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Protocolo Fantasma prende supostos líderes de novo motim na PMES

Protocolo FantasmaQuatro pessoas, apontadas pelo Ministério Público Estadual (MPES) como “cabeças” de um movimento que impede o retorno pleno das atividades da Polícia Militar (PMES) às ruas do Espírito Santo. A PMES ficou de greve por 22 dias – entre 3 e 25 de fevereiro -, tendo familiares dos policiais fechando o Quartel de Maruípe, as companhias e batalhões de todo território capixaba.

Após acordo que deu fim a paralisação, teoricamente, os mais de 9 mil policiais teriam voltado aos seus postos de trabalho. Contudo, segundo investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPES, o retorno está sendo impedido por Ângela Souza Santos (esposa de militar), Walter Matias Lopes (policial da reserva), Leonardo Fernandes Nascimento (PMES da ativa lotado no 1ºBPM) e Cláudia Gonçalves Bispo (mãe de militar). E eles estariam coordenando um plano de novo motim.

Todos são investigados pela prática, em tese, dos delitos de associação criminosa (art. 288 do CPB), atentado contra a segurança de serviço de utilidade pública (art. 265 do CPB), apologia de fato criminoso (art. 287, CPB e 156, do CPM), motim/revolta (art. 149 do CPM), ameaças a autoridades (art. 147), dentre outros. Eles prestaram depoimento na sede do Gaeco e depois foram encaminhados para o Quartel do Comando Geral da Polícia Militar (QCG), em Maruípe, Vitória. A operação Protocolo Fantasma foi realizada nesta segunda-feira (20) pelo Gaeco, com o apoio da Polícia Militar do Espírito Santo (PMES), por meio de sua Corregedoria, e da Força de Segurança Nacional.

Segundo o MPES, foram cumpridos quatro mandados de prisão preventiva (que não tem prazo e pode ser mantida enquanto houver motivo para a manutenção), 23 mandados de busca e apreensão e 17 notificações para depoimento, expedidos pelo Juízo da 4ª Vara Criminal de Vitória e tendo como alvos policiais militares, familiares de policiais e representantes de associações classistas. A operação, segundo o órgão ministerial, não interfere no acordo feito na madrugada do dia 25 de fevereiro, que deu fim a paralisação, e nem questiona as reivindicações do militares por melhores condições de trabalho e salarial.

A prisão de Angela, Claudia, Walter e Leonardo foi determinada pela juíza Gisele Souza de Oliveira, sustentando que no período em que a PMES parou “a sociedade capixaba ficou abandonada à própria sorte, com seus cidadãos trancafiados em suas residências, impedidos, pela onda de violência, de exercer o direito constitucional de ir e vir. Tratou-se de situação até então nunca experimentada, naquela dimensão, pela sociedade capixaba”.

claudia e angela presasGAECO garante ter prendido líder de motim
Escutas telefônicas teriam descoberto um plano para nova paralisação da PMES, com a saída das forças federais do território capixaba. Em um trecho das conversas interceptadas e lançadas à petição, uma das pessoas investigadas, em uma ligação datada de 16 de março, sustenta já ter passado nos batalhões, alegando, ainda, que os policiais estariam de acordo em fechar as unidades. Segundo os autos, a pessoa que dizia já ter acertado tudo com a polícia seria uma das líderes do movimento paredista.

Além de afirmar já ter articulado com os batalhões para o inicio das possíveis paralisações, a pessoa suspeita de liderar o movimento também alegou que precisaria de mais mulheres nas ações de obstrução das unidades policiais. Ainda de acordo com o processo, uma reunião aconteceria na casa da investigada, para acertos acerca da atuação do grupo.

Já em outra parte da conversa, a líder do movimento assumiu que, durante protesto realizado na quinta-feira (16/03), a atuação do grupo teria atrapalhado o trânsito no entorno da Praça Costa Pereira, no Centro de Vitória. Para o MPES, os relatórios de transcrição das conversas, juntados à petição protocolada na 4ª Vara Criminal, são a chave para descobrir de que maneira a suposta organização funciona.

À imprensa, dentro da sede do Gaeco, em Vila Velha, antes de prestarem depoimento e serem levadas ao QCG de Maruípe, Angela e Claudia disseram não compreender o motivo de terem sido presas e que estão sendo tratadas como bandidas, mesmo tendo lutado pelos direitos de seus familiares policiais e de melhorias na segurança dos capixabas. “Na minha casa chegaram seis horas da manhã, pularam muro e fizeram como se estivessem entrando na casa de bandido. Me senti como bandida! Confiscaram tudo, até o celulares dos meus filhos pequenos, que são menores. Tudo o que eles puderam, levaram, bagunçaram tudo”, disse Cláudia.

Elas acreditam que a operação se trata de jogada política. “Me responde qual foi o crime que eu cometi ao me manifestar?” indagou Cláudia. Ângela completou: “a população agora vai ver o que vai acontecer. Não tem policiais na rua. Que polícia que tem? Tem pra nós”.

O nome da operação, “Protocolo Fantasma”, foi sugerido pela Corregedoria da PM, e faz referência a um dos filmes da série “Missão Impossível”, em que uma equipe investiga para tentar limpar o nome da instituição em que trabalha.

Repercussão
A operação Protocolo Fantasma foi comentada pelos deputados estaduais, durante sessão ordinária na Assembleia Legislativa, este segunda. Segundo Sergio Majeski (PSDB), está claro que trata-se de uma ação política do governador capixaba. “Paulo Hartung, o imperador, está fazendo isso para mostrar “olha com quem vocês mexeram”. Não é correta a prisão de mulheres parentes de PMES. Não concordo com o protesto e os efeitos que causaram ao Estado, mas isso é uma clara atitude política”, avaliou.

O também militar, deputado Josias Da Vitória, revelou ainda ter receio de “perseguições” de policiais. “Ainda continuam sequelas em relação ao fato acontecido no Espírito Santo”, ponderou. O deputado Enivaldo dos Anjos (PSD) reforçou o coro dos colegas e classificou como exagero a prisão de familiares. “Se a pessoa tem residência fixa, não ameaça a sociedade, para quê prender?”, perguntou.

Sergio Majeski (PSDB) e Da Vitória (PDT) questionaram a maneira como os mandados de busca e apreensão foram conduzidos. Segundo eles, nesse caso, a lei manda que as ordens sejam cumpridas por policiais civis e oficiais de justiça, em vez de policiais militares, como foi feito.

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