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Renato Casagrande: “Confio no tempo da política”

Candidato natural à reeleição, o governador Renato Casagrande (PSB) mostra que vai seguir na mesma linha que em 2010, quando, de maneira reservada e silenciosa, trabalhou sua eleição. Sua postura mudou o quadro desenhado naquela época, em que uma chapa encabeçada por Ricardo Ferraço (PMDB) – na época vice-governador – já havia sido montada, mas que perdeu o apoio do então governador, Paulo Hartung (PMDB), que anunciou que o seu candidato seria Casagrande e Ferraço concorreria ao Senado Federal.Em entrevista exclusiva ao ESHOJE, na residência oficial do Governo do Estado, em Vila Velha, o chefe do Executivo estadual se mostrou candidato, mas não confirmou. Disse que não é o momento e que confia no tempo da política. “Estou vendo antecipação no debate (…) Não posso impedir que lideranças se movimentem, mas eu confio no tempo da política, mas o tempo é de cada um. Eu tenho, agora, uma tarefa, que é exercer o mandato e não posso vacilar”.

Ainda na entrevista, Renato Casagrande falou de seu governo e reconheceu que governar é mais difícil do que esperava.

ESHOJE – Governador, começando a segunda metade de seu mandato, até agora tem sido como você imaginou?

Renato Casagrande – Tem sido uma surpresa, porque foram dois anos muito difíceis, mas eu já sábia que seriam dois anos difíceis, uma vez que quando eu assumi o governo já estava na política, era senador da República. Nossa maior dificuldade foi conciliar uma agenda negativa nacional com as nossas ações aqui no Estado, então nós sabíamos que íamos enfrentar dificuldades. Pra falar verdade, as dificuldades estão sendo até mais amplas, maiores do que eu imaginava inicialmente. Mas sabia que enfrentaria a redução de receita por decisão do Congresso Nacional, e sabia também que eu tinha que fazer uma agenda muito forte aqui no estado para contrapor essa agenda negativa do Congresso e do Governo Federal. Então isso fez com que eu pudesse me desdobrar, andar mais, visitar mais os municípios, conversar e me reunir mais com as pessoas para manter o ambiente de motivação e de ânimo em relação ao nosso estado.
Terminei a primeira metade do mandato com muitas realizações, com o estado preparado para enfrentar essas dificuldades. Ajustei a minha embarcação e estou navegando com segurança, e essa segurança é para a população capixaba. Se nós estamos perdendo receita no estado, tivemos a capacidade, nesses dois anos, de controlarmos o gasto por custeio, de acompanharmos bem e qualificarmos o gasto com pessoal, mas fomos buscar recursos que têm permitido, em uma hora de instabilidade e de turbulência. Dobrarmos a capacidade de investimento do estado. O estado sai, no final de 2010, já com grande feito, que foi ter chegado ao investimento de R$ 1 bilhão. Faço, nesse ano de 2013, R$ 2 bilhões de investimento.

A área da economia foi, de fato, complicada, mas saúde e segurança foram grandes problemas nos últimos anos…

Eu acho que são diversos pontos de muita preocupação nossa, esse ponto nacional é um importante porque ele afeta o dia a dia da máquina pública. Se a gente não tiver um equilíbrio fiscal, um controle rigoroso e um gasto e investimento qualificado, nós correríamos o risco de desorganizar o estado. Então essa é uma premissa para que a gente possa ter o investimento que estamos tendo hoje em áreas desafiadoras no Espirito Santo, como a saúde, por exemplo. Acabamos de inaugurar o Hospital Jayme Santos Neves, com 424 leitos. Vamos inaugurar no segundo semestre o Hospital São Lucas. Estamos inaugurando também outros hospitais do estado, ampliamos as parcerias com as unidades filantrópicas. Estamos agora fazendo parceria com os municípios para ajuda-los e apoiá-los na atenção primária.
Então o conjunto de despesa na saúde, o conjunto de despesa na segurança, tudo isso só é possível com uma máquina organizada. Mas esses assuntos – saúde, segurança – são desafios do Brasil. A gente acompanha através dos meios de comunicação, que nos trazem as informações e a ansiedade e a angústia que é controlar a violência no Brasil todo, a dificuldade que é prestar o serviço adequado na área de saúde. E vai continuar sendo permanentemente um desafio. Tenho certeza que vamos chegar agora no final da segunda metade do governo com resultados muito significativos para a população capixaba. E nós já estamos tendo na segurança pública, por exemplo: saímos, de 2009 para 2010, de 2034 homicídios para 1660. Não tem nada para se comemorar, como eu digo sempre para os meus operadores de segurança pública porque os índices são muito altos. Mas mostra que nós estamos caminhando na direção correta, estamos fazendo um grande histórico que investimento na segurança pública, contratando policiais, investindo em tecnologia, equipamento, treinamento, em inteligência de polícia, estruturando no estado todo a Policia Civil e a Polícia Militar.

Quando o senhor assumiu o governo, quantos leitos o estado ofertava? E mesmo com a inauguração do novo hospital, qual é a realidade de hoje?

O Conselho Regional de Medicina (CRM) fez essa avaliação, e nesses anos passados nós tivemos fechamento de leitos. Nos últimos anos nós começamos a reabrir. E nos dois primeiros anos do meu governo nós abrimos 157 leitos, intensivos e clínicos, adaptando nossos hospitais públicos. E vamos abrir agora mais 50 leitos, vamos chegar a 207 leitos, mais os 424 leitos nós chegaremos próximos a 700 leitos abertos até agora. Vamos ainda inaugurar o São Lucas mais 250 leitos e vamos fazer outras ampliações de hospitais nossos distribuídos no estado. Então no meu governo nós chegaremos a mil leitos abertos em todo estado. E leitos públicos, sem contabilizar as parcerias com as unidades filantrópicas, que nós ampliamos, e a compra de leitos privados. Pois nós trabalhamos os três pilares: leitos públicos, filantrópicos e privados.
Mas mesmo assim tem dia que não se consegue encontrar leitos, então eu, sinceramente, espero que com esse investimento na saúde a gente consiga aliviar, qualificar, melhorar o atendimento da população no sistema único de saúde.

Na segurança, pretende fazer alteração?

Não! Nós temos 1600 policiais novos, e vamos contratar agora em 2013 aproximadamente 1400 novos policiais e vamos contratar mais em 2014. Nós estamos trabalhando dentro segurança pública no programa Governo Presente a recomposição de efetivos, que precisam ser ampliados, leva-se um ano para contratar e treinar um policial, principalmente o militar. Então demora a contratar e colocar para trabalhar, mas estamos recompondo esse tipo de polícia.
Nós só tínhamos plantão de Polícia Civil 24 horas na Grande Vitória, hoje nós temos plantão em todas as microrregiões do estado. Compramos 850 novas viaturas de maior porte para dar presença e maior percepção à polícia, estamos colocando computadores em todas as viaturas, smartphone para os policiais se comunicarem com a central de informação. Nós estamos fazendo investimento da estrutura física da delegacia e de companhias de Polícia Militar, companhias, de batalhões e pelotões. Estamos implantando nos municípios unidades integradas de polícia.
Então é um conjunto grande de investimento na operação policial e ao mesmo tempo nós temos nas áreas do Estado Presente diversas ações de proteção social. Todas as nossas secretarias precisam ter em cada região uma programação específica para aquela região. Programas na área de saúde, educação, esporte, cultura, desenvolvimento urbano, então cada secretaria tem a programação do estado, mas tem que ter a programação específica para as regiões do Estado Presente, são 30 regiões.
Esse trabalho de proteção social e policial, eu tenho plena convicção de que está produzindo resultado e percepção de segurança para a população capixaba. Mas é uma tarefa muito difícil, porque nós trabalhamos com diversas causas da criminalidade. A droga é principal, sim. E uma pessoa dependente furta, rouba, mata, perde todos os valores. Sabemos que esse não é um assunto fácil.

Existe previsão para alterar o seu secretariado?

Não. Eu sempre disse que não teria reforma de secretariado. As mudanças que eu estou fazendo são pontuais, como no caso da saída do Alcio (de Araújo) e entrada do Aminthas (Loureiro Junior) na secretaria de Gestão, por exemplo. Minha equipe está conseguindo executar o orçamento, organizada, entrosada, não vou fazer mudanças só por questão política. Faço por questão administrativa, quando eu acho que não está dando o resultado esperado. Após as eleições, um ou outro caso de pessoas que poderão vir a dar contribuição, mas nada que seja amplo.

O senhor é candidato a reeleição?

Olha, essa pergunta é muito direta que não tem uma resposta direta. Porque qualquer projeto não depende de uma pessoa, nós vamos tratar de assunto e avaliar esse assunto de fato só em 2014, sinceramente. Concretamente, só em 2014. Estou vendo uma antecipação do processo eleitoral, já estou vendo também um debate no estado, e nós não vamos fazer essa antecipação. Então nós só iremos fazer essa avaliação, que depende de resultados do governo, da conjuntura política e outras variáveis, que só teremos condições de avaliáveis em abril/maio de 2014.

Então 2014 só se conversa em 2014?

Minha preferencia é essa, os partidos políticos têm uma tarefa esse ano, que é instruir a gente, buscar compor chapa de deputado estadual e federal, atrair os partidos, isso é tarefa dos partidos, não é minha tarefa como governador. Minha tarefa é conduzir o governo. Esse ano é um ano cheio, completo, que precisa ser aproveitado ao máximo na questão administrativa, porque como tem eleição de dois em dois anos no país, você acaba se envolvendo para administrar a sua base aliada em um ano de eleição municipal, como tive que me envolver discutindo e mantendo o equilíbrio das lideranças. Esse ano não tem eleição, então eu preciso produzir cada vez mais resultado para a população capixaba.

Outras lideranças políticas já têm se movimentado este ano… O senhor não acha que deixando para discutir eleições somente em 2014 poderá se prejudicar lá na frente?

Eu não posso impedir que as lideranças se movimentem. Nós estamos numa democracia e é natural que quem quer se movimentar com tanta antecedência possa se movimentar. Eu confio no tempo da política. Quem se movimenta com muita antecedência acaba correndo o risco de errar o alvo e quem demora muito para se movimentar também corre o risco de ter perdido o tempo, o time da movimentação. Existe um tempo, mas o tempo é de cada um. Eu tenho uma tarefa que é governar o Estado, e não posso usar meu tempo num ano que não tem eleição para discutir eleição porque tenho que cumprir as tarefas delegadas pela população do mandato que eu estou exercendo. Estou cumprindo mandato e não posso vacilar naquilo que tenho que implementar, na parceira com os municípios numa hora de dificuldade como esta que estamos passando, nos assuntos que estamos discutindo lá em Brasília.

O senhor acha que os movimentos de Eduardo Campos, governador de Pernambuco e presidente nacional do seu partido têm feito podem atrapalhar a aliança com o PT aqui no ES?

A eleição nacional nós não temos controle sobre ela. Sou membro da direção nacional, tem pessoas que são componentes da direção nacional do PT, do PMBD e do PDT também, mas nós temos uma limitação na definição. A eleição nacional se decide por fatores que não estão sobre o nosso controle. Nós, aqui, temos uma responsabilidade: tentar manter uma aliança, independente de quem vai ser candidato, para que continuemos enfrentando os desafios que temos enfrentado. Se foi importante organizar essa ampla base para reorganizar o estado e fazer um enfrentamento com o crime organizado, mais do que nunca é importante a gente ter essa unidade para enfrentar o debate nacional e resolvermos os desafios para o ES, inserindo o estado no cenário nacional e no cenário internacional. Nós, os partidos políticos que compusemos essa aliança que veio reconstruindo este estado, em 2002, 2006, 2010, sempre soubemos separar os projetos de cada partido no âmbito nacional e o nosso projeto unitário aqui no ES. Essa é uma reflexão que as lideranças que têm conduzido o processo precisam fazer, e eu vou fazer com cada uma em 2014.

Como vai sua relação com o ex-governador Paulo Hartung? Houve algum momento de mais afastamento?

Não. A eleição municipal, Paulo Hartung foi e eu não fui. É natural que as pessoas fiquem aí especulando que tivesse havido um afastamento. Não houve afastamento e estamos dialogando permanentemente. Temos objetivos e interesses comuns na política que estamos implementando no estado do ES. Então a relação é boa e de diálogo permanente.

E com o senador Magno Malta?

Minha relação com ele também é boa. Magno que tem viajado muito e está muito em Brasília, as conversas são menos frequentes, mas de minha parte as relações são boas.

E com o presidente do Tribunal de Justiça?

Também é boa. Temos uma relação institucional muito produtiva com o desembargador Pedro Valls Feu Rosa. Temos conseguido implementar ações junto o poder Executivo e Judiciário e temos feito reuniões nos dois poderes com ajuda administrativa. Essa área de segurança pública mesmo, se não tiver o poder Judiciário junto, não tem resultado. Então a relação tem sido produtiva, assim posso dizer.

Sua relação com a presidente Dilma, como está?

É boa também. Nós temos muitas pendencias com o governo federal ainda. Veja que nós avançamos um pouco no porto que está recebendo investimentos que é nosso maior gargalo, mas temos ainda, investimentos de infraestrutura pendentes, como BR 101, BR 262, aeroporto, agora que parece que começa num nível de organização para que a gente possa retomar as obras daqui alguns meses, porque o consórcio está retomando a elaboração do processo e depois poderá, talvez, fazer a obra. A relação é boa e estamos conseguindo recursos de financiamento e recurso do orçamento através do programa de aceleração do crescimento, ampliamos a participação do governo estadual no orçamento do governo federal nesses dois anos, e temos continuar dialogando com ela para que, estes investimentos em infraestrutura possam de fato acontecer.

O senhor identifica outro nome além do senhor com potencial para disputar o governo do estado?

Eu acho que o estado tem diversas lideranças. Muitas lideranças com potencial para, se assim desejarem, serem candidatos a qualquer cargo. Não me cabe citar, mas o estado está renovando suas lideranças.

Governador como vai ser essa relação com os deputados ante eleição no Tribunal de Contas? De que maneira o senhor vai participar disso?

Não vou apenas assistir porque os deputados vêm que conversar comigo. O protagonista é a Assembleia e não do governo. A vaga é da Assembleia. Eu posso refletir e ajudar, não sei de que maneira pois não chegou ainda o assunto.

Não procuraram o senhor ainda?

Não. Todos os candidatos da Assembleia já me procuraram e meu conselho tem sido “Esperem”. Qualquer movimentação antes da hora pode ser precipitada. Vou ajudar na reflexão. Vamos avaliar o que é melhor para o estado e para o Tribunal.

Para manter a governabilidade, o que é fundamental?

O fundamental é você não impor nenhum nome. Tem que administrar um pouco da vontade do parlamento. Eu já fui parlamentar e sei como o parlamento funciona. Tenho tido apoio de todos os deputados. Todas as nossas matérias tem sido aprovadas na assembleia legislativa. É natural que haja crítica e a crítica quando bem feita e de boa fé, ajuda a administração pública.
Por Danih Coutinho

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