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Supercomputador ajudou F-1 a chegar ao carro de 2021

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LAS VEGAS, EUA (FOLHAPRESS) – Com a tecnologia disponível há uma década seria impossível chegar ao design da nova versão do carro da F-1, que estará nas pistas a partir de 2021.
A avaliação é do engenheiro Rob Smedley, um dos responsáveis pelo projeto. Ele foi companheiro de Felipe Massa por anos —trabalhou com o brasileiro na Ferrari e o acompanhou na ida para a Williams. Hoje, é consultor da Liberty Media, dona da F-1.
A ideia da organização foi fazer um carro que permitisse mais tempo com os pilotos próximos uns aos outros, não necessariamente em embates, mas com menos tempo entre a passagem de um e de outro em frente aos olhos do público.
A equipe precisava de um modelo capaz de maximizar a downforce (força aerodinâmica que empurra o carro para baixo e pode ajudar a ir mais rápido) e de minimizar o arrasto (força que oferece resistência, para trás).
“O problema é que, quando um carro está a um segundo de distância do outro, ele perde 30% de downforce. Quando está meio segundo atrás, a distância necessária para ultrapassar, perde 40%”, explica Smedley.
Na nova versão, a downforce cai 5% a um segundo de distância e 7% a meio. “A tecnologia nos permitiu ter um grau maior de precisão”, afirma o engenheiro.
Para isso, a F-1 usou um sistema chamado HPC, sigla em inglês para computação de alta performance –um supercomputador.
As equipes já usam HPCs para desenvolver seus carros há anos, mas versões menos potentes. O time que desenvolveu o veículo da regulação de 2021 se aproveitou de computação de nuvem para chegar a uma máquina melhor.
Na computação de nuvem, em vez de ter acesso físico ao computador, são usados equipamentos específicos (normalmente mais avançados) de empresas especializadas, pagando pelo uso. Ou seja, aluga-se o tempo de trabalho naquele computador, pela internet.
Essa modalidade de computação existe desde os anos 1990, mas passou a se popularizar depois de 2006. Desde então, as melhores nas capacidades de processamento de informação são constantes.
Segundo Peter DeSantis, vice-presidente de infraestrutura da AWS, uma das principais empresas do mundo nesse setor, o salto em desempenho foi de 20 vezes entre 2013 e 2019.
“Dado o custo, as pessoas tendem a manter um supercomputador por bastante tempo, mas ele tende a ficar lento com o passar dos anos porque fica velho”, explica DeSantis. Daí a diferença na potência ao se usar um sistema especializado, onde o equipamento físico é atualizado com maior frequência.
O HPC foi usado para fazer cálculos de fluidodinâmica computacional. O nome estranho se refere a um ramo da física que, com ajuda da informática, tenta simular como um fluído (tipo o ar) vai se comportar em dadas circunstâncias –contra o correr do carro, nesse caso.
Em miúdos, o computador faz uma série de cálculos extremamente complexos para tentar prever como o projeto de carro vai funcionar em termos de aerodinâmica.
Para atingir a melhora, o que o modelo novo faz é empurrar o ar que corta para cima do carro que vem na sequência em vez de fazê-lo diretamente para trás, contra o piloto que vem na sequência.
Além das mudanças no desenho do carro em si, particularmente nas asas, foram feitas alterações nas rodas para simplificar a aerodinâmica, diz a F-1.
A fluidodinâmica computacional já era usadas pelas equipes em seus supercomputadoers para desenvolver os carros há anos.
A diferença é que, nas simulações, cada time analisa a aerodinâmica dos seus próprios veículos. A F-1 precisou verificar o impacto da máquina de um piloto na do que vem atrás. Avaliar dois carros ao mesmo tempo torna o cálculo ainda mais complicado, explica Smedley.
Nos supercomputadores usados anteriormente, seriam necessários quatro dias de processamento a cada simulação. Jogando o trabalho pesado para a nuvem, são menos de oito horas.
A melhora é particularmente sensível dado que, no processo de desenvolvimento, são necessárias várias indas e vindas para ajustes até chegar ao modelo final. O novo carro da F-1 levou dois anos para ficar pronto.
Agora, Smedley diz esperar que as equipes tentem encontrar formas de dobrar essas regras na produção de seus carros, o que, no fim, deve fazer com que a queda na downforce retroceda. “Permitimos alguma liberdade”, diz Smedley.
Além das alterações no modelo do carro, a FIA passará, pela primeira vez, a limitar o valor gasto pelas equipes.
A partir de 2021, os times poderão gastar US$ 175 milhões (aproximadamente R$ 735 mi) por temporada.

*O jornalista viajou a convite da AWS

Autor: RAPHAEL HERNANDES*

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