Encontrar a cidade onde nasceu e foi criado literalmente na lama, com amigos desaparecidos e parentes desolados. Essa foi a sensação do padre Anderson Teixeira, natural de Brumadinho e que atualmente atua na paróquia Sagrada Família, em Jardim Camburi ao chegar a sua cidade natal na noite do último domingo (27).
“Desde que soube do rompimento da barragem, na sexta-feira, fiquei muito ansioso. Queria notícias dos amigos e parentes que trabalhavam na mina. Mas fiquei em Vitória cumprindo os compromissos do fim de semana e assim que me liberei e vim”, contou o padre.
O que encontrou, segundo o religioso, foi muito impactante. “A cidade está destruída, o sentimento dos moradores é de que tudo acabou. O rio está cor de sangue. Quem não morreu no acidente perdeu parentes ou alguém muito próximo. Brumadinho é pequena, todos se conhecem”, explicou Anderson.
Um dos piores cenários vistos pelo religioso foi o cemitério. “Tantas covas abertas, corpos chegando a todo momento, sem tempo para velar os mortos, uma tristeza”, lamentou.
Além de levar conforto aos moradores da região, o padre também está ministrando serviços religiosos. “Celebrei uma missa ontem, junto com bispos e o padre de Brumadinho. Ele está fora de controle, exausto. Por isso, volto a Vitória amanhã (quinta-feira) e depois do final de semana venho de novo. Quero estar junto com os que estão sofrendo”, finalizou.