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Endividar para crescer: qual o problema?

Há uma frase atribuída a Albert Einstein que diz que a insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes. E ela tem muito a ver com o Brasil de hoje. O presidente da república disse nesta última terça feira o seguinte: “Se for necessário esse País fazer um endividamento para o Brasil crescer, qual é o problema?”. Pois é, será que vamos tomar a mesma medida que deu errado no passado e esperar que seja um sucesso agora?

Inicialmente, essa fala do presidente segue numa linha oposta à de sua equipe econômica, do ministro Fernando Haddad, que tem lutado para montar o arcabouço fiscal, equilibrar as contas e zerar a déficit no próximo ano. Situação cada vez mais distante de acontecer. Essas falas desconectadas internamente só trazem mais insegurança econômica para os empresários, reduzindo o apetite para a realização de investimentos. Leia-se: crescimento mais baixo.

Indo no ponto em questão, qual o problema de se endividar para crescer? Ora, se fosse tão fácil assim, vamos nos multiplicar o endividamento e teremos um país que cresce, com emprego e renda. Mas a realidade não é bem assim. É muito mais complexo.

Para se endividar, é importante que os títulos públicos emitidos sejam atrativos para que haja demanda, ou seja, investidores para financiar esse aumento da dívida brasileira. Se um país que não tem as suas contas equilibradas, uma inflação ainda alta, qual será a taxa de juros desejada por esses investidores, de alto ou baixo retorno? Evidentemente, de alto retorno real, já descontada a inflação.

É o mesmo governo que fala em se endividar, mas toda vez reclama do imenso pagamento da dívida pelo governo. Não faz muito sentido. Mas, pelo histórico, nada de surpresa.

Se o Brasil deseja crescer, não é pelo endividamento, é exatamente pela indicação clara de contas públicas equilibradas e que darão espaço para que o Banco Central possa reduzir ainda mais a taxa de juros, para um patamar ideal, diria eu, entre 7 e 8% ao ano, hoje em 11,75% ao ano. A inflação baixa e a indicação de controle dívida pública também são fundamentais para um crescimento mais robusto de um país.

Como há um desconhecimento, em geral, sobre economia, podem até achar essa ideia – de se endividar para crescer – interessante. Mas ela vem com pressão forte sobre a inflação, sobre a taxa de juros e a dívida pública. Ou seja, artificialmente traz benefícios no curto prazo, mas não escodem os danos no médio e longo prazo. E quem paga a conta, o governo? É obvio que não! É você leitor!

Portanto, o Brasil não conseguirá sair de sua armadilha de baixo crescimento com medidas equivocadas. Se seguirmos dessa forma, serão mais 3 anos nesse marasmo que vivemos há mais de uma década. A receita do sucesso é clara e simples. Mas, infelizmente, seguimos o que Einstein tratava como insanidade.

Guilherme Dietze
Guilherme Dietze
Guilherme Dietze - graduado em economia pela Universidade de Vila Velha (UVV), especialista em elaboração de pesquisas de mercado pela FIPE/USP, Consultor da Federação do Comércio de São Paulo e a da Bahia, Conselheiro Suplente do Corecon-SP e sócio da Scopus Consultoria.

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