A decisão da Primeira Vara Federal determinando a interdição das atividades da Vale e da Arcelor Mittal é para ser comemorada como um gol de placa.
Mas é também um momento para profundas reflexões.
É estarrecedora a informação divulgada pelo jornalista Leonel Ximenes, de A Gazeta, de que o Instituto Estadual do Meio Ambiente e a Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente funcionam num prédio cedido pela Vale ao Estado em 2009.
Isso por si só nem é motivo para justificar a omissão das autoridades governamentais capixabas diante, primeiro, do maior desastre ambiental da história republicana, envolvendo a Samarco Mineradora – da qual a Vale é uma das controladoras – e logo em seguida, dos estragos feitos pelo pó preto despejado na Grande Vitória pelo Porto de Tubarão.
Foi preciso a intervenção federal na situação para que a população capixaba se sentisse respeitada em seu direito mais básico: o de respirar ar puro.
Mesmo a Prefeitura Municipal de Vitória, que aplicou multa de R$ 34 milhões, só entrou no palco depois de consumada a intervenção. Pegou carona no inevitável.
Quem acompanhou as redes sociais nos últimos 30 dias teve a oportunidade de ver postagens com fotos mostrando a situação degradante imposta pela Vale e pela Arcelor Mittal às populações de Vitória e de Vila Velha, de forma mais acachapante.
Ainda em recuperação e com acesso ainda menos frequente aos veículos de comunicação social, tenho certeza de ter lido ou ouvido a notícia de que o Iema não iria se manifestar sobre a interdição das operações no Porto de Tubarão.
Isso é o supra-sumo da omissão e da covardia. Ou do comprometimento.
Toda a sociedade capixaba esparava que o governo do Estado saísse de sua zona de conforto para vir em defesa da ação perpetrada pela Polícia Federal.
O que se viu, no entanto, foi o Iema se manifestar para anunciar que não iria se manifestar sobre o assunto.
As grandes empresas descobriram, há tempos, que é mais barato gastar dinheiro em financiamento de campanhas eleitorais do que em adoção de medidas para melhorar a qualidade ambiental.
Quem tem rabo preso nessa história?
