Um psicanalista de 63 anos, foi preso em Vila Velha, suspeito de estuprar uma paciente de 12 anos durante uma sessão de atendimento. A prisão aconteceu na última quarta-feira (24) e os detalhes foram divulgados pela polícia nesta terça-feira (30). A identidade do suspeito não foi revelada.
A investigação, conduzida pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), teve início em 14 de março de 2025, após o registro de um boletim de ocorrência feito pelo pai da adolescente.
De acordo com o relato da vítima à polícia, ela estava com um machucado na perna, e, durante uma sessão foi abordada pelo psicanalista. Ele teria visto o ferimento, perguntado sobre ele e, em seguida, tocado a parte íntima da adolescente.
Assustada, a menina teria se retraído. Porém, percebendo a reação, o homem disse que iria explicar para a jovem o que era um abuso sexual e começou a demonstrar, simulando a explicação para, na prática, cometer o próprio abuso que descrevia.
“Ele perguntou: ‘Você sabe o que é um abuso sexual?’ E, enquanto falava, tocava o corpo da menina, dizendo: ‘se alguém tocar aqui não pode, é crime, é um abuso'”, revelou a adjunta da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), delegada Thais Cruz.
Com medo, a adolescente não contou inicialmente aos responsáveis. Mas depois, durante um atendimento com a psicóloga da escola ela acabou revelando o caso. A profissional, seguindo os protocolos, comunicou o pai, que imediatamente procurou a DPCA para registrar a ocorrência.
A vítima também relatou que o suspeito tirou uma foto dela segurando um ursinho de pelúcia. O celular do investigado foi apreendido e foi encaminhado para perícia.
Suspeito também violentou paciente esquizofrênica
Investigando o caso atual, a polícia descobriu um caso anterior, ainda mais grave, envolvendo o mesmo psicanalista, em 2019. Na ocasião, a vítima era uma adolescente de 16 anos, diagnosticada com esquizofrenia. A mãe da jovem procurou os serviços do suspeito após ele oferecer atendimentos gratuitos em uma igreja evangélica.
Segundo as investigações, nesse caso, o homem forçou a adolescente a tirar a roupa de forma violenta e tocou as partes íntimas dela com seus próprios órgãos genitais. Esse crime estava em investigação e, com o novo caso de 2025, as provas foram consolidados, resultando no indiciamento do acusado.
Psicanalista prometia presentes e até videogame
A polícia afirma que o suspeito se aproveitava das sessões terapêuticas para cometer os abusos. Ele também utilizava a promessa de bens materiais para silenciar as vítimas. Em uma das situações, ele chegou a oferecer um videogame a uma criança, sob a condição de que ela não contasse à mãe.
A criança, porém, revelou o fato à família, que informou ao pastor da igreja. O pastor, então, cancelou os serviços do psicanalista no templo e auxiliou a polícia com as denúncias. Apesar disso, o homem continuou atendendo em sua própria casa, de forma presencial e remota.
Preso e indiciado duas vezes
O psicanalista foi preso na casa onde morava e atendia as vítimas, no momento em que retornava da academia. A ação foi rápida e ele não resistiu à prisão.
Um detalhe que chamou a atenção dos policiais foi que durante a prisão, o homem perguntou “Qual o nome da vítima?”. A pergunta, segundo a PCES, indica a possibilidade de existirem mais vítimas que ainda não procuraram as autoridades.
A polícia também acredita que outras pessoas possam ter sido abusadas por ele, já que o homem manteve suas atividades normalmente desde a primeira denúncia em 2019.
Histórico criminal
De acordo com a Polícia Civil, o psicanalista já possui uma condenação por roubo, de 2016, e cumpria pena em regime semiaberto no momento dos crimes sexuais. Ele foi indiciado pelos crimes de: estupro de vulnerável (referente ao caso da vítima de 12 anos, em 2025) e estupro qualificado (referente ao caso da adolescente de 16 anos, de 2019).