Um levantamento do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) revelou que doenças oculares que poderiam ser tratadas (entre elas glaucoma congênito e catarata) são responsáveis por deixar 30 mil crianças cegas ou com baixa visão no Brasil.
O estudo chama atenção para a próxima terça-feira (10), o Dia Mundial da Saúde Ocular. Segundo o CBO, reverter esse quadro requer cuidado multidisciplinar, desde antes do nascimento até os primeiros anos de vida do bebê.
“A avaliação oftalmológica inicia logo nos primeiros dias de nascimento com o ‘teste do olhinho’ e segue com acompanhamento semestral até os 2 anos, e a partir daí anualmente”, afirma a oftalmologista Tania Schaefer.
Segundo a especialista, perceber alteração de visão em crianças em fase pré-escolar não é tarefa fácil e muitos problemas visuais podem passar despercebidos pelos pais.
“O importante é torná-los cientes de que a criança não nasce sabendo enxergar, ela vai aprendendo a enxergar. Cerca de 90% da visão se desenvolve até os 2 anos de vida e o restante ocorre até os 6-7 anos. O cérebro necessita de um estímulo visual perfeito para que o olho da criança aprenda a enxergar corretamente”.
Tânia destaca que problemas visuais podem ser confundidos com dificuldade cognitiva e interferem diretamente no processo de aprendizado de crianças e jovens. Estudos revelam que muitos estudantes enfrentam dificuldade de alfabetização, que na verdade são resultado de alguma dificuldade visual. Estima-se que 20% da população estudantil deveriam usar correções óticas e não o fazem por falta de oportunidade.
“A conscientização dos pais e pediatras é a melhor forma de prevenir a baixa de visão irreversível no adulto. Muitos pacientes chegam ao nosso consultório tardiamente e nada pode ser feito para recuperar o tempo perdido na sua formação visual”, explica o oftalmologista Arthur Schaefer, Secretário Geral da Associação Paranaense de Oftalmologia.