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Prorrogada até 18 de maio exposição ‘De Sangue e Ossos’ na Matias Brotas

 

Obra 'Sala de espera' de Adrianna EU (Foto: Wanderson Lopes)
Obra ‘Sala de espera’ de Adrianna EU (Foto: Wanderson Lopes)

A exposição de ‘De Sangue e Ossos’ na Matias Brotas arte contemporânea foi prorrogada até o dia 18 de maio. Com curadoria de Isabel Portella, a coletiva, que traz à Vitória 14 artistas e 38 obras inéditas no Estado, nos remete a pensar o corpo e o espaço no mundo contemporâneo. As obras questionam estruturas, ossos e esqueletos que sustentam e organizam, mas também trazem o corpo vivo, produtivo de sensações e afetos. A visitação é gratuita.

São as últimas semanas para conferir a mostra que contempla uma seleção de diferentes suportes artísticos, de instalações a vídeos, objetos e fotografia. Adrianna Eu, Antonio Bokel, Carla Chaim, Ana Paula Oliveira, Nino Cais, Anna Bella Geiger, Celina Portella, Ana Hortides, Lara Felipe, Ana Teixeira, Vanderlei Lopes, Suzana Queiroga, Zé Carlos Garcia e Renato Bezerra de Mello ocupam a galeria em um diálogo provocativo em torno da pergunta: Que espaços ocupamos no mundo?

A obra ‘Sala de Espera’ da artista Adrianna EU, reúne em uma sala da galeria cerca de cem cabides antigos de madeira que a artista vem colecionando há mais de dez anos. Alguns foram comprados em feiras de antiguidade, outros a artista ganhou, e há ainda aqueles que foram trocados por cabides novos. Todos reunidos, esses cabides pendem do teto da sala e parecem flutuar no pequeno espaço, lado a lado, e como se fossem ombros, sustentam corações de linha de costura vermelha pendurados a eles. O trabalho fala de solidão, desejo e amor.

No salão principal a obra que leva o título de ‘Contrapássaro’, da artista Ana Paula Oliveira, composta por uma espécie de “sanduiche” de placas de ferro e borracha, suspensa em um único ponto, e equilibrada por pássaros fundidos em chumbo, pode criar e “ampliar” a visibilidade do observador, por estar na altura dos olhos. Essa relação entre obra e observador se mostra presente em todo contexto expositivo, permitindo que o expectador se movimente e busque suas experiências com a arte.

A exposição também traz dois trabalhos da veterana Anna Bella Geiger, um dos principais nomes das artes visuais brasileira, que completará 85 anos em abril. Suas obras estão em importantes acervos como Museum of Modern Art of (Nova York, Estados unidos), Centre Georges Pompidou (Paris, França), Coleção Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (SP), Coleção João Sattamini – Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC-Niterói), Coleção Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (RJ), Fundação de Serralves (Porto, Portugal), dentre outros. Sua obra é marcada pelo uso de diversas linguagens e a exploração de novos materiais e suportes. Nos anos 1970, sua produção tem caráter experimental: fotomontagem, fotogravura, xerox, vídeo e Super-8. Dedica-se também à pintura desde a década de 1980. A partir da década de 1990, emprega novos materiais e produz formas cartográficas vazadas em metal, dentro de caixas de ferro ou gavetas, preenchidas por encáustica. Suas obras situam-se no limite entre pintura, objeto e gravura.

Em Vitória, uma de suas obras na coletiva é ‘História do Brasil: Little boys & girls’ de 1975. É uma série de fotos onde a artista compara crianças, meninos e meninas índias, de tribos diversas que estão mencionadas nas imagens, e as coloca como “não são vistas” por alguém que desconhece as dificuldades de suas vidas em termos de seu próprio futuro. Estão coladas sobre os seus olhos, mostrando a falta de visão desta figura masculina que não as percebe como verdadeiros indivíduos. Outro trabalho da artista na exposição é ‘Blonde & Brunette Indian & Indian’, de 2014. São imagens que comparam mulheres de origens (tribos) diversas, como a das duas irmãs europeias pertencentes à família da própria artista, uma foto de 1938, numa pose que coincide com a das duas irmãs na reserva indígena do Xingu (1975).

Conhecida por seus trabalhos de intervenção no espaço público, Ana Teixeira apresenta na galeria uma série composta por esculturas, desenhos, pintura e fotografia, cujo título é: E É SEMPRE APENAS ISSO. A série traz desenhos que retratam atos ordinários, habituais, como cortar as unhas, limpar os dentes, descansar… “Ações comuns à maioria de nós, os vivos; maneiras que encontramos de enganar a morte”, como diz o escritor português Manuel de Freitas na frase que inspirou a artista. O trabalho de Ana Teixeira tem foco no cotidiano e transita por diferentes meios, com interesse particular pelo desenho e pela arte participativa, tendo a literatura e o cinema como suas principais referências.

A coletiva também traz 3 obras do artista Vanderlei Lopes. Este corpo de trabalhos deseja repor reflexão acerca da escultura; neles, interessa certa ambiguidade entre materialidade e imaterialidade, a transitoriedade que os trabalhos incorporam ou aludem. A obra ‘Vazante II’ apresenta um fluxo solidificado em bronze polido dourado, instalado na parede por meio de dois orifícios, por onde o “líquido” entra e sai do ambiente. Já a obra ‘Espelho’ trata-se de um trabalho que deseja tomar a própria ideia de fluxo de circulação como assunto. Um interruptor e uma tomada conjugados em um espelho, são fundidos em bronze e polidos a ponto de tornar especular sua superfície dourada e refletir o ambiente onde é instalado. A obra tem a intenção de aludir à luz solidificada, que o objeto acenderia.

A artista Celina Portella apresenta uma obra interativa. ‘Dois Pesos e Duas Medidas’ é uma foto-instalação composta por dois quadros conectados entre si, gerando um equilíbrio de forças que pode ser manipulado pelo espectador. As fotos da obra mostram a imagem do corpo em situações de tensão com cordas que se prolongam para fora da moldura, passando por roldanas e criando um sistema de contrapeso e continuidade visual entre imagem e matéria.

No espaço central da galeria, a obra “Rioma”, que esteve recentemente em exposição no Museu Nacional de Belas Artes do Rio – MNBA-RJ, da artista Suzana Queiroga, pode ser tocada pelo público, provocando sensações diversas. A Obra foi pensada especialmente para as pessoas com deficiência visual, mas também aproxima da arte o público em geral. ” Todos nós sentimos vontade de tocar obras de arte, principalmente as tridimensionais. Poderemos complementar a percepção da obra com o tato”, diz a artista.

Nino Cais se apropria de objetos comuns e lhes dá novo sentido em outro contexto, como um alquimista que reapresenta elementos com uma nova configuração. Possui uma das mais diversificadas produções da contemporaneidade, não apenas em termos de materiais utilizados, desde fotos, desenhos e colagens até esculturas, vídeos e vestimentas, mas também pela vasta abrangência de discursos poéticos e narrativos. Sua estética é singular e rica em detalhes de formas, cores e texturas, criando um universo intermediário entre o mundo cotidiano, o qual fornece a matéria-prima para os trabalhos, e um ambiente fantasioso e lúdico por natureza, com suas raízes fictícias na literatura, no teatro e nas artes plásticas.

Carla Chaim, que esteve recentemente expondo seu trabalho na Bienal de Veneza, também compõe o time de artistas da coletiva. A artista busca ultrapassar os limites da concepção tradicional de desenho, ou seja, ela pensa o desenho em diferentes mídias, virtuais, tridimensionais ou instalativas. Seus trabalhos não contam histórias, eles são o próprio fazer, combinando sistemas dicotômicos: regras rígidas e movimentos físicos orgânicos. A artista já recebeu prêmios como Prêmio CCBB Contemporâneo, Prêmio FOCO Bradesco ArtRio, Prêmio Funarte de Arte Contemporânea e Prêmio Energias na Arte. E suas obras fazem parte de coleções como Ella Fontanals-Cisneros, Miami, EUA e Museu de Arte do Rio – MAR, Rio de Janeiro, RJ.

Exposição coletiva ‘De Sangue e Ossos’ na Matias Brotas arte contemporânea

Visitação – de 22 de março a 18 de maio
Local: Matias Brotas arte contemporânea – Avenida Carlos Gomes de Sá, 130, Vitória. (subida da Maternidade Santa Úrsula). Tel: (27)3327-6966.
Horário de funcionamento – Terça a sexta – das 10h às 19h e sábado apenas com agendamento.
Entrada franca

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