Muito se houve falar sobre doação de medula óssea para transplante entre doadores compatíveis. Mas sabia que existe uma outra alternativa em que as células do próprio pacientes são utilizadas? É o transplante autólogo que tem como função consolidar uma resposta do organismo já atingida com um tratamento prévio (quimioterapia).
No Espírito Santo, esse serviço de suporte é oferecido pelo Criobanco Medicina e Terapia Celular, e o procedimento é realizado no Hospital Santa Rita de Cássia, sendo possível realizar pelo SUS ou por convênios de planos de saúde. Somente no ano passado 30 pacientes foram submetidos ao processo, sendo que todos eles apresentaram bons resultados no tratamento de suas doenças. Desses, cerca de 65% foram atendidos pelo SUS. Já neste ano, foram nove pacientes submetidos ao procedimento que representa um marco no avanço local das terapias celulares, já que desde o final de 2008 os pacientes capixabas portadores de doenças que necessitam desse tipo de serviço não precisam mais viajar para fora do Espírito Santo em busca de tratamento público. Já são 62 transplantes realizados desde então com as células-tronco da medula da própria pessoa.
O médico hematologista do Criobanco, Edgard Nascimento, explica que alguns tipos de câncer são quimiossensíveis (sensíveis à quimioterapia), mas não são eliminados por doses convencionais dos quimioterápicos. “Necessitam muitas vezes de doses elevadas para serem eliminados e essas doses são, na maioria das vezes, letais para o paciente por destruírem sua medula óssea, incluindo suas células progenitoras (células-tronco). Além disso, em casos de recidiva da doença após o tratamento inicial, o transplante de medula óssea autólogo deve ser avaliado”, ressalta.
Ele explica que a indicação desse tratamento é analisada de acordo com o estágio da doença, idade e as condições do paciente. “São solicitados exames de avaliação para checar se ele está apto para o transplante. A intervenção pode ser feita até os 70 anos, sendo que o paciente não é considerado apto para transplante quando apresenta problemas pulmonares ou cardíacos graves. Além disso, o indivíduo deve estar, preferencialmente, com a doença controlada (em remissão)”, esclarece o médico.
Como é o transplante
Quando a dose celular é adequada, o paciente segue para o condicionamento. Se a dose não for adequada, é programado um novo procedimento de mobilização. O condicionamento é o uso de altas doses de quimioterapia para tratamento da doença hematológica. A partir de então, é realizado o transplante, restaurando as funções da medula e produção de células de forma a permitir a recuperação. O paciente permanece internado para tratamento de possíveis intercorrências, com internação prevista de 20 dias.
Saiba mais:
O que é medula óssea?
Qual a diferença entre medula óssea e medula espinhal?
O que é transplante de medula óssea?
Quais são os tipos de transplante?
Quando é necessário o transplante?
Transplante é garantia de cura?
Qual a taxa de mortalidade pelo transplante autólogo?
Existem complicações tardias?
Existe alguma possibilidade de haver rejeição?
O Espírito Santo oferece transplante entre doadores compatíveis?
No transplante autologo, a celula tronco do paciente recebe algum tipo de tratamento antes de ser reinfundido?
Pode acontecer da quimioterapia em altas doses não matar a doença totalmente?