O economista ultraliberal Javier Milei venceu a eleição presidencial na Argentina neste domingo (19). Candidato de oposição, ele foi eleito com 55,95% dos votos na disputa contra o governista peronista Sergio Massa (44,04%).
Aos 52 anos, Milei será o 52º presidente do país e terá que enfrentar a pior crise econômica em décadas, com a maior inflação em mais de 30 anos, dois quintos da população vivendo na pobreza e forte desvalorização cambial. Desafios agravados por uma dívida externa bilionária e pela falta de reservas internacionais.
Antes de se aproximar da política, ele atuou no setor privado, trabalhando em banco e em uma empresa que administrava aposentadorias e pensões. Também chegou a atuar como economista-chefe da Fundação Acordar, ligada ao peronista e ex-candidato à Presidência Daniel Scioli.
Em 2021, com um discurso inflamado “contra tudo e contra todos”, venceu sua primeira eleição para o cargo de deputado federal por seu partido A Liberdade Avança, fundado no mesmo ano.
Na nova legislatura, a sigla de Milei se tornará a terceira maior bancada do Congresso – 130 cadeiras das 257 na Câmara dos Deputados, e 24 cadeiras das 72 no Senado -, atrás da coligação peronista de Sergio Massa, que conta com 108 cadeiras da Câmara, e da coalizão de centro-direita representada no primeiro turno pela ex-ministra Patricia Bullrich, que ficou com 93 deputados.
As propostas econômicas foram suas principais bandeiras de campanha. Duas delas, em especial, são as consideradas mais polêmicas:
Milei propõe a “dolarização da economia”, que pretende levar à substituição da moeda nacional peso pelo dólar. O modelo já foi adotado por outros países da região, como o Equador.
O presidente eleito também falou que quer “dinamitar” o Banco Central, acabando com a instituição responsável pela política monetária da Argentina.
No documento oficial enviado à Justiça Eleitoral, as principais propostas de Milei são:
Economia:
Eliminar gastos improdutivos do Estado e diminuir o tamanho do Estado
Cortar o gasto com aposentadorias e pensões, visando um “sistema de capitalização privado”
Privatizar empresas públicas deficitárias
Retirar “imediatamente” todas as restrições cambiárias, que limitam as compras de dólares pelos argentinos
Eliminar o Banco Central e promover a dolarização da economia
Promover uma reforma tributária que “elimine e diminua impostos para potencializar o desenvolvimento dos processos produtivos”
Concessões para a exploração de recursos naturais
Promover uma reforma trabalhista que elimine as indenizações, substituindo-as por um sistema de seguro desemprego, além de “promover a liberdade de filiação sindical” e “reduzir os impostos ao trabalhador”
Eliminar as retenções a exportações e direitos de importação
Saúde, educação e tecnologia:
Implementar soluções tecnológicas, como telemedicina, receita eletrônica
Proteger as crianças desde sua concepção
Criar um sistema de vouchers de cheques educativos
Eliminar a obrigatoriedade da educação sexual integral em todos os níveis de ensino
Investir na manutenção do sistema energético atual, mas também “promover novas fontes de energias renováveis e limpas (solar, eólica, hidrogênio verde)
Segurança:
Construir estabelecimentos penitenciários com sistema de gestão público-privada
Estudar a possibilidade de reduzir a idade de imputabilidade de menores
Desregulamentação do mercado legal de armas de fogo, proteger o uso “legítimo e responsável por parte da cidadania”