Por Leone Oliveira
Os professores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) suspenderam as aulas por 24 horas, nesta quarta-feira (21). Os docentes se concentraram em uma das cancelas da instituição, onde realizaram panfletagem e prepararam uma mesa de café da manhã. Também houve mobilização nos campus de São Mateus e Alegre. A categoria reivindica valorização salarial, reestruturação da carreira, melhores condições de trabalho e autonomia universitária.
A suspensão das aulas por um dia ocorreu em universidades federais de todo o país e tem a intenção de mobilizar a categoria em ato de vigília à reunião entre a Secretaria de Ensino Superior do Ministério da Educação (Sesu/MEC) e o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN). O encontro estava marcado para esta quarta-feira, porém os representantes do Governo Federal cancelaram.
“O Governo cancelou a reunião. Não só falaram o porquê, como também não indicaram nova data. Era uma reunião que estava marcada há mais de 30 dias”, reclamou o diretor da Associação dos Docentes da Ufes (Adufes), Rafael Vieira Teixeira.
De acordo com ele, a paralisação dos docentes teve boa aceitação por parte dos alunos e professores, principalmente, pela questão de melhorias nas condições de trabalho oferecidas pela instituição de ensino. Para Rafael, a situação é precária. “Recentemente, a empresa que presta serviços à universidade decretou falência e demitiu os funcionários. Os espaços da Ufes estão com muita sujeira. Está insuportável”, disse.
Caso as reivindicações não sejam atendidas pelo Governo Federal, os docentes podem paralisar as atividades por tempo indeterminado. Rafael conta que a Adufes já aprovou um indicativo de greve e agora aguarda a próxima reunião da Andes, marcada para este final de semana, para avaliar quantas universidades federais do país estão favoráveis a greve. De acordo com o diretor da Adufes, é preciso que pelo menos 30 instituições de ensino aprovem o indicativo para que a greve seja deflagrada.
Alunos manifestam apoio
O clima era de bastante tranquilidade na Ufes, na manhã desta quarta-feira. Por conta da suspensão das aulas, poucos estudantes passavam pelo local. Entretanto, a paralisação das atividades por um dia não obteve adesão de todos os docentes. Alguns professores mantiveram as aulas, por conta de trabalhos e provas já marcados.
As amigas Adriele Sima, Ariadne Daleprane e Monique Motta estudam pedagogia e revelaram que o prédio onde têm aula estava vazio, nesta manhã. Poucos professores mantiveram o dia letivo e, à noite, isso deve acontecer novamente. “Alguns professores mais antigos disseram que vão dar aula à noite”, contou Adriele.
As jovens também manifestaram apoio à paralisação dos professores. “Acho que é uma forma deles conseguirem chamar a atenção do Governo”, afirmou Ariadne. “Um dia a gente pode passar por isso também”, disse Monique.