Ainda em recuperação após o pior período de pandemia do novo coronavírus, o setor hoteleiro capixaba encara o momento atual com olhos voltados para o crescimento dos negócios e ampliação de serviços. Essa postura, adotada ainda antes do período assolado pela Covid-19 e retomado junto às atividades, cria oportunidades de trabalho e também de fortalecimento de toda a cadeia produtiva do turismo no Espírito Santo.
Com um crescimento de 3,7% no turismo no último trimestre, o Espírito Santo hoje figura entre os cinco maiores destinos do turismo nacional, ficando atrás apenas de Estados como Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná. O índice sobe para 5,6% de crescimento, quando comparado ao mesmo período de 2022.
Os dados, levantados em pesquisa recente divulgada pelo Instituto Jones dos Santos Neves, revelam não apenas uma tendência de retomada, mas também de crescimento nos números da indústria.
Projeto elaborado pela Secretaria do Turismo (Setur), em conjunto com outras entidades, o “Rota Estratégica para o Futuro do Espírito Santo – Turismo 2035”, enxerga o futuro do segmento identificando barreiras e entraves do crescimento do setor e uma agenda mais sólida de ações para o planejamento de políticas públicas futuras.
Foram apontadas 221 ações nos eixos de Infraestrutura, Mercado, Políticas Públicas e Privadas e Recursos Humanos e Inovação. As etapas do trabalho foram divididas em ações preparatórias, inteligência coletiva e sistematização de conteúdos com ações de curto, médio e longo prazos, cujo principal objetivo é alcunhar o Espírito Santo como um destino que ofereça experiências turísticas sustentáveis, garantindo a integração, o desenvolvimento e a diversidade capixaba.
O diretor geral da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Roberto Campos de Lima, destacou a parceria entre várias entidades na construção do projeto, que contou com a participação do Sebrae e do Sistema Fecomércio/ES. “Isso ressalta o alto nível de articulação que há entre o setor público e produtivo aqui no Estado. São iniciativas como esta que consolidam os propósitos das nossas instituições de desenvolverem o Espírito Santo”, apontou.
Ao todo, 179 especialistas do trade turístico, da academia, do terceiro setor e do Governo participaram da elaboração deste trabalho, trazendo as experiências e o conhecimento que fundamentaram a construção da Rota Estratégica do Turismo. Resultado de um esforço de prospecção e planejamento, o projeto desenha um novo caminho para reposicionar o Estado no cenário nacional.
“Vivemos um momento ímpar para o turismo no Espírito Santo. O Sistema Fecomércio – Sesc e Senac – vem contribuindo para o desenvolvimento econômico e social do Estado, em parceria com o Governo, por meio de ações cada vez mais estratégicas e impactantes. A Rota Estratégica do Turismo 2035 vem definir projetos que devemos trilhar, de forma ampla e participativa, para que o Espírito Santo esteja entre os principais e mais conhecidos destinos turísticos do Brasil”, comentou o presidente do Sistema Fecomércio/ES, Idalberto Moro.
Investimento e capacitação

Para Paulo Maia, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Espírito Santo, ABIH-ES, esse crescimento não acontece por acaso e é fruto de investimentos do setor em infraestrutura e capacitação. “A hotelaria está vivendo um momento muito importante: desde o período pós pandemia que estamos passando por uma reconstrução e o setor tem se saído muito bem com treinamentos e capacitação da sua mão de obra. Com isso, estamos ainda garantindo mais anos promissores para a hotelaria capixaba”.
Uma característica muito forte do turismo capixaba salientada por Paulo é o de negócios. Isso se mantém mesmo com o crescimento expressivo do de lazer, nas praias ou montanhas do Estado.
“Temos hoje um turismo de lazer mais situado nos litorais sul, norte e montanhas, e um turismo da Grande Vitória que é o de negócios. O Estado vem sendo impulsionado há anos pelo turismo de negócios, e isso permanece com cada vez mais empresas se inserindo na região. A principal estratégia dos hotéis é investir na sua mão de obra para qualificar e receber seu turista, que são pessoas muito diferentes nos dois casos. Por isso a hotelaria capixaba vem investindo cada vez mais em sua mão de obra”, garante.
A ampla oferta de experiências do turismo capixaba, com opções de negócios e lazer, seja litorâneo, rural, histórico ou de montanha, exige versatilidade do mercado hoteleiro. Por isso a capacitação é considerada a chave do sucesso, aliada ao investimento em infraestrutura por parte do Estado, o que não apenas garante a chegada de turistas como uma boa prestação de serviços pelo setor. “Para garantir um aumento mais significativo do fluxo turístico no estado, nós acreditamos que a ampliação das ofertas de voos para o Estado, e com mais opções de voos diretos, atrairiam muitos viajantes”, pontuou o presidente do Sindihotéis.