A chegada de um bebê, para muitos, é um momento esperado e planejado, mas até para as mamães que são pegas de surpresa, cada roupinha, touquinha e sapatinho são reflexos de uma vida que vai chegar, muitos desses itens são separados para o kit maternidade, entretanto, essa não é uma realidade para todos. Pensando nisso, um grupo de voluntárias do projeto “Costurando Sonhos” se reuniu para tornar esse momento especial.
Segundo a voluntária e secretária da fraternidade cristã, Adriana Machado Silva, o projeto teve início há mais de 20 anos com uma ideia que se fez necessária. Algumas voluntárias já tinham a habilidade de costurar, e junto com o desejo de ajudar as mãezinhas, a ideia virou realidade.
“Queríamos ajudar as mães que necessitavam dos itens básicos para os seus nenéns e não tinham como adquiri-los. Este projeto começou com algumas mãos e hoje temos dez voluntárias trabalhando em nosso projeto, além daquelas que, fora de nossas instalações, confeccionam sapatinhos de bebê, luvinhas e paninhos de boca com muito carinho”, contou.
Além do kit maternidade, o projeto realiza outro proveito. “Reunimos mulheres e homens em um espaço agradável para que nossas voluntárias se sintam úteis e amparadas, fortalecendo a autoestima e a amizade entre todas.”
Adriana Machado ressalta que o foco principal é alcançar famílias carentes e, principalmente, as futuras mamães que não têm condições de comprar o material que aconchegara os seus descendentes. A secretária da fraternidade fala ainda de fé e amor.
“Essa é uma forma de mostrar que essas mães não estão desamparadas por Deus que Ele está nas mínimas coisas de suas vidas. Nestes últimos anos, Jesus nos proporcionou adicionar mais um objetivo neste projeto de amor. Direcionamos, mensalmente, todos os itens de enxoval que recebemos de doação ou até confeccionamos, novos ou usados (e em bom estado), para algumas maternidades da grande Vitória. Esses itens vão para aquelas mãezinhas que não têm conhecimento sobre trabalhos como o nosso e chegam nas maternidades sem nada para os seus bebês”, explicou.
De acordo com Adriana, o cenário de dificuldade é exposto diariamente, e, para ajudar as mães e bebês nas primeiras horas e dias de vida, as assistentes sociais, enfermeiras e médicos se desdobram para ajudar cada uma dessas pacientes em suas necessidades básicas. “O pouco que todos nós fazemos transborda em alegria e esperança para suas famílias.”
Mães e bebês que recebem os enxovais
Segundo Adriana, para conseguir um enxoval, é necessário um cadastro das mães a partir do 5º mês de gestação. “Ela deverá levar os seus documentos (documento com foto, ultrassonografia, cartão pré-natal) e saber o seu endereço para o nosso cadastro. Este cadastro é feito em nossa sede (Rua Aristides Navarro, n. 104, Centro, Vitória, ES), toda 2ª feira, das 14 às 16h, com exceção de nossos recessos e feriados. Normalmente, elas recebem o kit enxoval perto do seu parto. Se a gestante não puder, outra pessoa pode fazer o cadastro por ela”, disse.
O projeto Costurando Sonhos, realiza em média 20 kits por mês, 240, por ano. “Temos mais de 20 anos realizando essa tarefa de amor. “No início, doávamos 10 kits por mês. Depois, 15 e agora, 20. Na época da pandemia, doávamos muito mais do que o programado por mês, porque a demanda havia aumentado muito. Nossas voluntárias iam à nossa sede, buscavam o material e costuravam em casa. Apesar de fazermos tudo por escrito, não temos ideia de quantos nós já doamos nestes anos todos.”
Doações
Para a confecção dos kits, a secretária informa que parte dos itens são comprados, outros chegam por meio de doações. “Com a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, ganhamos muitos materiais, compramos outros e vamos seguindo como podemos. Quando não temos algum item, doamos o kit sem ele, mas, nestes mais de 20 anos, jamais deixamos de entregar os kits que nos comprometemos. Não temos auxílio das instituições governamentais, mas temos a ajuda dos amigos da Casa que não nos desamparam e muitos outros que, vez por outra, nos abençoam com ajudas esporádicas”, frisou.
Em um encontro semanal, as voluntárias se encontram
Toda 2ª feira, das 14 às 18 horas para a confecção das roupinhas, mantas, cueiros etc. que entregamos nos kits. “Como este encontro também é um momento de confraternização, fazemos um pequeno lanche das 16 às 16:30 horas, onde há muita descontração e “repasse de receitas”. Nesse ínterim, das 14 às 16 horas, fazemos o atendimento das gestantes e seus cadastros.”
No encontro, cada voluntária faz uma parte do todo. “Umas fazem os cortes nos moldes, outras, as calças compridas. Algumas fazem os bodies, e outras, o cadastro das gestantes e montam os enxovais. Assim, vamos montando todo esse auxílio de amor e esperança. Temos também aquelas que voluntárias sabem fazer quase tudo, mas todas trabalham em conjunto”, citou.
Kit Costurando Sonhos
Cada mamãe e bebê recebe em seus kits: uma manta, três cueiros, duas fraldas de pano, duas fraldinhas de pano para boca, um conjunto pagãozinho recém-nascido (RN) contendo camiseta, calça comprida e agasalho ou um macacão de bebê tamanho P, dois body com manga curta ou romper, dois body manga comprida com, calça comprida, dois pares de luvinhas, dois pares de sapatinhos, um par de meinha, um sabonete, 20 unidades de fraldas descartáveis RN ou P, uma bolsa de TNT para maternidade.
“Ainda, para a nossa mãezinha, entregamos 10 unidades de absorventes pós-parto para os seus primeiros dias e uma cesta alimentação para a família. Nestes meses de frio, conseguimos também incluir uma mantinha peluda para os bebês e roupinhas de frio de linha/lã para cada kit.”
Clima de ternura e parceria
Durante a confecção dos kits, o clima é de ternura e parceria. Adriana Machado descreve o cenário entre as voluntárias. “O clima entre nós é muito gostoso. Somos mulheres de todas as idades, sendo que a mais velha está com 87 anos. Trabalhamos, conversamos, rimos e nos solidarizamos sobre tudo o que se refere a cada uma de nós. Compartilhamos histórias e aprendemos juntas como podemos encarar e vivenciar cada uma das nossas experiências e isso nos traz novos objetivos de vida. É maravilhoso!”
Voluntariado como remédio para alma
A secretária ressalta que participa da Fraternidade Cristã Bezerra de Menezes desde a fundação e, assim que surgiu a oportunidade, ela se vinculou à atividade “Sentia em meu coração a necessidade de fazer mais pelo próximo. Sei que parece clichê, mas é um vazio que só se preenche quando a gente se vê útil na vida do outro. Minha função é a de realizar o cadastro das gestantes, dentre outras atividades em nosso projeto, e não há preço que se pague ao ver o sorriso daquela mamãe ao ver que o seu filho não ficará desamparado naquele momento tão delicado de sua vida”, declarou.
Mulheres vulneráveis
Ainda segundo Adriana, a instituição também auxilia outras “origens de necessidades”, inclusive projetos que buscam apoiar mulheres vítimas de violência doméstica. “Muitas delas, saem de suas casas com os filhos sem nenhuma muda de roupa. Saem escondidas ou fugindo daquele que deveria ser quem os protegeria. Em razão disso, kits são doados para aquelas que necessitam e estão em situação de vulnerabilidade também. Como as mamães que não têm condições financeiras para comprar o seu enxoval de bebê, aquelas também estão muito necessitadas de acalento e abrigo. Cada voluntária que participa do nosso projeto ‘Costurando Sonhos’ têm consciência de que o que fazemos é importante para as gestantes e suas famílias carentes, mas estas não sabem o quanto elas são importantes para nós.”
Adriana Machado alega que muitas cada gestante é única e muitas histórias são impactantes. “Todas nos marcam de muitas formas possíveis. Algumas com muita tristeza, outras, com intensa alegria. Uma vez, recebemos a foto de um bebê que estava sendo aquecido por uma “vestimenta” improvisada de saco de supermercado. O plástico tinha sido cortado onde ficavam os bracinhos e a cabecinha do bebê recém-nascido. Isso me tirou o chão no primeiro momento. Mas, depois, eu vi, naquela cena, o amor de quem improvisou aquele “agasalho”, porque o principal, ali, era o bebê ficar bem e isso foi feito com carinho e respeito. Foi muito gratificante termos tido condições de entregar o enxoval para aquela mãezinha e dar ao bebê o conforto daquelas roupinhas”, contou.
Voluntária na terceira idade
Dona Maria Goretti, faz parte do projeto há 15 anos, e relata que não há como escolher um enxoval especial, isso porque todas as entregas são singulares para ela e para cada mamãe.
Questionada sobre parar, a voluntária diz que isso não é uma previsão, e completa sobre o papel da terceira idade nas atividades que ajudam o próximo.“Não penso em parar, pois me sinto grata em poder ajudar e fazer parte desse grupo!! Nós idosas somos capazes e não inúteis!”
Dona Maria Goretti, assinala que o voluntariado faz bem para quem pratica, não só para quem recebe. “Falo para as outras pessoas que façam o mesmo que nós, pois, é muito gratificante poder ajudar alguém que precisa”
Experiência que transforma vidas
A secretária da fraternidade cristã ainda deixa um recado. “Na minha experiência, dedicar um tempo do seu tempo a um desconhecido é uma maneira maravilhosa de aprendermos a amar. Porque é fácil amar quem já nos ama; é fácil amar alguém com quem temos alguma ligação de sangue ou de amizade, mas é desafiador nos importarmos com quem não tem qualquer referência em nossa vida. Participarmos de um trabalho voluntário é atendermos ao chamado do Cristo quando Ele nos aconselha a convidar os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos, pois eles não teriam como retribuir as nossas ações. Assim, eu percebo que quem ajuda a um desconhecido, com respeito e consideração, aprende a melhor amar e recebe uma recompensa que vem de Deus ao sentir a paz do Senhor em seu coração. Não importa o tempo que levarmos para começar, só não deixemos de fazer, pelo próximo e, sem demagogia, por nós mesmos.
O que mudou na sua vida desde que começou a participar do projeto?
Adriana finaliza dizendo que o projeto ‘Costurando Sonhos’ mudou a forma de ver a vida e futuro. “Esse projeto mudou minha visão otimista sobre a vida; a forma que encaro o papel de cada pessoa que passa pela minha existência e deixa uma parte dela em mim. Isso me fez ver que a minha permanência neste planeta é um lindo presente de Deus e que posso fazer mais do que somente viver o que considero ser útil para mim. Esse nosso projeto nos coloca frente às necessidades básicas de um filho de Deus que se encaminha para uma vivência terrena e, em um planeta material, necessitando da matéria para sobreviver. Mas, ao mesmo tempo, também nos mostra que, se fizermos a nossa parte, Deus suprirá as necessidades de todos. A humanidade é repleta de boas pessoas que fazem a diferença na vida de outras, de uma forma anônima, sem alardes. Jamais percamos a fé!”
Serviço:
Para receber o kit, as mãe devem realizar um cadastro, em caso de necessidade, pode encaminhar terceiro para realizar o registro que deve ser feito a partir do 5º mês de gestação.
Para isso, basta levar os seus documentos (documento com foto, ultrassonografia, cartão pré-natal) e endereço da residência.
Endereço do projeto: Sede ‘Costurando Sonhos’, Rua Aristides Navarro, n. 104, Centro, Vitória, ES, toda 2ª feira, das 14 às 16h, com exceção de recessos e feriados.
Kit
O kit maternidade entregue é composto por:
1 manta
3 cueiros
2 fraldas de pano
2 fraldinhas de pano para boca
1 conj. pagãozinho Recém-nascido (RN) com camiseta, calça comprida e agasalho ou 1 macacão de bebê P
2 body com manga curta ou romper
2 body manga comprida com calça comprida
2 pares de luvinhas
2 pares de sapatinhos
1 par de meinha
1 sabonete
20 unidades fraldas descartáveis RN ou P
1 bolsa de TNT para maternidade.
Para a mãe:
10 unidades de absorventes pós-parto
01 cesta alimentação para a família.
