O professor de Ciências Wemerson Nogueira (25), da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Antônio dos Santos Neves, em Boa Esperança, criou um projeto que filtra o alumínio das águas do Rio Doce junto com os alunos da 8 º. O equipamento levou o professor a ganhar o prêmio Victor Civita Educador Nota 10.
O projeto ‘Filtrando as Lágrimas do Rio Doce’ surgiu a partir de uma necessidade escolar. O professor explica que percebeu que os alunos da 8ª Série do Ensino Fundamental 2, na disciplina de ciências não dominavam muito bem os conhecimentos básicos da tabela periódica. E que isso dificultada a jornada no ensino de aprendizagem da disciplina de química.
Após o rompimento da barragem da Samarco ele observou que no Rio Doce foram despejados metais pesados, que estãopresentes na tabela periódica. Apesar da tragédia, ele conta que aproveitou a situação para desenvolver uma pesquisa científica. O primeiro objetivo seria ensinar na pratica experimental, conceitos básicos de química, como propriedades elementares, reações físico-química, misturas e substancias e em seguida desenvolver um filtro. Resultou na solução do problema enfrentado pelos ribeirinhos de Regência, que outrora dependiam da água para suas necessidades domesticas.
Qual é a função do filtro?
O filtro é uma solução criada para atender os comunitários de forma individual, preferencialmente os ribeirinhos, por que quem mora a margem do rio Doce pela falta de saneamento básico utilizava a água diretamente do rio para suas atividades domesticas, tais como: Lavar vasilha, limpar casa, molhar plantações entre outras. Com a contaminação tudo isso foi suspenso.
“O filtro permite que o morador pegue a água diretamente no Rio Doce, a qual está contaminada com os minérios e na coloração avermelhada pela lama presente. Tem que deixar a água decantar e após despeje sobre o filtro de retenção que pela parte externa possui uma torneira onde a água é liberada. Durante aproximadamente 5 minutos o filtro começa a filtrar a água que entrou avermelhada e sairá totalmente transparente, com apenas 25% dos metais pesados presente nela”, explica Wemerson.
O projeto da pesquisa científica, segundo o professor Wemerson foi desenvolvido durante seis meses aonde foram realizadas mais de 150 análises da água e lama presente no Rio Doce. O trabalho foi realizado no laboratório de química da própria escola e também na estação de tratamento de água. “Tivemos apoio da Universidade Federal Do Espirito Santo (UFES). Os alunos tiveram a oportunidade para conhecer o laboratório de química analítica da UFES, isso foi muito importante, pois a academia de mestrado ensinou os alunos técnicas essenciais para realizarmos os procedimentos de análises e acompanhamento da água”, ressalta.
Foram no total 50 alunos tanto do Ensino Fundamental quanto do Ensino Médio que participaram na criação do projeto, juntos com o professor. Todos foram orientados por ele, passo a passo, e com os filtros prontos levaram e doaram para os moradores de Regência. A ideia é levar o equipamento a todos os moradores ribeirinhos.
O prêmio
Todos os anos Wemerson escreve um projeto na educação e em muitas vezes ele é comtemplado com alguma premiação. O prêmio da Fundação Victor Civita em parceria com a Rede Globo é o seu primeiro prêmio em nível nacional. “Tenho certeza que este projeto vai mudar a minha vida profissional, na verdade já está mudando. Reconhecer o trabalho de um professor é valorizar sua profissão de forma que não há dinheiro que pague isso”, revela.
O professor diz estar ansioso para a premiação que ocorrerá em São Paulo no dia 17 de outubro. Além de troféu ele pode levar uma premiação de R$15 mil em dinheiro, caso vença os outros 10 competidores. (Texto de Rodrigo Cruz)