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O BRASIL COLONIAL: ESTRUTURA SOCIAL, POLÍTICA, ECONÔMICA E CULTURAL (V)

V – ATAQUES AO LITORAL BRASILEIRO

Os franceses no Rio de Janeiro (século XVI)

Em 1555, durante o governo de Duarte da Costa, houve a invasão francesa na Baía de Guanabara. A expedição, apoiada pelo Almirante Coligny, era comandada por Nicolau Durand Villegaignon e tinha por objetivo estabelecer a França Antártica, colônia para os protestantes(huguenotes) que estavam sendo perseguidos na França.

A expulsão dos franceses ocorreu após os combates de Uruçumirim e Paranapuã, no governo de Mem de Sá (1565), graças a Estácio de Sá e à atuação dos padres jesuítas José de Anchieta e Manoel da Nóbrega, responsáveis pela pacificação dos índios revoltados (“Confederação dos Tamoios”), chefiados por Cunhanbebe.

Em 1594, Jacques Riffault e Chales des Vaux estiveram no Maranhão. O último levou informações à França sobre a possibilidade de fundar uma colônia naquela região.

Em 1612, chegou ao Maranhão uma expedição chefiada por Daniel de La Touche, que fundou a cidade de São Luís ( atual capital do Maranhão), cujo objetivo era fundar uma colônia (“França Equinocial”).A expulsão dos franceses foi conseguida graças ao mameluco Jerônimo de Albuquerque e Alexandre de Moura, entre 1614/1615.

Os franceses no Rio de Janeiro (século XVIII)

Em 1710 a cidade do Rio de Janeiro, na época, grande centro produtor de açúcar, foi atacada pela esquadra de Jean François Duclerc. Este foi derrotado, aprisionado e depois misteriosamente assassinado.Em 1711 chegou a 2ª esquadra chefiada por Duguai Trouin que exigiu a rendição do governador do Rio de Janeiro Francisco de Castro Morais e só se retirou mediante recebimento de elevado resgate.

Ataques ingleses

Durante a União Ibérica, corsário e piratas fizeram incursões em diversos pontos de nosso litoral, como:

  • Edward Fenton atacou Santos (1583), sendo repelido;
  • Robert Withrington entrou na Baía de Todos os Santos e saqueou o Recôncavo(1587);
  • Thomas Cavendish atacou Santos e São Vicente (1591);
  • Jaime Lancaster, com os piratas franceses Venner e Noyer, atacou Recife e Olinda (1595), saqueando a primeira;
  • presença inglesa no Grão-Pará, com fundação de fortins na Amazônia: Jaime Purcell (1621) e Rogério North (1631).

UNIÃO IBÉRICA

Chamamos de União Ibérica ou União das Monarquias Ibéricas, o período que vai de 1580 a 1640, quando Portugal e suas colônias passaram para o domínio da Espanha.

Isto aconteceu devido à questão da sucessão dinástica em Portugal. Depois de D. João III (“O Colonizador”) reinou, em Portugal, seu neto D. Sebastião. Mas este morreu na batalha de Alcáce-Quibir (1578), na África combatendo os muçulmanos (“cruzadismo português”). É sucedido pelo seu tio-avô, o velho Cardeal D.

Henrique, que reinou apenas dois anos, pois morreu em 1580. Ao falecer, surgiu a questão da sucessão dinástica: o cardeal D. Henrique não possuía filho e seu parente mais próximo era Felipe II, rei da Espanha, da dinastia dos Habsburgos, que se impõe como herdeiro legítimo e passa a governar Portugal e todas as suas colônias, inclusive o Brasil.

Conseqüências da União Ibérica (1580 – 1640)

  • a ruptura prática da linha de Tordesilhas;
  • o Brasil começou a sofrer investidas dos maiores adversários da Espanha: Inglaterra, França e Holanda;
  • a aplicação das Ordenações Filipinas;
  • em 1621, o Brasil foi dividido em dois Estados: Estado do Maranhão, com capital em São Luís e depois Belém;
  • Estado do Brasil (do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul), tendo como capital, Salvador;
  • as invasões holandesas no Nordeste brasileiro, devido à guerra entre Espanha e Holanda;
  • criação do Conselho das Índias (1604), para fortalecer as fiscalização das colônias;
  • a decadência econômica e política do reino lusitano, que passa a depender, cada vez mais, da Inglaterra.

O povo português ficou revoltado, nada podendo fazer para evitar que Felipe II subornasse as autoridades do Reino, até o momento em que as Cortes o aclamaram Rei de Portugal, com o nome de Felipe I.

AS INVASÕES HOLANDESAS (A guerra do Açúcar)

Antecedentes. O país que hoje chamamos Holanda, pertencia à Espanha até 1579, ano em que os holandeses iniciaram a sua Guerra de Independência.

A Espanha não reconheceu a independência da Holanda e a guerra entre os dois países prosseguiu até 1648.

Devido a esta guerra, a Espanha proibiu suas colônias de fazerem comércio com os holandeses.

As invasões holandesas (1624 – 1630)

As invasões holandesas ou “Guerra do Açúcar” no Nordeste têm como causas:

  • a União Ibérica (1580/ 1640);
  • a proibição do rei Felipe II, ordenado que os portos de todas as colônias fossem fechados aos navios da Holanda;
  • o interesse dos holandeses em ocupar a Zona da Mata nordestina para restabelecer o comércio açucareiro que lhes proporcionava grandes lucros.

A Companhia de Comércio das Índias Ocidentais (1621), que recebeu o monopólio do Comércio do Atlântico, foi criada com o objetivo de ocupar o Nordeste Açucareiro.

Bahia e Pernambuco, as Capitanias que mais produziam açúcar na época colonial, foram atacadas pelos holandeses.

Invasão da Bahia (1624 – 1625)

Na primeira invasão (1624), os holandeses eram chefiados por Jacob Willekens e Johan Van Dorth. O Governador do Brasil era Diogo de Mendonça Furtado, que foi preso de “armas na mão”; os invasores ocuparam a cidade de Salvador, sede do Governo Geral.

A defesa ficou a cargo do Bispo D. Marcos Teixeira, que criou uma companhia de emboscadas (“Milícia dos Descalços”). A expulsão dos holandeses ocorreu em 1625, graças à expedição luso-espanhola (“Jornal dos Vassalos”), comandada por D. Fradique de Toledo Osório. Os holandeses cercados pela esquadra no porto de Salvador, capitularam e retornaram para a Europa.

Invasão em Pernambuco (1630 – 1654)

A segunda invasão holandesa ocorreu em Pernambuco, (“Zuickerland” = terra do açúcar) em 1630, sob o comando de Hendrick Coenelizoon Lonck; o desembarque ocorreu em Pau Amarelo.

A resistência foi organizada por Matias de Albuquerque, governador de Pernambuco, que fundou o Arraial do Bom Jesus. Em 1631 ocorreu a batalha dos Abrolhos entre a esquadra de D. Antônio de Oquendo (espanhola) e a esquadra do Almirante holandês Jansen Pater. Em 1632 ocorreu a deserção de Domingos Fernandes Calabar, contribuindo decisivamente para que os holandeses se fixassem no Nordeste.

Os holandeses ocuparam novos territórios (Itamaracá, Rio Grande do Norte, Paraíba) e tomaram o Arraial do Bom Jesus.

Em Porto Calvo, Calabar foi preso e enforcado.

Matias de Albuquerque foi substituído por D. Luís de Rojas e Borba, que depois morreu no combate de Mata Redonda frente aos holandeses; seu substituto foi o Conde Bagnoli.

Para governar o “Brasil Holandês”, foi nomeado o Conde Maurício de Nassau, que além de estender o domínio holandês (do Maranhão até Sergipe, no rio São Francisco) realizou uma excelente administração:

– fez uma política de aproximação com os senhores-de-engenho;

– incrementou a produção açucareira;

– concedeu tolerância religiosa;

– trouxe artistas e cientistas como Franz Post (pintor) Jorge Markgraf (botânico), Pieter Post (arquiteto), nomes ligados ao movimento renascentista flamengo;

– promoveu o embelezamento da cidade de Recife, onde surgiu a “Mauricéia”, na ilha de Antônio Vaz.

Denominou-se “Insurreição Pernambucana” (1645 – 1654) o movimento de reação ao domínio holandês no Nordeste, após a retirada do Conde Maurício de Nassau. Os principais nomes foram o índio Poti (Felipe Camarão), o negro Henrique Dias, o português João Fernandes Vieira e André Vidal de Negreiros. Os insurgentes adotaram como lema “Deus e Liberdade” e fundaram o Arraial Novo do Bom Jesus.

Os “independentes” conseguiram derrotar os holandeses nas batalhas do Monte das Tobocas (1645) e dos Guararapes (1ª 1648, 2ª 1649). A rendição ocorreu na Campina da Taborda (1654). Contudo, as guerras holandesas só se encerraram com a assinatura do Tratado de Haia (1661) entre Portugal e Holanda.

A integração entre brasileiros, portugueses, brancos, negros e mestiços, que lutaram juntos pela defesa do Brasil, contribuiu para desenvolver o sentimento de brasilidade, ou seja, o sentimento nativista. Diversos fatos estão relacionados com a capitulação dos holandeses do Brasil:

  • a restauração de Portugal (fim do domínio espanhol), devido a aclamação do Duque de Bragança com o título de D. João IV, motivou um levante no Maranhão, culminando com a expulsão dos holandeses daquela região;
  • o Ato de Navegação (1651) decretado por Cromwell, da Inglaterra, que enfraqueceu o poderio marítimo holandês;
  • a criação da Companhia Geral do Comércio do Brasil (1649), a conselho do Padre Vieira, para fazer concorrência à Companhia das Índias Ocidentais (holandesa);
  • a política da intolerância dos sucessores de Nassau fez unir os senhores-de-engenho (aristocracia rural) que haviam se acomodado com a situação.

Expulsos do Brasil, os holandeses passaram a produzir açúcar na região das Antilhas, fazendo concorrência ao açúcar produzido no Brasil. Isto contribuiu decisivamente para o declínio (diminuição) da produção açucareira nordestina, que entrou em crise. Esta crise que o Brasil e Portugal atravessavam foi superada com a descoberta das riquezas minerais (ouro, diamante e pedras preciosas), no século XVIII.

Após a expulsão dos holandeses (Paz de Haia, em 1661), Portugal passou a sofrer maior influência da Inglaterra (Tratado de Methuem).

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