Ter a casa própria é o sonho de muitos brasileiros. Essa foi uma das realizações da desempregada Jaqueline Speroto. Aos 37 anos e grávida de seis meses, a data de pegar as chaves se aproxima, não fosse por um porém. Ela afirma que o síndico proibiu a entrada de prestadores de serviço no apartamento, que só tem piso no banheiro e na cozinha.
“Temos contrato com o condomínio. A 1ª etapa foi concluída em dezembro e as chaves serão entregues na 2ª etapa, no fim de março. Recebemos comunicado que aconteceria em três dias diferente, para evitar aglomerações, e nos programamos. A partir do dia 1 de abril, já poderíamos marcar a reforma. Meu aluguel está vencido desde fevereiro e eu já tinha combinado de ficar sem contrato. Liguei para o síndico, ele explicou e ficou tudo certo. Disse que dia 27 pegaria a chave e combinei de o pedreiro ir dia 1. A mudança aconteceria dia 4 de abril. Agendei carro de mudança e tudo. Mas no dia 25 de março, o síndico mandou um comunicado proibindo a entrada de qualquer prestador de serviço. Eu não tenho pra onde ir. Estou grávida de seis meses, desempregada, sem condições atá de ter onde guardar minhas coisas”, relatou.
O condomínio é da Morar Construtora, e fica na Serra. Segundo Jaqueline, a taxa de pagamento está mantida e já foi até enviada aos moradores, com vencimento em 10 de abril.
“Preciso sair da casa e não tenho pra onde ir. Não sei o que eu vou fazer. Não tenho mais dinheiro para pagar outro lugar. Muitas pessoas da 2ª etapa necessitam disso. O descaso do síndico e da administradora foi absurda. A decisão foi tomada de uma hora para outra, depois que deram as datas todas e que muitos já tinham se organizado”, afirmou.
Administradora
A reportagem de ESHOJE procurou a SuperZelador, responsável pela administração do prédio. O dono da empresa, José de Anchieta Gonçalves, negou que os prestadores tenham sido proibidos de entrar no condomínio.
Segundo ele, houve uma orientação, que partiu do jurídico, em razão do novo Coronavírus (Covid-19). A determinação de acatar ou não fica a cargo do síndico.
“A equipe do condomínio, incluindo o jurídico, segue a determinação do governo do estado, Organização Mundial da Saúde (OMS) e prefeituras. Nós concordamos com a orientação, mas quem determina é o síndico. Temos contrato de assessoria financeira e contábil. Não temos o poder de mandar ele proibir. É impossível. Sou síndico de outros condomínios e faço o que tenho que fazer, de acordo com as orientações”, disse.
Gonçalves reforçou que as orientações são para evitar o contágio por Coronavírus. “Como iriamos deixar acumular muitas pessoas? As chaves serão entregues. Eu estive lá pra fazer vistoria e orientei o síndico a não ser taxativo de não fazer obras ou mudanças. Ele pode organizar pra que todos façam a obra, por período, pra não acumular. Disse também que muitos não tem nem como comprar material, já que o comércio está fechado. Orientei escalonar, exemplo, por data e número de pessoas”.
Morar
A Morar Construtora disse que a decisão de restringir ou não o acesso de prestadores de serviços é de responsabilidade da administração do condomínio.
“A Morar honrará com seu compromisso de entrega das chaves aos clientes. Os proprietário foram avisados em comunicação direta para que pudessem se programar para a data. Em posse das chaves, os proprietários devem ter entrada autorizada em seus imóveis”, respondeu.
Síndico
ESHOJE também fez contato com o Síndico do prédio. Ele disse que responderia a reportagem. No entanto, não deu retorno até o fechamento da matéria.
