Familiares de detentos do Presídio de Segurança Máxima I (PSMA I), em Viana, fecharam a Avenida Jerônimo Monteiro, em Vitória, em frente a Defensoria Pública na manhã desta quarta-feira (24), pedindo a saída da atual direção.
“Estão maltratando os presos. Os familiares também. Tem uma menina que o irmão tomou um tiro na perna, outro apanhou, está machucado, e tem mais presos machucados lá dentro. Não ligaram para as famílias para informar e tem nomes que não estão na lista. Queremos que tirem os três (diretores) de lá. Se não tirarem, vamos parar tudo perto do presídio”, afirma uma familiar.
Ainda segundo essa familiar, eles estão passando no body scan e, se uma mancha é detectada, a visita é suspensa. “Tem uma menina que passou, fizeram ela tirar chinelo e roupa. Dizem que estamos carregando droga, tem mãe de família”.
Impasse com a Sejus
De acordo com o presidente regional capixaba da Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas (ABRACRIM-ES), Ricardo Pimentel, é preciso dialogar entre diversas vertentes para resolver o impasse entre os detentos e familiares e a Secretaria de Justiça (Sejus).
“Estivemos com os diretores para tratar desse assunto. Existe um movimento dos presos e dos familiares contra a direção da unidade, em razão de maus-tratos que os presos estão recendo na Unidade Prisional, bem como vistorias, inspeções feitas na entrada dos familiares de forma constrangedora. Na versão dos presos, eles tratam os familiares, em dias de visita, de forma grosseira, mal educada e abusiva. Isso já vem acontecendo há algum tempo e isso culminou com o problema no sábado, quando houve o confronto com os agentes penitenciários”.
Segundo Pimentel, a partir daí, os detentos iniciaram uma greve de fome justamente para haver a troca na direção da unidade. “Existem várias reclamações de advogados e familiares na Sejus contra essa questão de maus-tratos que estão acontecendo lá. O fato de concreto que verificamos ontem é que, em decorrência do que aconteceu no sábado, existem 18 presos machucados, inclusive com balas de borracha. Dois deles requerem cuidados mais especiais pois estão mais graves, um com ferimento na cabeça por bala de borracha. Outro teve uma lesão séria no olho e corre o risco de perder a visão. De ontem para hoje esse movimento continua. Inicialmente eram duas galerias, a F e a G, em greve de fome, onde ocorreu o problema no sábado, e ontem outras quatro galerias já tinham aderido ao movimento”.
A Abracrim, explica Pimentel, por ser uma Associação que representa os advogados criminalistas, está em tratativas junto a Secretaria de Direitos Humanos, do Governo do Estado, buscando apoio institucional a OAB-ES, através da presidência, e da juíza da Vara de Execução Penal de Viana, que fiscaliza a unidade prisional.
“Estamos chamando as autoridade e atores que podem interferir de alguma forma, no sentido de buscar uma conciliação para o que está acontecendo. É uma situação que a cada dia fica mais grave”.
Até hoje de manhã, os detentos seguiam em greve de fome. “A tarde vou ver se houve evolução, mas fato é que a Sejus, a princípio, não quer negociar e tirar o diretor de lá. E os presos não aceitam. Está um impasse. Talvez, colocando todos esses atores para conversar, podemos montar uma Comissão, ouvir os presos, nos reunirmos com a direção. Estamos tentando achar um denominador comum, para acabar a greve de fome, e que algumas reivindicações dos presos sejam atendidas”.
Vídeo do protesto











