Médicos e funcionários do Hospital Infantil de Vitória denunciaram falta de estrutura na unidade. Os relatos acontecem quatro dias após ESHOJE noticiar, pela segunda vez em menos de um mês, a superlotação no Pronto Socorro do Hospital Estadual Infantil e Maternidade de Vila Velha (Himaba).
Na segunda-feira (10), a reportagem também noticiou a paralisação de atendimentos no Hospital Estadual Antônio Bezerra de Faria, em Vila Velha, por falta de condições de trabalho. Segundo as denuncias, 60 pacientes aguardam por atendimento no Pronto Socorro, com três médicos para atender a demanda. A fila de espera chega a portaria.
Não há atendimento pediátrico e a falta de profissionais geram demanda de trabalho de 12 horas para os profissionais, que trabalham sobrecarregados. Um servidor, que preferiu não ser identificado, afirmou que o problema é do Governo. Segundo ele, há um acordo para que os hospitais atendam por região. Sendo assim, o Infantil receberia pacientes do norte do Estado. “A demanda é grande e o Himaba, por exemplo, não aceita todos os pacientes de sua região, que é o Sul. Estão mandando esses pacientes para o Hospital Infantil, mas não há estrutura para isso”, afirmou.
Na avaliação do mesmo denunciante, a solução é contratar novos profissionais, o que, segundo ele, não tem sido feito pelo Governo do Estado. “Não contratam novos profissionais e sucateiam para depois privatizar. E já pedimos outro hospital várias vezes, mas ele também será privatizado”, afirmou.
De acordo com presidente da Federação Nacional dos Médicos (FENAM), Otto Baptista, o caos está instalado no local. “Há sobrecarga de atendimento, número reduzido de médicos, ambiente insalubre e pacientes amontoados aguardando atendimento, dividindo macas e leitos no mesmo ambiente”, afirmou. Ainda segundo Batista, 80 crianças aguardam atendimento nos corredores, o que torna o local inviável para funcionamento. “O Hospital Infantil pede socorro”, afirmou.
A auxiliar de serviços gerais, Kislane da Silva, aguardava atendimento no Pronto Socorro para a filha desde as 7h. Por volta das 10h, ainda não tinha sido atendida. “Ela operou o intestino, está vomitando. Disseram que só há um pediatra atendendo”, relatou. Raquel Teodoro aguardava desde as 9h um neuropediatra para a filha, e foi atendida somente após as 11h. “Tem umas 30 pessoas esperando atendimento lá dentro”, disse.
Conforme vistoria realizada pelos diretores do Simes e Presidentes do Simes, CRM-ES e da AMES, junto ao corpo clínico da instituição, o Hospital Infantil de Vitória está em condições subhumanas. “Condições precárias de trabalho, pacientes amontoados, dividindo um único banheiro unissex – pais, pacientes com doenças respiratórias, doenças de pele, doenças contagiosas, médicos funcionários, todos usando apenas um banheiro -, pediatras tentando otimizar o tempo, atendendo dois pacientes no mesmo consultório, ao mesmo tempo. Essas condições expostas pelas entidades médicas são o reflexo de como os gestores se importam com a população e com seus profissionais, que arriscam suas vidas, de fato, diariamente, pelo serviço público de saúde”, afirmou o sindicato após a vistoria.
Secretaria de Estado de Saúde
Por meio de nota, A Secretaria de Estado de Saúde (SESA) informou que vai disponibilizar 21 leitos de retaguarda no Hospital Estadual Infantil e Maternidade de Vila Velha e no Hospital Estadual Dório Silva, na Serra. O primeiro atendimento será para pacientes do Hospital Estadual Infantil de Vitória e em caso de internação, ele serão referenciados para as unidades citadas.
A Secretaria informou ainda que está com processo seletivo para médicos em aberto, mas até o momento está com baixa adesão por parte dos profissionais.
