A economia do Espírito Santo no 2º trimestre de 2020 foi impactada, principalmente, pela retração da Industria (-20,4%), quando comparada aos três primeiros meses do ano. A média geral foi de -12,2%.
É o que mostra o Indicador de Atividade Econômica do Espírito Santo (IAE-Findes), divulgado nesta terça-feira (15) pela Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes).
Esse resultado, segundo a Findes, foi puxado, principalmente, pelas atividades de pelotização na indústria extrativa (29,9%), com destaque para o petróleo e gás (-22,2%).
A metalurgia (-36,3%) influenciou diretamente na queda de 22,4% da indústria da transformação. Em seguida aparece a alimentação (-22,8%), setor que, em agosto, chegou a ter aumentos maiores no Espírito Santo que a média nacional.
“A pandemia afetou algumas colheitas quanto a oferta, que reduz. Isso já vem la de trás. A pandemia só agravou e fez que com que o preço respondesse dessa forma. É isso que o que ocorreu na inflação de alimentos”, explicou o diretor executivo do Instituto de Desenvolvimento Industrial do Espírito Santo (Ideies), Marcelo Saintive.
A construção também apresentou queda de 24,7% (perdeu 30% da mão de obra). Mesmo com esses resultados, o resultado ruim da Indústria nesse 2º trimestre foi menor que no mesmo período de 2019, quando o recuo foi de -23,9%.
“Já vinhamos amargando taxas negativas, com expectativa de melhora, devido a retomada gradual das atividades. O Espírito Santo tem o forte no comércio exterior. Já tivemos aumento importante nos commodities industriais. Notamos melhorias em metais (pesquisa recente do IBGE mostrou uma melhora de 23% de junho para julho). Começamos mais aquecidos”, afirmou a presidente da Findes, Cris Samorini.
Por outro lado, segundo ela, houve grande movimento em setores específicos, entre eles o Moveleiro, com crescimento de mais de 100%. “Temos um levantamento de anúncios de grandes industrias fazendo investimentos até março de 2021. Entre elas a Biancogres e a Cacique, de Café, com conclusão nos próximos meses, R$ 240 milhões de investimento”, disse.
A Findes também atribuiu os resultados negativos no 2º trimestre de 2020 a subida da curva de novos casos da Covid-19, que, consequentemente, intensificaram nas medidas necessárias de restrição à circulação para combate à pandemia.
Outros setores
O setor de serviços, que responde por 61% da economia capixaba, recuou 10%, com destaque para o comércio (-16,3%). As atividades profissionais, científicas, técnicas, administrativas e serviços complementares; informação, comunicação, educação. saúde privada e atividades de alojamento, além de alimentação, são apontados pela Findes como os principais no impacto negativo. E as atividades imobiliárias e financeiras como no impacto positivo.
Já a agropecuária foi o 3º setor com maior queda, 4,8%, com destaque para a agricultura (mesmo percentual de queda).
Retomada
Para Saintive, a retomada dos commodities é o que vai “repuxar” a economia do estado. “Toda vez que ele cresce, é mais o que o Brasil. Essa é a característica da economia capixaba ao longo dos anos. A questão é entender, num cenário mais macro, o que vai acontecer com o Brasil em 2021”.
Samorini afirma que o estado precisa investir em infraestrutura. E que essa é a agenda principal nessa gestão. “Precisamos de alinhamento a nível federal. Estamos construindo com o governo do estado um plano de retomada. Temos pedido apoio a bancada federal A estadual tem atuado na implantação do novo marco do gás regulatório. Também estamos tendo apoio muito importante na Assembleia Legislativa (Ales), finalizou.