Entra ano, sai ano, o problema continua: o pó preto emitido pelas empresas de minério do Estado suja praias, comércios, residências e causa problemas respiratórios de rinite, alergia, e sinusite. E o problema parece estar longe de acabar.
O ambientalista Eraylton Moreschi Júnior, membro da ONG SOS Espírito Santo Ambiental, há anos briga por respostas para a emissão do pó preto. Após 15 dias fora do Estado, ele recebeu a notícia de que na última quarta-feira (3) a casa dele, na Ilha do Boi, estava cheia de pó preto. “A pessoa que cuida da minha casa foi limpar e eu pedi para fotografar tudo. Todo ano é a mesma coisa! Fora que em novembro tive sinusite, rinite e alergia. É tratamento constante”, afirmou.
O problema se agrava porque desde junho de 2016, a medição de poeira sedimentável (pó preto) feita pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente (IEMA) está parada. “Isso é uma irresponsabilidade. Eles não renovaram o contrato! Fora o plano de verão da Arcelor e Vale para minimizar a poluição. É uma piada porque ninguém está medindo nada!”
Em 28 de outubro de 2016, Moreschi protocolou denúncia no Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema), mas até hoje ela não foi colocada em pauta. “Denunciei também ao Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Condema), Iema, ouvidoria do Estado, e Fala Vitória 156. Solicitamos ação urgente para combater a poluição e seus malefícios à saúde e qualidade de vida do cidadão capixaba”.
Em Jardim Camburi, a situação piora devido à predominância do vento sul e nordeste. Em uma Praça da Rua Paschoal Del Maestro é possível perceber a mudança na cor do chão. Um morador, que não quis ter o nome revelado, garante: a mudança se deve a emissão do pó. “Vem tudo pra cá. Moro em uma kitnet, recentemente deixei a porta fechada por 4 dias e cama/chão ficaram pretos”.
A Pedagoga Marcela Fernandes também contou que mantém a porta fechada. “Moro de frente pra praia. Passo calor porque prefiro ficar com a porta fechada e ter alergia! Só de andar nos já sentimos”.
em até quem evite roupas e objetos brancos. “Meu pano branco fica preto. Até as roupas de cama ficam pretas, por isso tenho poucas coisas brancas em casa. Fora que o chão tem nervuras, que volta e meia precisa jogar cloro porque se não craquela. E meu chinelo escorrega! Se cair uma gota de água no chão, vira um lamaçal”, afirmou uma administradora que também não quis ter o nome revelado.
Em 2015, a instauração das CPIs do Pó Preto na Câmara de Vitória e na Assembleia Legislativa comprovou a responsabilidade das empresas pelas emissões e danos à saúde e materiais gerados à população, bem como a omissão do poder público.
Procuramos o Instituto Estadual de Meio Ambiente (IEMA), mas não obtivemos resposta