POR THAIS ROSSI E RIAN MARQUES
A série de ataques em Vitória, nesta terça-feira (11), foi desencadeada por causa de uma pessoa. É Fernando Moraes Pereira Pimenta, o “Marujo”. Segundo a Polícia Civil, ele é líder do Primeiro Comando de Vitória (PCV) e o homem mais procurado da Grande Vitória.
A Polícia Civil afirma que o PCV, principal organização criminosa do Espírito Santo, nasceu no Bairro da Penha, e, atualmente, tem ramificações em municípios da Grande Vitória e interior do Estado.
“Marujo” é envolvido com o crime desde 2014 e está foragido há anos. Um dos crimes apontados pela polícia com participação direta dele é o do advogado suspeito de levar a ordem de assassinato da esposa de Ícaro Santana Soares, o “Icrinho”.
Segundo a Polícia Civil, “Marujo” tem cinco mandados de prisão em aberto e é considerado um homem extremamente perigoso. “A organização à qual ele pertence foi totalmente mapeada na Operação Sicário I. Informações mais atualizadas indicam que Marujo está escondido no Complexo da Penha, no Rio de Janeiro”, afirmou, em janeiro.
No entanto, na noite da última segunda-feira (11), as forças de segurança souberam que “Marujo” estava no Bairro da Penha. Foi durante a tentativa de prende-lo que a PM afirma ter acontecido um confronto que terminou com a morte de Jonathan Cândida Cardoso, homem que fazia a segurança de Fernando Moraes Pereira Pimenta.
O secretário de estado da segurança pública e defesa ocial, coronel Marcio Celante, afirmou que, na ocasião, criminosos estavam fortemente armados, portando fuzis e espingardas calibre 12.
“Marujo tem toda uma ramificação ou comando no Complexo da Penha e em alguns outros bairros. Estamos, através de operações do Centro de Análise Telemática, buscando a localização dele e, na data de ontem, tínhamos a informação que realmente confirmava. A nossa busca por essa informação de localização, identificação e prisão do Marujo vai continuar porque é nosso objetivo a prisão de lideranças do tráfico”, afirmou Marcio Celante.
Ainda segundo o secretário, “Marujo” está no Espírito Santo, mas não há informação desde quando. O comandante-geral da Polícia Militar, Douglas Caus, afirmou que o foco é prender os grandes traficantes e que estão aterrorizando a cidade.
“Já prendemos mais de dez traficantes nos últimos 60 dias e precisamos entender que isso causa retaliação por parte dos meliantes e significa que estamos mais perto de cumprir nosso dever”.
Caus também afirmou que houve tentativas em bloquear as vias da Avenida Leitão da Silva, mas sem sucesso. “Nós precisamos que as comunidades nos forneçam informações através do disque-denúncia 181. Queremos prender todos os criminosos que estão atentando a cidade”, pediram.
Abril
No dia 29 de abril, a Polícia subiu, mais uma vez, o Bairro da Penha, em Vitória, atrás de “Marujo”. A casa do pai dele foi vistoriada, um esconderijo foi encontrado, mas ele não foi preso.
No entanto, duas pessoas ligadas a “Marujo” e ao PCV, com mandados de prisão em aberto, foram presas: Diego do Nascimento Rosa, de 28 anos, e Jonathan de Oliveira Martins da Silva, o “Lobinho”, 26, alvo da Operação Sicário, deflagrada no ano passado.
Os dois eram procurados por tráfico de drogas e associação para o tráfico. Jonathan da Silva, além desses crimes, tinha mandado em aberto por organização criminosa. “Segundo as investigações que culminaram na Operação Sicário, “Lobinho” ocupava importante função no PCV, sendo um dos indivíduos que faziam a ‘contenção’ no morro (também chamados de ‘faixa preta’), ou seja, empunhava armas para garantir a segurança das bocas de fumo, bem como para dar ataques a facções rivais”, explicou o titular da DHPP de Vitória, delegado Marcelo Cavalcanti.
Outros presos
Em outubro de 2019, durante a operação “Leviatã 2”, José Renato Pimenta Júnior, que seria irmão de “Marujo”, foi preso com outras 30 pessoas.
Em fevereiro de 2020, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) prendeu, no km 346, em Guarapari, BR 101, Geovani Andrade Bento, o “Vaninho”, também líder do PCV. Ele estava voltando do Rio de Janeiro.
“Vaninho” é suspeito de ordenar os ataques ocorridos na avenida Leitão da Silva, é investigado pelos ataques e morte de três jovens nos morros da Piedade e Moscoso, em Vitória, e também por tentativa de homicídio contra policiais. Segundo a Polícia, ele tem ligação com o PCC de São Paulo.
Em janeiro de 2021, um outro irmão de “Marujo”, que não teve o nome divulgado, também foi preso. Em agosto do mesmo ano, três pessoas foram presas na região do Bairro da Penha, entre elas, ‘KG’, que tem ligação direta com “Marujo”.
Em agosto, foi preso Dario Alves do Rosário Junior, o “Nenego”, considerado um dos membros mais fortes da facção criminosa. Na época, ele estava chefiando os bairros Hélio Ferraz e São Marcos, na Serra.
Em setembro, mais dois integrantes do PCV foram presos em Vila Velha
