Mais de 100 mil famílias do município de Vitória se declararam endividadas no mês de novembro. A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), divulgada pela Fecomércio-ES, aponta que a inadimplência bateu novo recorde e registrou o maior nível de toda a série histórica, atingindo 63,2% do total das famílias na capital. Além disso, o endividamento também cresceu e atingiu 79% das famílias no mês passado.
De forma geral, pensando na renda mensal da família que está comprometida com dívidas, a maior parte dos entrevistados (53,8%) considera que está mais ou menos endividado. Os que se consideraram muito endividados somaram apenas 1,4% e os poucos endividados somaram 23,8%. Os demais 21% não possuem dívidas desse tipo. A proporção daquelas que declararam ter conta ou dívidas em atraso (inadimplentes) subiu mais uma vez em novembro, registrando o maior percentual da série e mostrando que 63,2% do total de famílias de Vitória possuem pelo menos uma conta em atraso de pagamento.
Em novembro o cartão de crédito deixou de ser o principal tipo de dívida das famílias de Vitória, caindo de 61,7% em outubro para 45,7% em novembro. O cheque especial também teve sua participação diminuída de 39,9% para 29,5%. Já o crédito pessoal e dos carnês se transformaram nos principais tipos de dívidas das famílias no mês de novembro sendo que 58,0% possuem dívidas com carnês e 56,9% com crédito pessoal.
Entre os endividados, a parcela de comprometimento da renda mensal com dívidas em novembro caiu para, em média, 12,3%, representando o menor nível da série histórica do índice. E aquelas famílias que se encontram inadimplentes afirmaram que o pagamento está atrasado há cerca de 60 dias, em média. Ainda, segundo eles, sua renda estará comprometida com essas dívidas pelos próximos 7,4 meses.
No mês de novembro o que se observou foi uma significativa substituição de dívidas mais caras (cartão de crédito e cheque especial) por aquelas que possuem juros um pouco menores (carnês e crédito pessoal).
A redução de gastos e a cautela dos consumidores não estão sendo suficientes para auxiliar no equilíbrio do orçamento mensal das famílias. A pesquisa mostrou que, principalmente, aquelas com renda mais baixa estão com maior dificuldade e acabam recorrendo a empréstimos não previstos para tentar equilibrar as contas. Para essas famílias, cujo orçamento é mais apertado, o crédito é mais determinante nesse contexto.
E parece ser esse o cenário registrado na capital. Mesmo com um comprometimento baixo da parcela da renda mensal com dívidas, por conta do baixo consumo e dos juros menores, as famílias encontram dificuldades no consumo básico e serviços essenciais e seguem com pelo menos uma conta ou dívida em atraso no mês.
Nos últimos dois meses, tem-se observado uma gradual recuperação do mercado de trabalho no Espírito Santo, mostrando tendência positiva importante, mas os desdobramentos desses efeitos positivos ainda devem demorar um pouco para serem sentidos no orçamento das famílias.
Uma opção interessante para esses consumidores são os feirões de regularização de pendências financeiras. Com o pagamento do 13º salário, férias e abonos no final do ano pode ser interessante aproveitar as condições especiais para se organizar e retomar o crédito para novas compras. De qualquer forma, ao acessar uma bancada de negociação é importante que o consumidor tenha em mente o quanto de recursos poderá disponibilizar e se atentar às novas condições de pagamento, para não cair na inadimplência novamente.
A pesquisa é realizada com uma amostra de, no mínimo, 500 famílias residentes no município de Vitória.
Sem a propagação da educação financeira, o endividamento dificilmente deixará de bater recorde.