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Pó preto e tempo seco: combinação que pode levar à morte

Gustavo Gouvêa – [email protected]

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Quando se fala em qualidade do ar, principalmente em Vitória, o destaque fica para o pó preto, que são partículas sedimentadas oriundas de processos industriais das mineradoras e siderúrgicas sediadas na Grande Vitória, que têm tirado o sono – e a saúde – de moradores da região metropolitana e estão,inclusive, sendo tema de protestos de moradores e autoridades locais.
Samira Zouain, pediatra e médica da família que responde pela Secretaria de Saúde de Vitória, explicou que as doenças alérgicas – como asma, bronquite e rinite – estão relacionadas à poluição e que os quadros alérgicos podem piorar caso o tempo esteja seco. E se a situação for mal conduzida, pode até levar à morte.
“Doenças alérgicas estão relacionadas à poluição. Pessoas que têm alergia a pó domiciliar, ácaros… Não chove, faz muito calor, o tempo está seco e temos uma produção industrial que não para. O vento que bate espalha muito pó preto e isso pode fatalmente levar crianças e adultos a quadros alérgicos reincidentes. Em suma, o ambiente poluído, com muita poeira, muito pó de minério, favorece a alergia respiratória a aparecer”, explicou a doutora. Ele relatou ainda que, caso as medidas corretas não sejam adotadas, o quadro pode ser agravar.
“A pessoa pode evoluir para um quadro mais grave, uma crise de asma. Mesmo que seja deflagrada por uma alteração ambiental climática, uma mudança no padrão de poluição a pessoa pode desenvolver uma crise aguda de asma, dificuldade respiratória, acúmulo de secreções no pulmão… pelo que a poluição provoca, a pessoa pode vir a ter complicações, a asma pode evoluir para uma infecção mais importante, como a pneumonia, sinusite. Risco de morte só existe se a situação for muito mal conduzida, uma família muito displicente, um atendimento ruim”, completou Zouain.
O funcionário público Marcos Delmaestro passou parte do mês de janeiro tomando antibióticos para conter os problemas de rinite que teve. Ele mora em Bento Ferreira e é um dos moradores que sofre com a sujeira deixada pelo pó preto em casa. Ele participou dos protestos no mês de janeiro e avisou que estará presente também no 4º ato contra o pó preto, que acontecerá no próximo domingo (8), em Camburi.
“Só no mês de janeiro peguei uma rinite e tive outro problema de alergia e tive que tomar antibiótico por duas vezes. Uma, na segunda semana e outra na última semana de janeiro. Tudo por causa dessa poluição, causada pelo pó preto, que atinge não só a minha residência, mas toda a região”, disse Delmaestro.
Morte por doenças respiratórias crescem 7% em Vitória
De acordo com os últimos dados presentes do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) relacionados à cidade de Vitória, houve um crescimento de 7% no número de mortes relacionadas a doenças respiratórias na Capital, entre os anos de 2012 e 2013.
Em 2012, o número de mortes registrado foi de 1.893, enquanto em 2012, essa quantidade subiu para 2.032. Segundo a gerente de Vigilância em Saúde da Prefeitura Municipal de Vitória (PMV), Arlete Frank Dutra, a doença respiratória que mais tem feito vítimas é a pneumonia.
“Esta informação vem se mostrando constante nos últimos anos. O serviço básico também vem conseguindo atender casos que não chegam a internação. Não temos como falar que o aumento é relacionado à poluição do ar, apesar de este ser um dos fatores. A genética, a condição da pessoa também contam muito. Tem muita relação com a história de patologia do paciente, com a baixa imunidade e com a faixa etária que mais predomina, que são crianças e idosos”, explicou Dutra.
Desde o ano de 2009, as internações ocorridas em Vitória provocadas por doenças respiratórias correspondem a 7,65% do total de internações (7.419 de 96.957 internações totais). Só em 2014, as internações de residentes em Vitória, representaram 8,14% das internações do ano (1.189 de 14.603), o que registrou a maior porcentagem relacionada a doenças respiratórias dos últimos quatro anos.
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Segundo dados do SIM da Secretaria de Saúde de Vitória as doenças respiratórias são a quarta causa de óbitos na Capital. Entretanto, as duas principais causas de morte são por doenças relacionadas também à poluição do ar.
Doenças cardiovasculares encabeçam a lista, seguidas pelo câncer cujo tipo dominante entre homens, de acordo com dados consolidados pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), é o câncer de brônquios e pulmões. Entre as mulheres, este é o segundo câncer que mais mata, perdendo apenas para o câncer de mama.
O cardiologista Abrão Cury, do Hospital do Coração de São Paulo (HCor), explicou que, quanto maior a concentração de poluentes existentes no ar, maior a chance de doenças respiratórias e cardiovasculares. “É uma cadeia de eventos que vão elevar as chances de piora dos sintomas de hipertensão. O ar poluído entra pelo pulmão, que funciona como uma grande esponja, e joga os poluentes na circulação sanguínea. Esses, por sua vez, provocam reações inflamatórias”, explica o médico.
Já o professor da USP Ubiratan Santos, que coordenou uma pesquisa que relacionou a poluição com o aumento de doenças cardiovasculares e respiratórias, disse que o fato de todo o processo começar no pulmão é a causa pela qual o ar poluído pode gerar tantos problemas.
“As mudanças no organismo provocadas pela poluição deixam o indivíduo bastante suscetível a paradas cardíacas e aumentam suas chances de ser acometido por infarto”, disse Santos, que afirmou ainda que em idosos, crianças ou pessoas que já tenham problemas de saúde como diabetes, pressão alta, asma, os efeitos da poluição são ainda mais nocivos.

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