Tendo sua obra de ampliação e modernização pela empresa curitibana JL, o aeroporto de Vitória pode ser um dos seis do Brasil recebendo intervenções a partir de cartel. O ex-executivo da Odebrecht, Benedicto Junior, o BJ, afirmou em depoimento que a empreiteira participou, em 2003, de um cartel para fraudar a concorrência por obras em aeroportos da Infraero. Além do Eurico de Aguiar Salles, a irregularidade estaria acontecendo nos terminais de Guarulhos, Congonhas, Macapá, Goiânia e Santos Dumont.
BJ fez a afirmação ao Ministério Público Federal dentro de acordo de delação premiada no âmbito da Lava Jato, e explicou que o cartel teria sido organizado pelo então presidente da Infraero Carlos Wilson.
De acordo com Junior, a contrapartida do acordo, conforme exigência de Wilson era o pagamento pelas empresas de 3% do valor dos contratos, em forma de doações eleitorais oficiais e via caixa dois para o PT e o PTB. Nos relados, que estão em um documento entregue pelo delator ao MPF durante as negociações para fechar o acordo de delação premiada, ele afirma que foram quase 20 empresas participantes do esquema, dentre elas “as cinco maiores empresas do mercado de construção”: Camargo Corrêa, Odebrecht, OAS, Andrade Gutierrez e Queiroz Galvão.
Para que o cartel não fosse descoberto, Carlos Wilson determinou que “as 5 grandes empresas acomodassem algumas empresas pequenas, para evitar eventuais ações judiciais, que poderia atrapalhar a concorrência.” Aos investigadores o delator acrescentou que o objetivo era expandir o esquema para 12 terminais, mas o cartel foi firmado em obras de seis aeroportos.
“No caso de SDU [Santos Dumont], os pagamentos em forma de caixa 2 foram feitos sob os codinomes ‘Americano’, ‘Americano Velho’ e ‘Guerrilheiro’, na quota destinada ao PT. Tenho conhecimento de que o codinome ‘Guerrilheiro’ era destinado a Delúbio Soares, a quem passamos a fazer pagamentos diretamente no curso do projeto. Antes disso, os pagamentos ao PT eram feitos por meio de Carlos Wilson sob o codinome ‘Americano'”, afirma o delator no documento.
Eurico Salles
Previsto para ser entregue em setembro deste ano, as obras do aeroporto de Vitória estão com 65% de conclusão, segundo último levantamento da Infraero. A meta é ampliar a capacidade do terminal capixaba de 3,3 milhões para 8,4 milhões de passageiros por ano.
A empresa informou que o novo terminal de passageiros será um grande eixo longitudinal com as áreas técnicas e de circulação vertical, com grande fluidez transparência. Segundo a Infraero, o novo terminal terá dois pavimentos e 26,3 mil m² de área total e terá 31 balcões de check-in, previsão de 60 pontos comerciais, cinco posições de embarque/desembarque em pontes (fingers) e três posições remotas (sem o auxílio das pontes); um pátio para trânsito e estacionamento de aeronaves com 58,1 mil m²; uma nova pista de pousos e decolagens, com 2.058 metros de comprimento e 45 metros de largura, capaz de receber aeronaves do tipo 767-300, e dez novas pistas de taxiamento, interligando a nova pista ao pátio de aeronaves.
