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Risco de piora do cenário político comprometer reformas faz juros subirem

Inseridos no contexto de piora generalizada dos mercados domésticos à tarde, os juros ampliaram a alta que já predominava desde manhã e renovaram máximas na reta final da sessão regular desta quinta-feira, 16. O alerta da Vale sobre o risco de rompimento de mais uma barragem, aparentemente, foi o estopim do movimento, mas, no caso da renda fixa o mercado aproveitou para ampliar sua postura defensiva ante a deterioração do risco político.

O dólar renovou máximas até R$ 4,0416 e levou os juros a buscarem novos patamares nos principais vencimentos e não somente os longos, que são os que normalmente mais se ressentem da piora do risco político. Ainda que em menor intensidade, a ponta curta também subiu, diante do risco das incertezas inviabilizarem a possibilidade de afrouxamento monetário no curto prazo. De todo modo, as taxas longas encerraram a sessão regular com avanço de cerca de 10 pontos-base. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2020 subiu de 6,395% para 6,4360% e a do DI para janeiro de 2021, em 6,92%, de 6,841%. A taxa do DI para janeiro de 2023 terminou em 8,12% (máxima), de 8,002%, e a do DI para janeiro de 2025 fechou a 8,72%, ante 8,61%.

“É a sequência de eventos negativos para o governo, como os protestos, a forma desastrada com que estão lidando com isso, entre outros assuntos, o que tem abalando a confiança do mercado”, disse o estrategista-chefe da CA Indosuez Brasil, Vladimir Caramaschi.

Nos últimos dias, esta sequência reduziu a expectativa do mercado em relação à aprovação da reforma da Previdência ainda este ano e de um texto com uma potência fiscal acima de R$ 700 bilhões para ter efeito nas contas públicas.

As agências de classificação de risco, por sua vez, já vão dando seus alertas sobre a urgência das reformas e demonstrando preocupação com a fraqueza da economia, que pode ameaçar as notas de crédito do País. O diretor executivo da Fitch Ratings para Brasil e Cone Sul, Rafael Guedes, afirmou que a Previdência, sozinha, não vai resolver os problemas do País. “Sem crescimento, o perfil de risco do Brasil vai continuar sendo muito fraco “, afirmou. Já o chefe de análise de risco soberano da Moody’s para a América Latina, Mauro Leos, disse em entrevista ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, que a aprovação da reforma não significa um carimbo no passaporte para o crescimento do PIB. A relação inversa, no entanto – a de que, sem reforma, haverá impacto na economia – pode ser verdadeira.

Na política, além de possíveis consequências da questão envolvendo o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, o mercado vê com preocupação a maneira como o governo tem tratado as manifestações de quarta. Apesar da alta temperatura interna, o presidente Jair Bolsonaro, nos Estados Unidos, recebia, nesta tarde, o prêmio personalidade do ano da Câmara de Comércio Brasil-EUA. Pouco antes do evento, afirmou que “o que foi feito no Brasil ontem é uma passeata ‘Lula Livre'”.

“A boa capacidade de mobilização dos estudantes é algo que o governo não devia ter subestimado, e com um novo protesto sendo organizado pela UNE (União Nacional dos Estudantes) para o dia 30 deste mês, o governo deve se mobilizar para que ele não tome as mesmas proporções”, diz a Guide, em relatório.

Denise Abarca
Estadao Conteudo
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