Não há toque de recolher na Paróquia Santa Teresa de Calcutá, território do Bem Maior. O que aconteceu foi que na noite de quarta feira, 25 de outubro, Felipe e Denis, dois jovens, morreram em um acidente de moto com um ônibus em Gurigica, na subida do Morro.
Ontem, quarta feira, alguns jovens do bairro, tomados pela comoção e tristeza do luto, para chamar a atenção e demonstrar respeito aos seus amigos, colocaram uma grande faixa preta na subida e determinaram o fechamento do pequeno comércio no morro e de algumas lojas na Leitão da Silva, onde trocaram tiros com um policial.
Os corpos de Denis e Filipe, Tonzim e 17, como eram chamados, estão sendo velados em uma pequena igreja neopentecostal, Batista Ellshadai, próximo ao mirante. Estive no velório até às 22hrs. Vi mais de uma centena de jovens, adolescentes, adultos e crianças ao redor dos caixões tomados de sincera tristeza e dor. Conheci uma criança linda, de dois anos, M. J, filha do Denis e, também dona Benedita, sua mãe, que chorava sobre o corpo sem vida do filho.
Fiquei com eles, rezei junto dos corpos por eles, seus familiares e amigos; consolei os jovens que frequentam as comunidades católicas e conversei com muitos sobre o que aconteceu.
Não senti nenhuma animosidade ou ódio nas pessoas, mas vi muitos jovens e adolescentes que nasceram e cresceram em meio à violência e a quem foi ensinado a agir, se expressar e se comunicar através dela. E foi isso que os jovens de Jaburu fizeram na manhã de ontem, como costuma acontecer nas periferias. Manifestaram seus sentimentos através da violência.
Agora, cabe à sociedade e ao poder público entender essa mensagem e agir de forma sensata e equilibrada. O que os moradores do Território do Bem precisam nesse momento é de respeito para velar seus mortos, curar suas feridas e que obra da Leitão da Silva seja concluída. Essa, sim, tem fechado muitos comércios – e não apenas por uma tarde -, causando incalculáveis prejuízos para os comerciantes e muitos transtornos para a população.
Que haja paz em Jaburu e no Território do Bem Maior.
Pe. Kelder José
