Dólar Em alta
5,167
23 de abril de 2024
terça-feira, 23 de abril de 2024

Vitória
24ºC

Dólar Em alta
5,167

Tragédia na BR 101: motorista da carreta estava sob efeito de drogas

IMG-20170622-WA0031Um laudo pericial preliminar feito pela polícia civil apontou que o motorista da carreta envolvido no acidente no km 343, em Guarapari, no último dia 22, estava sob efeito da droga sintética Anfetamina, conhecida como “rebite”, para não dormir. Ainda segundo a perícia, Nadson Santos Silva, 30, era usuário de cocaína, mas não estava influenciado pelo entorpecente . A conclusão final deve acontecer em 20 dias.

De acordo com o perito toxicológico Rafael Bazzarella, foram colidas amostras de sangue e urina do motorista. A estimativa é de que ele tenha ingerido o “rebite” cerca de 30 minutos antes de iniciar a viagem. Entre 12h e 24h antes, fez uso da substância Benzoilecgonina, similar à cocaína.

IMG-20170703-WA0064“Essas amostras foram enviadas para o laboratório de toxic
ologia do Departamento Médico Legal (DML) de Vitória. Analisando ambas, encontramos três compostos que podem ter influenciado no acidente. Dois deles foram o Femproporex e Anfetamina (metabólico do primeiro), utilizado para emagrecimento e inibição do apetite, mas também muito usado por motoristas profissionais para reduzir o sono e ficar acordado por mais tempo no volante. Foi um uso recente e ele realmente estava sob efeito”.

Outro laudo preliminar apontou que o caminhão, adquirido como uma caçamba, foi modificado para uma carreta e sofreu alterações no chassi, com soldas para suportar a alta carga, que estava 11 kg acima do permitido. O veículo não tinha sistema de freio e estava com os pneus carecas. Aliando todos os fatores, tudo culminou para a tragédia.

Segundo o perito mecânico Marcus Bragança, não é possível afirmar que o caminhão estava em alta velocidade, uma vez que o tacógrafo foi recolhido pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). Mas há indícios de que sim, com base nas marcas de pneus deixadas na curva da BR-101 e no depoimento do motorista do ônibus da Águia Branca. A condição úmida da via também influenciou, uma vez que choveu momentos antes do acidente.

“Ele não tinha condições satisfatórias de uso. Estamos desmontado o caminhão inteiro, e constatamos má conservações dos freios. Boa parte não estava atuando ou não estavam satisfatórios. Os pneus estavam mau conservados e provavelmente nenhum  deles estourou. O que podemos afirmar é que o registrador de tacógrafo não estava registrado, nem tinha os selos necessários para tal. Levaremos numa empresa para aferir e ver o quão desregulado estava”.

Segundo o chefe da Delegacia de Delitos de Trânsito, Alberto Roque Peres, quatro vítimas sobreviventes do acidente foram ouvidas e representaram criminalmente contra o empresário Jacymar Pretti, 63, dono da Jamarle Transportes, responsável pela carreta. Outros sete pessoas, além dos passageiros da ambulância, também prestarão depoimento.

Segundo o delegado, o veículo não tinha Certificado de Segurança Veicular (CSV), aprovado em inspeção feita todos os anos pelo Departamento de Trânsito (Detran) e certificado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO).

Ainda de acordo com  Peres, o condutor não seguiu o Art. 10 da resolução 354/2010 do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN). Ele estabelece que o veículo ou combinação de veículos que transporta blocos de rochas ornamentais ou chapas serradas deve ser aprovado e certificado em curso específico na forma que dispõe. “Esse veículo e o motorista não estavam dentro dessas especificações. Ele tinha que ter um curso específico para esse tipo de transporte e o caminhão precisava estar nas especificações técnicas”.

Informou ainda que foi solicitado ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) a relação de funcionários e ex-empregados da transportadora, para encaminha-los a exame toxicológico e identificar se eles também fazia uso recorrente da droga. Eles também serão ouvidos pela polícia. O Ministério Público do Trabalho também foi solicitado para averiguar as condições de trabalho dessas pessoas.

“O Detran vai informar se todos os veículos cadastrados no CNPJ nas duas empresas dessa transportadora estão dentro das especificações, se tem certificados e se há motoristas condutores com a certificação indicada”.

Também está sendo investigada a origem da carga, que não tinha nota fiscal. O dono já foi identificado, está sendo ouvido e será responsabilizado pelo acidente. O empresário Jacymar Pretti chegou a ser preso, mas foi solto e responde em liberdade. Segundo o delegado, essas provas aumentam a responsabilidade criminal dos envolvidos. “Essa negligência e forma de trabalhar é recorrente e em total desprezo a vida humana”, afirmou.

Você por dentro

Receba nossas últimas notícias em primeira mão.

Escolha onde deseja receber nossas notícias em primeira mão e fique por dentro de tudo que está acontecendo!

Comentários
  1. Ainda há quem seja contra a obrigatoriedade do exame anti-drogas para motoristas. Quanto ao veículo estar sem sistema de freios, com pneus carecas e peso acima do limite (que, no texto, está errado. São 11 toneladas, e não 11 kg) o proprietário da empresa deve ser responsabilizado civil e criminalmente. Sua responsabilidade é ainda maior que a do motorista pois foi ele quem colocou nas mãos do motorista um veículo em precárias condições.
    Quem convive com o setor de transportes sabe que o motorista se expõe a riscos porque, se não o fizer, perde o emprego e o sustento.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Mais Lidas

Notícias Relacionadas