe em ações de acessibilidade, oferecendo sessões com intérpretes de Libras e audiodescrição para pessoas com deficiência visual, em dias específicos da programação, para garantir uma experiência completa para pessoas com deficiência auditiva e visual. Além disso, contempla ações sociais, como transporte e cortesias para turmas da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e grupos de pessoas com deficiência visual, permitindo a esses públicos vivenciar a experiência teatral de forma plen a e acolhedora.

Em Vitória, a montagem vai disponibilizar ingressos com gratuidade aos alunos do Centro Estadual de Educação de Jovens e Adultos (CEEJA).
O projeto prevê ações formativas que ampliam seu alcance artístico e educacional, como rodas de conversa com o público após as apresentações, criando espaços de troca e diálogo, além de um debate nacional virtual com o tema “O Desafio da Circulação Teatral Nacional no Brasil”, a ser realizado em março de 2026.



 
                                    









