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quinta-feira, 28 de março de 2024

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A Selic subiu de novo, e agora?

O Banco Central anunciou aumento da taxa básica de juros para 10,75%, desde 2016 não vemos um juros tão alto. O Brasil já conviveu com taxas mais altas, mas quando pensamos que há um ano a taxa de juros básica da economia estava em 2%, no seu menor patamar histórico, a velocidade do aumento impressiona. O ritmo de alta teve de ser acelerado porque a inflação não deu trégua e galopou ao longo do ano até fechar acima de 10% pela primeira vez em 5 anos.

Quando lemos as atas do Comitê de Política Monetária, COPOM, percebe-se que a grande preocupação até o inicio de 2021 havia sido a deflação e o endereçamento de reformas que dariam credibilidade ao teto de gastos e dariam solução ao imbróglio fiscal. Dessa forma, saímos de 2020 com um crescimento melhor que o esperado pelos efeitos da pandemia e projetava-se um robusto crescimento para 2021, de 5%, e uma inflação controlada por volta de 3,5% ao longo dos anos.

Nesse céu de brigadeiro, a bolsa de valores registrou recordes, os juros estavam no chão e a inflação controlada. Havia ainda uma alta sustentada de commodities e abundância de liquidez no mundo. O que poderia dar errado?

O Brasil não perde a oportunidade de perder uma oportunidade, como dizia o avô do atual presidente do Banco Central, o ilustre Roberto Campos. A falta de endereçamento de reformas corroeram a credibilidade da trajetória fiscal, que por seu turno contribuiu para aumentar a depreciação da taxa de câmbio, já alta em meio a outros ruídos políticos.

Infelizmente, no primeiro semestre houve um pesado fluxo de pessoas físicas saindo da renda fixa em direção a renda variável, amargando perdas ao longo do ano com a piora do cenário. Neste requiem, as pessoas físicas acabaram vendendo ações em patamares extremamente convidativos para aplicar nas gordas taxas de juros de hoje.

Tragicamente, esse movimento de vender caro e comprar barato ocorre porque somos enganados pelo nosso cérebro a acreditar que o movimento recente tende a se repetir no futuro, o que a economia comportamental chama de viés da ancoragem. Apesar da expectativa da taxa de juros de subir apenas mais um pouco, e apesar da repetida frase de que “o dólar sempre sobe em anos eleitorais e a bolsa cai”, quando olhamos o histórico recente percebemos grande volatilidade, mas o fato é que nas últimas 7 eleições desde o Plano Real, 4 houveram valorização da bolsa e 3 não. Sendo assim, não ter alguma parcela do patrimônio em renda variável seria desperdiçar a oportunidade de surfar uma  bela onda quando a maré virar.

Tiago Roque
Diretor de Investimentos da Fundação de Previdência Complementar do Estado do Espírito Santo (Preves)

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