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O mercado negro dos anabolizantes no Espírito Santo

Gustavo Gouvêa – [email protected]

{'nm_midia_inter_thumb1':'http://www.eshoje.jor.br/_midias/jpg/2013/07/19/1_anderson_silva_revista_afro1-30924.jpg', 'id_midia_tipo':'2', 'id_tetag_galer':'', 'id_midia':'51e9a3c44ed60', 'cd_midia':30920, 'ds_midia_link': 'http://www.eshoje.jor.br/_midias/jpg/2013/07/19/anderson_silva_revista_afro1-30920.jpg', 'ds_midia': '', 'ds_midia_credi': 'Revista Afro', 'ds_midia_titlo': '', 'cd_tetag': '3', 'cd_midia_w': '350', 'cd_midia_h': '227', 'align': 'Right'}O recente flagra do lutador brasileiro de MMA, Anderson Silva, em um exame antidoping feito pelo UFC, organização da qual faz parte, reacendeu a polêmica do uso de anabolizantes não só nas performances esportivas – como já aconteceu com diversos outros atletas brasileiros, como a saltadora Maurren Magi, a jogadora de vôlei Jaqueline, a ginasta Daiane dos Santos e até com o ex-jogador de futebol e atual senador Romário – mas principalmente para fins estéticos.
Principalmente por serem pessoas públicas, referência para diversas faixas etárias – sobretudo adolescentes e jovens, muitos em formação de identidade e caráter – a atitude em trazer esteroides anabolizantes para a rotina de treinamentos pode custar mais caro.
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Esta atitude é completamente condenada pelo Conselho Regional de Medicina (CRM), que a considera antiética e antiprofissional. A entidade informa que em caso de denúncia comprovada, o profissional pode ter registro médico cassado.
Mesmo assim, esses médicos continuam receitando. No Espírito Santo, um nutrólogo conhecido como “Dr. Morte”, é citado por atletas (que preferiram não se identificar) como referência na prescrição de esteroides anabolizantes para fins estéticos.
“Quando tinha 14 anos, ele me indicou GH (o hormônio do crescimento), mesmo eu tendo 1,80m e mais de 100 kg. Meu pai ficou doido quando viu”, disse o atleta de nome fictício Rodrigo – ele não quis revelar a identidade – de uma modalidade de ate marcial que se consultou com o médico. “Rodrigo” explicou que o apelido é devido ao fato de o médico receitar praticamente qualquer tipo de anabolizante e sem contestar o objetivo do paciente.
Outro atleta da mesma modalidade que teve do “Dr. Morte” a prescrição para uso respaldado dos esteroides para fins estéticos e esportivos – ele também praticava fisiculturismo – foi Z.B., educador físico, de 28 anos. Apesar de ter conseguido o receituário para o produto Durateston, ele ainda não ficou satisfeito com o atendimento do médico. “Além disso, ele receitou drogas manipuladas à base de testosterona. Não fiquei satisfeito com a consulta, pois ele conversa muito, conta muita história. Eu queria um acompanhamento mais sério e não vi muita eficácia”, disse o paciente, que passou a tomar os esteroides por conta própria desde então.
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Os anabolizantes têm uma logística parecida com a da venda do tráfico de drogas no Brasil. As fontes entrevistadas, que preferiram não se identificar, relataram que, na maioria das vezes, são substâncias trazidas de países como o Paraguai, onde os anabolizantes são vendidos livremente em farmácias e lojas de suplementos. Mas chegam ilegalmente nas mãos do consumidor final, no Brasil.
Segundo o coordenador técnico de uma academia, Luciano Teixeira, por meio de relatos de alunos que admitiram o uso para crescimento muscular acelerado, os esteroides anabolizantes são adquiridos no Espírito Santo, de modo ilegal – ou seja, sem a necessidade do receituário – de três formas: com instrutores de academia, no balcão de farmácias e lojas de suplementos, e com atletas que fazem o uso.
Depois que começou a tomar esteroides por conta própria, Z.B. – que admitiu a aplicação e ingestão de deca durabolin, duarteston, stanozolol, GH e diversos outros derivados da testosterona durante quase 10 anos – nunca mais precisou de receita para adquiri-los. Ele revela que comprava, principalmente, dentro da própria academia com amigos e colegas fisiculturistas.
“Também conseguia nas lojas de suplemento. Mas não são as lojas em si, são funcionários, que se aproveitam da função para fazer um dinheiro a mais. E é sempre superfaturado. O lucro é em torno de 120%. Também, na receita, em algumas farmácias, se está receitado duas ampolas, você consegue conversar e pegar algumas a mais. Em todos os casos você tem que conhecer alguém que faz o uso e que te indique para quem vende”, disse.
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As fontes pesquisadas foram unânimes em afirmar que a grande maioria dos fisiculturistas faz o uso de anabolizantes. Inclusive, alguns afirmaram que conseguem as substâncias por meio do contato com os próprios praticantes. Na descrição de um dos maiores sites brasileiro de fisiculturismo, o fisiculturismo.com.br, lê-se “tudo sobre suplementos alimentares, treinamento de musculação, nutrição esportiva, esteroides anabolizantes, campeonatos, fisiculturistas e mais”.
“Apesar de muitos falarem que não, é sabido que atletas de fisiculturismo fazem o uso de esteroides. Um deles, conhecido mundialmente é o Arnold Schwarzenegger. Não tem como, de uma forma natural, ele ficar com o corpo daquela forma sem ter usado esteroide. Ele é referência para muitos”, disse Luciano Teixeira.
O vice-presidente da Federação Capixaba de Bodybuilding e Fitness, Fábio Norte, o “Fabão”, admitiu que muitos fazem o uso das substâncias em suas rotinas de treinos e preparações para as competições, mas que a entidade e a IFBB – a federação mundial do esporte – realizam o antidoping antes das competições.
“Não fazemos apologia ao uso de anabolizantes. Pelo contrário, tentamos controlar apesar de saber que, não só no fisiculturismo, mas em outras modalidades esportivas, os atletas usam para poder melhorar a performance. É um risco, pois se o atleta for pego, pode tomar suspensão de dois anos e só voltam a participar de competições mediante o antidoping. Como o esporte tem crescido muito no Espírito Santo, temos o papel de desmistificar que os músculos dos atletas são desenvolvidos só com anabolizantes. Mas, infelizmente, ficamos rotulados porque o esporte é associado ao desenvolvimento dos músculos”, disse Fabão.
O vice-presidente disse que sabe que existe o mercado negro, com farmácias que vendem sem receita, compras por meio da internet. “Para chegar à mão desse pessoal, tem que vir de fora. Muitos se comunicam através das redes sociais. Aí vai passando até chegar à mão do usuário final”, disse.
Há quase oito anos, Fabão foi preso junto com a esposa, também fisiculturista, por tráfico de drogas, quando também foram apreendidos centenas de anabolizantes na residência do casal.
CRM: antiética e cassação
O presidente do Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES) Severino Dantas, disse que a atitude de qualquer profissional da medicina que receite esteroides anabólicos para fins esportivos ou estéticos, está agindo de forma antiética. Segundo Dantas, durante sua gestão, ainda não chegou nenhuma denúncia no CRM-ES sobre o “Dr. Morte” e nem outro médico que fizesse a prescrição indiscriminada dessas substâncias. Mas, se o médico for denunciado, será aberta uma investigação que, dependendo dos desdobramentos, pode acarretar na cassação do CRM do médico.
“As indicações pra o uso de esteroides são bem precisas. O médico tem que estar consciente do que está fazendo e ter ética, até porque, é a vida de um paciente que está nas mãos dele. Para fins esportivos e estéticos, é completamente proibido”, disse o presidente.
As substâncias consideradas anabolizantes no Brasil estão na lista C5 da resolução nº 63 de 17 de outubro de 2014, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

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