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Saúde de João Neiva está em coma

por Wéverton Campos – [email protected]

O município de João Neiva, norte do Espírito Santo, foi apontado como o terceiro mais desenvolvido do estado, atrás somente de Vitória e Vila Velha, em um recente relatório divulgado pela ONU (Organização das Nações Unidas) que mede o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) das cidades brasileiras. Entretanto, o índice de 0,753% no IDH poderia não ser mais o mesmo se fosse medido nos dias de hoje. Isso porque a qualidade de vida no município, que sempre foi motivo de orgulho para os moradores, vem deixando a desejar nos últimos 14 meses, principalmente no que diz respeito à saúde.
A insatisfação popular se agravou a partir da reestruturação administrativa da cidade, que resultou no fechamento da Agência Municipal de Atendimento (AMA) para o público. A AMA concentrava as demandas de consultas e exames em João Neiva. Agora, ela é restrita a um número menor de funcionários que não estariam dando conta do trabalho ou seriam incapacitados para a função, segundo informações dos moradores.
“Eu faço tratamento de tireoide e o médico quer me ver de três em três meses, mas eu não consigo cumprir esse prazo. Eu solicitei exames de sangue em outubro de 2013 e só consegui em janeiro. Tem demorado de quatro a cinco meses e uns chegam a demorar até seis meses. E são exames simples como hemogramas. Antes eu ia em uma semana e na outra meu exame costumava já estar saindo. Isso quando a AMA era aberta ao público e tinha muita gente trabalhando”, desabafou a moradora Maria Izabel Cibien, 62.
Cibien não é a única a reclamar. A dona de casa Dalva Ferreira, 36, espera há três meses a marcação de exames da filha, que tem 13 anos de idade. “Espero até hoje a marcação de 14 tipos de exame de sangue da minha filha que sentia tonteiras e dores no corpo. Se fosse alguma coisa mais grave, a gente nem iria saber, pois até hoje não consegui retorno. Meu marido também espera há três meses para realizar um eletrocardiograma e então poder marcar uma pequena cirurgia, mas até agora nada”, contou Ferreira.
A também dona de casa Gelsa Maria Alves, 48, relatou que faz um tratamento de nódulo hepático no fígado e que tem encontrado dificuldades para se consultar com o médico no período adequado, devido à demora para realização dos exames necessários: hemograma e ultrassonografia. “Era para eu fazer os exames de sangue em outubro de 2013, mas só consegui em novembro. Agora a consulta no Hospital Santa Casa de Misericórdia (Vitória) é só dia 13 de março”.
Informatização para acabar com espera
Para discutir a situação da saúde, a Câmara Municipal de João Neiva convocou uma reunião com o prefeito Romero, o secretário de Saúde e as coordenadoras do Programa de Saúde da Família (PSF) no último dia 04 de fevereiro. “Tivemos uma reunião das 07h às 11h10. Todos os vereadores foram muito firmes com ele porque queremos atitude do governo municipal”, afirmou o presidente da Câmara, vereador Elio Campagnaro (PSC).
O secretário municipal, Walcemir Barbosa Aleluia, afirmou que o município está investindo cerca de 25% dos recursos na área da saúde e que o mesmo possui quatro ambulâncias para atender a população, sendo que duas delas ficam disponíveis 24 horas por dia e uma outra estaria em fase final de compra. Ele ainda prometeu que nos próximos 60 dias a situação da demora da marcação de exames e consultas deve ser normalizada com a informatização do sistema.
“Há uma demanda muito grande de exames e consultas gerada no fim do ano passado e que foi somada a uma outra que já existia anteriormente. Precisamos fazer uma análise para saber por que esta demanda está aumentando tanto e isso inclui investigar se alguns médicos estão pedindo exames demais e que estejam acima da necessidade real”, pontuou o secretário.
Carona por falta de ambulâncias
Segundo os vereadores, os motivos do caos na saúde do município são vários: inexperiência política do prefeito, falta de equipe capacitada e salários defasados. A Câmara acredita que Figueiredo estaria se limitando aos recursos do Estado e não investindo dinheiro próprio da prefeitura para custear os gastos com a saúde.
O Legislativo garante que o Executivo municipal tem cerca de R$ 5 milhões em caixa proveniente dos royalties de petróleo e que a verba está depositada, não sendo investida em infraestrutura como determina a lei.
“A espera chega há seis meses. As pessoas estão sem atendimento. Existe um atendimento primário nas unidades da saúde, mas quando é necessário fazer exames ou ir para Vitória, se consultar com um especialista, o processo para, podendo até mesmo agravar doenças. Existem também problemas de atendimento. Os moradores têm reclamado da recepção mal feita dos servidores, da falta de remédios na Farmácia Básica e de algumas unidades de saúde que estariam fechando antes do horário administrativo” disse o vereador Otávio Abreu Xavier Júnior (PV).
O presidente da Câmara Municipal de João Neiva, Elio Campagnaro (PSC), relatou que tem sido constante a necessidade de transportar pacientes em carros particulares, por falta de ambulâncias.
O prefeito Romero Gobbo Figueiredo negou que os exames estejam demorando até seis meses. “A informação não procede. Devido à grande demanda de alguns exames pode acontecer algum atraso mínimo, o que é normal”, disse. O petista disse também que uma nova Unidade de Saúde (US) está sendo construída, em convênio com o Governo do Estado.

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