No fim de seu terceiro mandato como governador do Espirito Santo, Paulo Hartung fez uma avaliação dos últimos quatro anos de liderança. Em entrevista coletiva nesta sexta-feira (28), ele afirmou que as contas do Estado estão equilibradas e o sucessor, Renato Casagrande (PSB), vai começar o novo governo com R$ 450 milhões livres em caixa.
Além desse recurso, o governador diz que também há verba disponível para dar continuidade a alguns projetos que ele iniciou. “Nós estamos deixando R$ 600 milhões em caixa para cobrir as despesas que fizemos esse ano, que são os convênios, as transferências voluntárias para os municípios. Outro número importante de recursos são as operações de crédito. Entre as já contratadas e as que estão em fase final de contratação, nós vamos deixar um volume de até R$ 3,8 bilhões”.
Entre os principais desafios relatados por Hartung durante seu mandato, a economia é o principal deles. “Foram quase quatro anos de muitos desafios. A economia brasileira foi para o buraco, uma recessão econômica horrorosa, um desemprego muito grave no país, e o Estado do Espirito Santo ainda teve que viver suas crises próprias, como a falta de chuva durante dois anos e meio, onde nossa agricultura ficou muito prejudicada. A indústria do petróleo e gás perdeu dinamismo e o valor do barril do petróleo desabou, vindo a menos de 30 dólares. Ainda teve o desastre de Mariana”, pontuou.
Entre os pontos positivos, Paulo Hartung ressaltou as melhoras na área da educação e na saúde, mesmo com o ajuste fiscal. “Conseguimos vencer em uma coisa. Dizem que quando se faz ajuste fiscal não se faz mais nada, mas nós fizemos o ajuste e fizemos educação também. O Estado virou 1º lugar na prova de português e matemática no ensino médio. Fizemos saúde, tanto que o Estado foi para o posto de menor mortalidade infantil e a 2ª maior expectativa de vida do Brasil, só ficamos atrás de Santa Catarina”.
Em relação à greve da Policia Militar, um dos fatos mais marcantes que aconteceu no Espírito Santo durante seu governo, Hartung ressaltou que o problema não foi falta de diálogo, mas sim de dinheiro. “No momento que se iniciou a greve eu estava sendo operado, tive que pedir ao médico para me liberar o mais rápido possível para voltar e assumir a liderança. Quando eu recebi o governo, as contas públicas com gasto de pessoal estavam no limite de alerta da Lei de Responsabilidade Fiscal, e eu não podia gastar mais dinheiro. Nós só saímos desse limite em 2017 e uma presidente eleita foi retirada por violar a Lei de Responsabilidade Fiscal. Eu não podia fazer reajustes”.
Ainda segundo Paulo Hartung, a população foi a que saiu mais prejudicada e movimentos como esse não devem acontecer. “Eu acredito que categorias que têm autorização para uso de arma de fogo, como a policial, não deve fazer greve, porque podem se aproveitar desse poder para intimidar a sociedade. Esse foi um movimento ilegal, cheio de irresponsabilidade, onde a população foi a mais prejudicada”.
Novos Rumos
Paulo Hartung já deu a certeza de que não concorrerá a cargos políticos. Mesmo que continue militando na área, nesta eleição ele chegou a ser convidado a se candidatar a governador do Rio de Janeiro, mas recusou o convite.
O governador retornará a profissão de formação, que é a economia, e disse ter duas metas na política. “Eu fui convidado pelo renova BR e o Movimento Agora a trabalhar na formação de novas lideranças jovens para atuarem no setor público e em mandatos eletivos, tanto no legislativo, quanto no executivo. A segunda ação é andar o país defendendo a experiência capixaba com os nossos três programas: Escola Viva, Pacto Pela Aprendizagem e Jovens de Futuro, convidado pelo Movimento Todos pela Educação”.
Últimas homenagens
Antes de se despedir do Palácio Anchieta, Paulo Hartung ainda prestou suas últimas homenagens ao ex-governador, Gerson Camata, assassinado na quarta-feira (26), em Vitória. Três obras receberão o nome do politico.
O trecho de estrada duplicada na ES-482, que vai de Cachoeiro a Coutinho no Sul do Estado, receberá o nome de Gerson Camata, assim como a escola Viva do Município de São Gabriel da Palha, local escolhido por ser o berço do café Conilon no Espírito Santo, produto que era muito defendido pelo político.
Ainda de acordo com Paulo Hartung, o deputado federal Lelo Coimbra (MDB) irá propor que o Contorno do Mestre Álvaro também receba o nome de Gerson Camata.
