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Pouco mais de 9 especialistas no Estado a cada dois anos

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(por Dóris Fernandes – [email protected])

Era quase cinco horas da madrugada de quarta-feira (10) quando um grupo de pessoas deixou o município de Alfredo Chaves, região Serrana do Espírito Santo, a campanha da Região Metropolitana da Grande Vitoria para se consultar em hospitais públicos e centros de especialidade. A cena, comum em tantas outras cidades do interior, deve-se à falta de médicos em algumas especialidades no interior do Estado.

O problema que afeta os capixabas e outros estados brasileiros, deve-se, segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), ao fato de que no Brasil há dois médicos para cada mil habitantes. Foi o que levantou a “Demografia Médica no Brasil 2”, divulgado em fevereiro deste ano. A pesquisa revelou que até outubro de 2012 eram 388.015 médicos registrados no Brasil. E, apesar de o número estar acima do parâmetro da Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de um médico para cada grupo de mil habitantes, a maioria dos profissionais opta por trabalhar na região metropolitana, em certas especialidades que não apresentam as mesmas atratividade e distribuição. O que gera desequilíbrios e carências de médicos, em especial, nas cidades do interior.
Os moradores de Alfredo Chaves, que pediram para não serem identificados, questionam a falta de psiquiatra, pediatra, ortopedista, neurologista, alergista no Pronto Atendimento (PA). Uma, identificada apenas como Paula, comentou que um sobrinho caiu e machucou a cabeça e teve que ser transferido para o Hospital Infantil de Vitória. “A gente tem que trazer nossos filhos para Vitória se não eles morrem. Lá não tem médico”, denunciou.
Pediatria é uma das especialidades mais requisitada, com 30.112 médicos, ou 11,23% do total de especialistas no país. Em seguida, Ginecologia e Obstetrícia, Cirurgia Geral, Clínica Médica, Anestesiologia, Medicina do Trabalho e Cardiologia. Essas sete especialidades concentram 53% dos profissionais entre as 53 áreas reconhecidas no Brasil.
Dentre um dos motivos da falta de profissionais é a reduzida oferta de vagas nos programas de residência médica. “O número de vagas de residência médica é baixo. Há, também, a tendência dos profissionais irem para os grandes centros, devido à oferta de emprego e facilidade”, pontuou o Coordenador da Comissão de Residência Médica do Centro Universitário do Espírito Santo (Coreme/Unesc), Rogerio Resende.
Atualmente, pouco mais de 13 instituições hospitalares e de ensino público, privado e federal oferecem programa de residência no ES. O Ministério da Saúde definiu como prioritários para o Espírito Santo, no edital de convocação 18 – Programas de Residência para 2014, as áreas de Anestesiologia, Clínica Médica; Pediatria; Geriatria.
Anualmente, a Unesc abre 14 vagas, distribuídas nas áreas de Medicina da família, Cirurgia Geral, Ginecologia e obstetrícia (com 4 vagas cada) e Medicina Preventiva Social (2 vagas). Já na Unimed Vitória são quatro vagas por ano, duas para Medicina Intensiva e duas vagas em Cardiologia, com duração de dois anos cada um.
O Meridional abre duas vagas na área para de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial. A reportagem não conseguiu contato com o Hucam e Evangélico de Cachoeiro de Itapemirim. A Sesa e o Vitória Apart Hospital não responderam até o fechamento da matéria.

Mais de 20 especialidades carentes

O médico Marcello Dalla, do Núcleo Especial de Desenvolvimento de Recursos Humanos da Sesa, explicou que a maioria dos profissionais opta por atuar nas redes de saúde da Grande Vitória. Isso devido à baixa atratividade e infraestrutura percebido em alguns municípios do interior. “A remuneração do serviço privado e público está quase igual. É um mito dizer que essa desigualdade é por causa de rendimento”, disse o médico Dalla. “O problema é complexo e a solução é complexa. É difícil interiorizar médico”, comentou. “Não é um problema de contratar e aumentar salário. Isso é minimizar o problema”, acrescentou.

Dalla enfatizou que o Espírito Santo perde bons profissionais. “O médico capixaba tem formação muito boa. Tanto que acaba sendo contratado depois que termina a especialização”.
Além disso, grande parte escolhe áreas – especialidades – que são mais rentáveis, como dermatologia estética. “Geriatria não é muito atrativo para o médico”, exemplificou o médico.
No Espírito Santo a rede estadual de saúde tem 1.741 médicos com vínculo estatutário e 489 temporários. Entretanto, há carências de profissionais em anestesiologia, cirurgia geral, pediátrica, plástico e vascular, terapia intensiva adulta, intensivista neonatal e pediátrica, nefrologia infantil, neurocirurgia, neuro, neuropediatria, ortopedia e traumatologia, oncohematologista, pediatra, psiquiatra infantil e reumatologista.

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