O calor intenso do verão facilita a desidratação de todo o organismo e afeta até nossos olhos. Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto isso explica porque nesta época do ano uma das mais frequentes causas de consultas oftalmológicas é a síndrome do olho seco. “A disfunção atinge 12% da população”, comenta. Não é pouco. São cerca de 25 milhões de brasileiros na proporção de três mulheres para cada homem.
17“Na mulher a oscilação ou queda dos estrogênios amenta a predisposição ao olho seco” observa. Isso porque, estes hormônios têm uma correlação com a produção do filme lacrimal que é formado por três camadas: aquosa, lipídica e proteica”. Qualquer alteração em uma dessas camadas, explica, provoca a síndrome do olho seco. Por isso, depois da menopausa a população feminina forma o principal grupo de risco para desenvolver a doença.. “Nem toda mulher desenvolve porque o distúrbio é multifatorial”, pontua.
Causas
O oftalmologista ressalta que o filme lacrimal tem a função de proteger e alimentar a superfície dos nossos olhos. “Hoje todas as faixas etárias estão expostas ao ressecamento da lágrima” afirma. A mais frequente causa ambiental do olho seco é o uso prolongado do computador, tablet ou celular. Dois estudos conduzidos por Queiroz Neto mostram que a fadiga visual e o ressecamento da lágrima atingem 75% das pessoas com até 40 anos de idade que permanecem por mais de duas horas olhando para uma tela eletrônica e 90% dos que têm idade superior Outra variável ambiental importante, observa, é o uso de lente de contato, principalmente do tipo gelatinosa que absorva mais lágrima que as rígidas.
No verão, ressalta, o hábito de tomar pouca água, permanecer muito tempo em ambientes com ar condicionado, tomar sol sem proteger os olhos e praticar atividades físicas em ambientes poluídos também facilitam a maior evaporação da lágrima. Os sintomas do olho seco elencados pelo médico são: vermelhidão, ardência, visão embaçada, coceira, e maior sensibilidade à luz. Se a síndrome não for tratada logo no início, adverte, a falta de lubrificação da superfície ocular pode causar na córnea cicatrizes, ceratite (inflamação) e agravamento do ceratocone, além de facilitar o aparecimento de conjuntivite e alergia.