O carnaval capixaba vive dois momentos, ao mesmo tempo: enquanto escolas se preparam para desfile, as coordenações das ligas vivem em rota de coalização. A da Liga Espirito Santense das Escolas de Samba (Lieses) e Liga Independente das Escolas de Samba do Grupo-Especial (Lieges) disputam a organização do evento, que este ano acontece nos dias 2, 3 e 4 de fevereiro no Sambão do Povo. Uma decisão que será tomada pela prefeitura de Vitória esta semana. E, internamente, a Lieses também treme com a insatisfação de presidente das escolas em relação à presidência.
Membros do grupo de acesso vão se reunir terça-feira (16) para votar se o atual presidente, Jadilson Damascena, permanece à frente da Lieses. Em entrevista coletiva na ultima semana o vice-presidente, e presidente da Chega Mais, Edson Neto, disse que as agremiações, que são sete, estão insatisfeitas com a gestão. “Ele (Damascena) toma a atitude sozinho, quer fazer tudo sozinho para tentar tumultuar o carnaval. Ele esquece das escolas de samba, que monopolizar tudo, mas ao mesmo tempo não está fazendo nada”, afirmou.
Ainda segundo Neto, dentre os problemas acarretados pela atual gestão da Lieses e que podem impactar a realização do carnaval, estão o atraso quanto ao repasse de verbas para as escolas, e as vendas dos ingressos de arquibancada, que ainda não tiveram início.
Segundo o presidente da Imperatriz do Forte, Gilson Barcelos Gomes, as escolas não receberam nenhum recurso para a realização do evento. Segundo ele, Damascena está dificultando a organização. “Estamos sofrendo, para realizar nosso carnaval, não tivemos ajuda nenhuma do atual presidente. Ele não está fazendo nada para que aconteça, caso permaneça assim seria melhor que ele fosse afastado. Existe o risco de a gente fazer os ensaios nas comunidades e não ter o carnaval” declarou Gilson Barcelos.
A presidente da escola Chegou o que Faltava, “Nêga” Mizetti, informou que a reunião deve definir o afastamento de Jadilson. “Essa disputa já se tornou pessoal e o carnaval, que é bom mesmo, ele não está preocupado. Até agora não agilizou nada, e temos data marcada para entrar na avenida, sendo assim é melhor que ele deixe a presidência”, declarou Mizetti.
Jadilson Damascena informou que não existem motivos para que ele seja destituído do seu cargo de presidente. Segundo ele, sua gestão é legal. “Minha gestão é totalmente legal, e mesmo que votem para minha saída, isso não vai acontecer. Além de não ter motivos concretos, não tem votos suficientes”, disso com segurança.
Fazem parte da Lieses as escolas Imperatriz do Forte, Tradição Serrana, Chegou O Que Faltava, Unidos de Barreiros, Chega Mais, Independente de São Torquato e Rosas de Ouro. O presidente disse ainda que além das sete escolas, está em conversação para a filiação de mais quatro escolas: Mocidade Serrana, Mocidade da Praia, Império de Fátima e União Jovem de Itáciba.
Para o presidente da São Torquato Jonas Schneider, a reunião que acontece nesta terça (16) não terá peso para que o atual presidente seja afastado. Segundo ele, não existem motivos ou legalidade para o pedido de afastamento. “Isso só vai atrasar e dificultar mais ainda a realização do carnaval de Vitoria”.
O carnaval capixaba conta com as escolas do grupo especial – Unidos de Boa Vista, Mocidade Unida da Glória, Piedade, Novo Império, Jucutuquara, Pega no Samba e Andaraí – e as associadas a Federação Capixaba das Escolas de Samba (Fecapes), que são Mocidade Serrana, Mocidade da Praia, Império de Fátima e União Jovem de Itacibá Independentes de Eucalipto. Essas últimas cinco desfilarão no último dia do evento.
