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Pesquisa mostra a falta de investimento no combate às drogas nas fronteiras do Brasil

Leone Oliveira – [email protected]

Na tarde desta segunda-feira (30), a Confederação Nacional de Municípios (CNM) divulgou o estudo ?O Crack na Fronteira Brasileira?, feito com auxílio de dados coletados pelo Observatório do crack. Talvez o dado mais alarmante da pesquisa seja a ausência de repasse para que os municípios de fronteira combatam o crack, por meio do programa do Governo Federal. No Sul, 88% dos municípios afirmam que nunca receberam repasses. Na região Norte, apenas 14% dos municípios dessa região receberam recursos federais do Plano Nacional de Combate ao Crack. No Centro-Oeste, pouco mais de 20% chegou a receber recursos federais como parte do programa.
A pesquisa foi produzida com municípios brasileiros situados nas regiões de fronteira e revela números alarmantes. O objetivo do estudo foi identificar os principais problemas enfrentados por esses municípios, por exemplo, se são rota de algum tipo de tráfico, além de verificar se o programa ?Crack é Possível Vencer?, criado pelo Governo federal, está presente nesses municípios. As cidades capixabas não entraram na pesquisa.
Para a realização da pesquisa a CNM aplicou um questionário diretamente aos 588 municípios das regiões Norte, Centro-Oeste e Sul do país que estão situados ao longo dos quase 17 mil km de faixa de fronteira do país. A área pesquisada abrange 27% de todo o território nacional. O contato foi feito com as Secretarias Municipais de Assistência Social e Saúde, no período de junho de 2013.
Rotas do tráfico de drogas: Dos 588 municípios contatados, 330 (56%) responderam ao questionário. Dos municípios da região Norte que participaram da pesquisa, 59% admitiram ser rota do tráfico de drogas oriundas de países vizinhos. A droga que mais passa por essa região é a maconha (41%). No Centro-Oeste, 76% afirmaram que se encontram em rota de tráfico e no Sul 52% retrataram que são rota de tráfico.
Problemas decorrentes do crack: 59% das cidades do norte afirmaram enfrentar problemas com o crack. Os maiores problemas causados pelo crack nesses locais dizem respeito à violência (21%), furto (19%) e homicídio (18%). No Centro-Oeste, o número é de 85%. Os problemas estão relacionados com a violência e o roubo (19%), logo atrás aparece o furto (17%). No Sul, 65% das cidades tem problemas com esse tipo de droga. Os roubos e furtos ficaram em primeiro lugar ambos com 20% das citações. A violência aparece em seguida com 19%.
Problemas com outras drogas: 86% dos municípios do Norte têm problemas com outras drogas. Nesse caso, os maiores conflitos estão relacionados com os furtos (20%). No Centro-Oeste o número é de 85% e a violência aparece como a maior problemática (19%). Já no Sul, os municípios relataram que em 70% dos casos existem questões específicas aos problemas com drogas como a cocaína, a maconha, o álcool, dentre outras. Os roubos e os furtos foram os mais citados (ambos com 20%).
Um dado que causa espanto no estudo é a alta porcentagem de municípios que citaram a exploração sexual e o aliciamento de menores como uma dos problemas enfrentados. A prostituição, em alguns casos infantil, pode ter relação com o consumo de drogas e com o tráfico.
Presença de instituições do Governo Federal e/ou estadual: 4,5% dos municípios do Norte citaram a presença da Polícia Rodoviária Federal. No Centro, a presença de postos da Polícia Federal foi citada em 14,6% das respostas; da Polícia Rodoviária Federal em 24,4% e Polícia Civil e Militar, 75,6% e 78% respectivamente. Já no Sul, a Polícia Federal está presente em apenas 9% dos Municípios pesquisados e a Polícia Rodoviária Federal em 9,7%.

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