Tomara que eu não esteja enganado, mas vou considerar qualquer possibilidade de envolvimento de Jair Bolsonaro ou de seus seguidores no atentado de que o candidato a presidente esta semana.
Primeiro há que se ressaltar que o atentado poderia, de fato, ter sido fatal, o que torna remota a possibilidade de “armação doméstica”.
Tive a curiosidade de visitar o perfil do agressor no Facebook. Não tenho a menor dúvida de que retrata o comportamento de um psicopata – o que não é garantia de que seja ele próprio o autor de tantas sandices.
A própria invocação de que agiu por ordem de Deus, já dá a dimensão exata do estágio de fanatismo e insanidade do agressor.
Mas algumas coisas ainda precisam ser esclarecidas de forma cabal e contundentes.
E definitivamente não me refiro ao fato de Adélio Bispo de Oliveira ter sido filiado ao Psol por sete anos (e qualquer um que permaneça tanto tempo filiado ao Psol, de fato, merece uma investigação psiquiátrica), porque não acredito – intuitivamente, diga-se de passagem – em crime de mando.
Mas não há dúvidas de que confirmada a veracidade das imagens que mostram a faca utilizada para a tentativa de homicídio de Bolsonaro trocando três vezes de mão, é um forte indicador de uma conspiração, qualquer que seja a motivação.
Como advogado e mesmo antes disso, sempre defendi ardorosamente a tese de que todos são inocentes até que tenham culpa formada e provada, E ainda quando culpados, todos têm o direito à ampla defesa.
Mas é, no mínimo inusitado – sempre considerando como verdadeiras as informações divulgadas pelos meios de comunicação social – que um cidadão de poucos recursos financeiros, inegavelmente, já tenha a seu dispor uma equipe de quatro advogados. Caráter humanitário? Necessidade de projeção profissional? Ou…
Envelhecer tem trocentas desvantagens, a começar pelas dores nas articulações. Mas traz a inestimável vantagem de que a gente, em regra, se torna mais paciente, mais tolerante e menos impulsivo nos julgamentos.
Então, que os fatos sejam apurados com critério e honestidade, sem que se permita especulações levianas e infundadas, que servirão apenas aos interesses espúrios dos inimigos do povo e da democracia, sobretudo nesse processo eleitoral.
Um atentado contra um candidato a presidente (e que não é meu candidato) é um atentado contra a democracia e contra toda a sociedade brasileira.
Fruto da política de ódio e de enfrentamento disseminada, de forma particular, pelo próprio Jair Bolsonaro e pelo meliante Lula da Silva, o maior câncer da política brasileira em todos os tempos.
O que não significa que eu acredite no envolvimento do encarcerado na tentativa de homicídio de Bolsonaro. Mas seu discurso, dirigido sempre a fanáticos anencéfalos, a capaz de produzir efeitos dessa natureza.
Lula e Bolsonaro são vítimas de suas próprias inconsequências.
Mas a pacificação do Brasil, inadiável, começa pela rigorosa apuração dos fatos e punição exemplar do responsável ou responsáveis.
E que isso aconteça antes que o Supremo Tribunal Federal decida assumir o papel de protagonista também nesse episódio.
