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Padre e bispo franceses são levados a julgamento em caso de pedofilia

O Ministério Público da França solicitou nesta quarta-feira, 31, a prisão fechada ao abade Pierre de Castelet e ao ex-bispo de Orleans, monsenhor André Fort, por crimes de pedofilia e de omissão de denúncia, respectivamente. A decisão foi anunciada alguns dias depois de a Conferência dos Bispos da França (CEF) ter admitido, em Lourdes, que terá de enfrentar a “dolorosa questão” dos abusos sexuais no interior da Igreja. A decisão aumenta para dez o número de clérigos denunciados à Justiça, dos quais quatro já encarcerados.

O caso do padre Pierre de Castelet é um dos mais rumorosos envolvendo crimes sexuais cometidos por religiosos católicos no país. Os fatos que embasam o julgamento aconteceram em julho de 1993, em Arthez-dAsson, na região dos Pirineus, sul da França e fronteira com a Espanha. Em um campo de verão do Movimento Eucarístico dos Jovens (MEJ), pelo menos três crianças sofreram agressões sexuais do padre, sob o pretexto de realizar exames médicos.

A denúncia foi feita 17 anos depois por uma das vítimas, Olivier Savignac, em uma carta enviada a André Fort, que ocupou o cargo de bispo de Orleans entre 2002 e 2010. A denúncia, porém, jamais foi levada ao conhecimento da polícia, do Ministério Público ou da Justiça. Castelet continuou a atuar e só foi afastado de suas funções um ano depois 18 anos após os primeiros casos conhecidos , por ordem do monsenhor Jacques Blaquart, que substituiu Fort no posto de bispo de Orleans e denunciou o caso à Procuradoria de Justiça.

O atual julgamento envolve três homens, Olivier Savignac, de 38, Philippe Cottin, de 37, e Paul-Benoît Wendling, de 36 anos, as primeiras vítimas a denunciar o caso.

Em seu depoimento de ontem, Castelet, hoje com 69 anos, reconheceu as agressões sexuais, mas classificou seus atos como “uma derrapada”. “Eu estava precisando de afeição. Estava isolado e muito cansado. Não sabia que era errado, não sabia que estava fazendo mal às crianças”, justificou, dizendo-se arrependido. “Eu não deveria tê-lo feito. Tinha o desejo de me aproximar deles e a necessidade de proximidade afetiva.”

Segundo o padre, o caso envolve “de cinco a dez crianças”, todos restritos a 1993. A procuradoria definiu o caso como “um exemplo tristemente clássico de pedofilia”. “Outros Pierre de Castelet, frustrados sexuais, estão sendo julgados em vários tribunais. Mas um bispo levado a julgamento acontecerá apenas pela segunda vez desde a ocupação nazista”, explicou o procurador do caso, Nicolas Bessone.

Alegando problemas de saúde, o bispo Fort não compareceu ao julgamento desta quarta. O veredicto sobre os réus será conhecido em 22 de novembro. Se forem condenados, Castelet poderá pegar até três anos e seis meses de prisão, enquanto Fort pode pegar um ano em regime fechado.

O caso de Arthez-dAsson ilustra a pressão crescente da pressão que a opinião pública vem fazendo sobre as autoridades públicas e a Igreja em razão dos crimes sexuais cometidos por católicos na França. Entre 2017 e 2018, o número de denúncias contra religiosos se multiplicou por seis em relação ao período entre 2010 e 2016.

Andrei Netto, CORRESPONDENTE
Estadao Conteudo
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