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Terror e crítica social em ‘As Boas Maneiras’

Tudo começou com um sonho do codiretor Marco Dutra. Duas mulheres que vivem num lugar isolado e criam um bebê monstruoso. “Desde que começamos a trabalhar essa ideia, ficou claro que o bebê seria um lobisomem e o filme, de gênero”, esclarece a parceira de Dutra, Juliana Rojas. O filme estreou na quinta-feira, 7. Chama-se As Boas Maneiras. “Desde o começo ficou claro que a maternidade seria um tema essencial, como o afeto entre as duas mulheres”, acrescenta Dutra. Isso tem permitido que As Boas Maneiras tenha uma existência diferenciada dos demais filmes da dupla.

“É curioso, mas As Boas Maneiras tem circulado por festivais de gênero, de filmes de terror, mas também está tendo uma acolhida muito boa em eventos LGBTQ+. Nos EUA, o filme passou no Festival de Austin, que também acolhe blockbusters, filmes de um perfil mais comercial, e o público não fez distinção”, conta Dutra. Na França, onde estreou em março, o filme segue em cartaz. Na prestigiada Cahiers du Cinéma, teve direito a críticas elogiosas (uma página e meia, mais outra página e meias de entrevista com os diretores – três páginas no total).

Até dia 10, o Instituto Moreira Salles incorpora-se ao lançamento exibindo um filme escolhido pelos diretores – A Companhia dos Lobos, de Neil Jordan – e também Trabalhar Cansa, sua primeira codireção de longa. Juntos ou separadamente, Dutra e Juliana fizeram filmes que viraram obras de culto, como Quando Eu Era Vivo e Sinfonia da Necrópole, mas nada que se compare ao horror explícito de As Boas Maneiras, atualizando o mito do lobisomem. A coprodução com a França trouxe como contrapartida o acréscimo de técnicos e estúdios especializados na construção de efeitos. O visual não é só elaborado – o filme projeta uma São Paulo fantasmagórica como você talvez nunca tenha visto. Tem também um clima perturbador. A química entre as atrizes Isabél Zuaa e Marjorie Estiano intensifica a ousadia de certas cenas. Não é só uma questão de (homos) sexo. Tem também a tensão social. “Desde o início do projeto, já tínhamos essa ideia de uma coprotagonista negra para incrementar temas como racismo e discriminação social”, diz Juliana.

A atriz portuguesa Isabél Zuaa – de Joaquim, de Marcelo Gomes – oferece outra interpretação brilhante. Há controvérsia se o júri do Festival do Rio fez a coisa certa ao outorgar o Redentor para Grace Passô, por Praça Paris, de Lúcia Murat, no ano passado. Grace é boa – e o júri, soberano -, mas Isabél é melhor.

O próprio filme de Dutra e Juliana é melhor, mais ousado. Isabél, que veio de Lisboa para o lançamento do filme, anda feliz com sua carreira brasileira. Pelos filmes de Marcelo Gomes e, agora, de Dutra e Juliana.

“Fico aqui mais um mês para fazer um filme encomendado pela Bienal de São Paulo. Vai ser bem interessante”, explica. Sobre a personagem Clara, diz que ela vive o amor de diferentes formas. “Na primeira parte, é o amor carnal por Ana, que vai parir o bebê lobo. Depois, vai ser outro tipo de sentimento, que vai lhe permitir criar, como mãe, o filho da mulher que amou. Clara, ao aceitar o bebê monstro, precisa mudar de vida, precisa escondê-lo. É uma gama de emoções muito forte.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Luiz Carlos Merten
Estadao Conteudo
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