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Padrões impostos pela sociedade causam transtornos e compulsões

compulsaoTranstorno Obsessivo Compulsivo (TOC) ou, no popular, compulsão, é um distúrbio cerebral causado por uma ansiedade extrema. E ela leva à execução de hábitos quase automáticos, visando uma gratificação emocional que alivia esta ansiedade. A compulsão – as mais comuns são com comida, bebida, drogas, trabalho, compras, jogo, atividade física, dentre outros menos incidentes -, pode ser por diversos fatores. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 3% da população mundial sofrem desse transtorno, sendo que no Brasil são mais de quatro milhões de afetados.

De acordo com a psicóloga Andreia da Silva Ferreira, a compulsão é caracterizada por um impulso interno incontrolável. Ela explica que, os hábitos são constantes e podem gerar um prazer imediato. Mas é seguido de sofrimento. “A compulsão está relacionada à busca de satisfação de necessidades psíquicas, seja de compensação ou extravazamento de energias reprimidas. Não é possível definir uma natureza geral, pois elas estão diretamente relacionadas à história de cada pessoa. A compulsão difere-se dos hábitos no que diz respeito à intensidade, consistência e constância em que o comportamento se manifesta. Geralmente, o comportamento compulsivo é seguido de sofrimento psíquico o que agrava o quadro que o propiciou”, afirma a psicóloga.

Andreia afirma que, no mundo moderno, a compulsão é cada vez mais constante e as principais causas sociais que mais têm contribuído para o transtorno são a adaptação aos padrões culturais impostos, como modelos de sucesso e beleza.

_DSC5757Padrão de beleza
No caso da empresária Aline Frisso (foto), 25, o problema foi a busca pelo padrão “capa de revista”. Para atingir a perfeição estética ela entrava em dietas restritivas severas que eram completamente sabotadas em situações de dificuldade emocional ou quando estava sozinha em casa.

“Minha situação é mais ligada à comida. Eu acabava ainda pro doce, açúcar… Era muito intenso, eu comia 24 horas do meu dia. Era quase uma forma de afeto. Acabava descontando na comida ou buscando uma forma de aconchego na comida. Isso afetou minha vida como um todo, minha vida social. Ficava com vergonha de sair, de ver pessoas que conhecida, porque engordava muito rápido”, relatou a empresária.

Aline conta que, mesmo se enxergando magra, a partir das dietas severas, nunca estava satisfeita e tinha obsessão pela perfeição. De acordo com o psiquiatra Geraldo Ballone, professor da PUC-Campinas, a xarada está em como usufruir do prazer universal de comer sem sentir-se fora dos padrões sociais de saúde e beleza. O exemplo de Aline, na visão dele, caracteriza uma obsessão pela perfeição do corpo, ou, como ele define, uma “epidemia de culto ao corpo”.

“Essa busca obsessiva da perfeição do corpo tem várias formas de se manifestar e, algumas delas diferem notavelmente entre si. Existem os transtornos alimentares mais tradicionais, que são a anorexia e bulimia nervosa, mas, não obstante, existem outros que se estimulam e desenvolvem na denominada ‘cultura do esbelto’. Todos estes transtornos alimentares compartilham alguns sintomas em comum, como desejar uma imagem corporal perfeita e favorecer uma distorção da realidade diante do espelho. Isto ocorre porque, nas últimas décadas, ser fisicamente perfeito tem se convertido num dos objetivos principais das sociedades desenvolvidas. É uma meta imposta por novos modelos de vida, nos quais o aspecto físico parece ser o único sinônimo válido de êxito, felicidade e, inclusive, saúde”, explica.

carlenaMudança de mente para uma nova vida
Especialista em cuidar de pessoas que sofrem de compulsão alimentar a coach Carlena Pupa (foto) afirma que um dos fatores observados em suas clientes mais influentes na compulsão por comida é justamente a realização de dietas muito rígidas. Ela explica que a importância do trabalho do coach nestes casos é a mudança de mente para que a alimentação saudável seja um estilo de vida e não somente uma dieta. “É preciso mudar o cérebro, para mudar o comportamento. O estilo de vida muda a partir do momento que muda a sua mente”, frisa.

O processo de abandono dos comportamentos viciosos e mudança de mente é feito através de técnicas, ferramentas e exercícios mentais sugeridos e aplicados em encontros semanais para serem aplicados em casa. “Temos essas técnicas em que encontramos dentro de nós mesmos. Toda sessão é uma ferramenta que usamos. Trabalhamos muito com o reconhecimento de sabotadores, padrões de sentimentos que temos antes do impulso de comer. Outra técnica é a de visualização, que é trazer para a realidade o que a pessoa quer para o hoje, o agora. Também utilizamos técnicas para largar a preguiça, para ajudar na adrenalina e vários outras”, explica Carlena.

A coach revela que ela mesma já passou por transtorno de compulsão alimentar severo a ponto de realizar vários tipos de dietas e atividades físicas e tomar remédios, e mesmo assim continuar sofrendo. “Sentia dor onde ao comer de forma saudável e me exercitar; e prazer em comer mal, uma troca”. Ela foi cliente de uma coach, viveu os resultados e decidiu se profissionalizar na área.

Aline Frisso é aluna de Carlena há sete meses e aprova a metodologia da coach. Além de ter eliminado 20 quilos a partir das sessões, o maior resultado foi a aceitação de seu corpo, de conseguir se controlar diante da comida e entender os cuidados com a saúde como algo prazeroso, e não doloroso.

“Ajudou em tudo, até mesmo na vida social, pois voltei a sair e me vestir do jeito que gosto. Comecei a fazer atividade física com constância, algo que nunca consegui. Hoje em dia saio e consigo comer um pedaço de bolo sem pensar que ‘já éra’. Consigo ter um controle bem melhor”, relata a empresária.

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