No Brasil, aproximadamente 340 mil bebês nascem prematuros a cada ano, segundo informações do estudo “Nascer no Brasil”. Estima-se que um em cada dez bebês nascem prematuramente no mundo, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Além disso, a prematuridade é a principal causa de mortalidade infantil antes dos cinco anos.
A prematuridade ocorre quando o bebê chega ao mundo antes de completar as 37 semanas e existem vários riscos, pois seus órgãos e sistemas não tiveram tempo suficiente para se desenvolver plenamente no útero.
Os bebês nascem frequentemente com baixo peso e são mais suscetíveis a uma série de problemas de saúde, como infecções, dificuldades respiratórias e complicações na amamentação.
A pediatra e neonatologista da Materlux Larissa Perim explica que, “além disso, há um aumento do risco de complicações de longo prazo, incluindo atrasos no desenvolvimento, problemas de visão e audição, bem como distúrbios cardíacos e respiratórios”, destaca a especialista.
Quando um bebê é classificado como prematuro?
A classificação da prematuridade, conforme a idade gestacional estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), inclui três categorias:
– Extremamente prematuro: nascido com menos de 28 semanas;
– Muito prematuro: nascido entre 28 e 31 semanas e 6 dias;
– Prematuro moderado a tardio: nascido de 32 a 36 semanas e 6 dias de gestação.
Quanto menor a idade gestacional, mais desafiador pode ser o prognóstico do bebê. A pediatra e neonatologista Syane Gonçalves explica que o desenvolvimento completo do sistema cardiorrespiratório ocorre nas últimas semanas de gravidez. Antes desse amadurecimento, a criança pode ter dificuldade em se adaptar à vida fora do útero, e isso resulta em problemas de saúde a longo prazo.
Quais os fatores de risco para a prematuridade?
Existem diversos fatores de risco para a prematuridade, incluindo a falta de cuidados pré-natais adequados, tabagismo, consumo de álcool, infecções, gestações múltiplas, gravidez na adolescência e complicações maternas. “Estresse e fatores socioeconômicos também impactam nesse cenário”, aponta Syane.
A médica ainda enfatiza a importância de se procurar um pediatra desde o pré-natal e de contar com uma equipe multiprofissional capacitada para fornecer assistência aos bebês prematuros e suas famílias. “A prevenção da prematuridade começa com o planejamento familiar, passa por um pré-natal bem feito e um parto seguro, tanto para mulher quanto para recém-nascido”, explica.
Prematuridade e gravidez na adolescência
Há vários fatores relacionados à gravidez na adolescência e o risco de parto prematuro, principalmente na faixa etária de 10 a 14 anos, segundo a ginecologista e docente em saúde da mulher, Georgia Brito. “Entre essas situações de risco estão a falta de adesão às consultas de pré-natal, distúrbios hipertensivos da gravidez, anemia, diabete gestacional e outras complicações durante o parto, como infecções”.
A especialista explica que a gestação é considerada de alto risco, pois a menina nessa faixa etária não tem maturidade fisiológica para gestar. “Para a mãe adolescente, um dos maiores perigos é a morte materna. Já para os bebês, o baixo peso ao nascer é o maior fator determinante de mortalidade neonatal. Há também ocorrências de infecções perinatais, má adesão à amamentação, déficit no crescimento e desenvolvimento da criança, além de baixo desempenho escolar.”
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a gravidez na adolescência se caracteriza quando ocorre entre os 10 e os 20 anos. Apesar do índice ter diminuído nos últimos anos, o Brasil tem uma taxa média de 400 mil casos de gestação na adolescência por ano, uma das mais altas do mundo.
Apoio psicológico é fundamental
Quando uma família tem um bebê prematuro, é comum sentirem preocupação, incerteza e medo, de acordo com o psicólogo Patric Barbosa.
“Geralmente, a mãe se pergunta se fez durante a gravidez causou isso, ou se não é tão saudável quanto deveria ter o filho nas condições ideais.”
Além disso, existe o receio de não poder ter contato imediato com o bebê após o parto, em não poder cuidar da criança como planejado e sair do hospital sem o filho. Dúvidas sobre amamentação também pairam sobre a família.
“Todos esperam poder levar o filho para casa e isso, às vezes, não acontece. Existe a sensação de culpa por o bebê ter nascido prematuro, que se junta à tristeza de deixá-lo no hospital. Isso pode ser muito difícil para a família.”
Nesses momentos, o apoio de um psicólogo é fundamental, pois ajuda os pais a lidarem com os desafios emocionais e práticos da prematuridade. “Fortalece os laços entre os pais e o bebê, incentiva a participação ativa nos cuidados com a criança, além de auxiliar na tomada de decisões em situações comuns em casos de bebês prematuros, como procedimentos cirúrgicos”, enfatiza Patric Barbosa.