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“Mocinhas” antes da hora: puberdade precoce atinge 10 vezes mais meninas

liviaepatipertelAntes que Lívia completasse nove anos, a mãe dela, Patrícia Pertel, já começava a perceber algumas alterações em seu corpo que não estavam adequadas à sua idade. “O corpo dela já estava bem avançado e o sinal mais visível eram as mamas. Não tinha noção do que estava acontecendo e fiquei preocupada”, relatou Patrícia. Tratava-se da puberdade precoce, uma disfunção que se caracteriza pelo desenvolvimento dos caracteres sexuais de forma acelerada e antes da fase considerada normal, que nas meninas é de 8 a 13 anos e nos meninos de 9 a 14 anos.

Como aconteceu com Lívia, nas meninas, os sinais da puberdade precoce são o aparecimento de mamas e/ou de pelos pubianos antes do período normal da puberdade e nos meninos, nos quais os casos da disfunção são mais raros, ocorre o aumento do pênis e/ou dos testículos, além do aparecimento de pelos pubianos antes dos nove anos de idade. Nas meninas, a incidência pode ser de 10 a 23 vezes mais frequente do que em meninos, de acordo com dados do Ministério da Saúde.

Patrícia admite que, devido à correria do dia a dia, demorou um pouco a entrar em contato com a pediatra, após perceber as mudanças no corpo da filha. A demora no diagnóstico pode acarretar em baixa estatura na vida adulta – apesar do crescimento precoce acelerado – além de impactos psicológicos e sociais, como explica o doutor Luis Eduardo Calliari.

“As crianças que apresentam desenvolvimento dos caracteres sexuais precocemente devem ser examinadas, e, em muitos casos, precisam ser tratadas. O principal objetivo do tratamento é impedir que a criança chegue à puberdade antes do tempo e possa, assim, manter seu desenvolvimento cronológico compatível  com a idade óssea. As crianças mais desenvolvidas do que colegas da mesma idade podem desenvolver problemas de ordem psicológica e social, como depressão e discriminação. O diagnóstico e o tratamento precoces impedem o desenvolvimento, e previnem estas consequências indesejáveis”,  alertou Calliari, que atua no Departamento de Pediatria da Santa Casa de São Paulo.

vacina____o_hpv-120328Tratamento
A pediatra de Lívia a encaminhou para uma endocrinologista pediátrica – especialização adequada para tratar a puberdade precoce. “Ela pediu correndo os exames de sangue e ultrassom e descobrimos que a puberdade dela já estava bem avançada, e já estava prestes a entrar no ciclo menstrual. Tivemos que bloquear logo e, portanto, entramos com a primeira injeção (de hormônios) em dezembro de 2015”, contou Patrícia, evidenciando que o tratamento da filha começou sete meses após ela completar nove anos de idade.

Lívia tomou a última injeção de hormônios – que foi fornecida pelo Estado – no mês de julho e, hoje, com 11 anos está com o crescimento normalizado para a idade. Ela não passou por problemas de ordem psicológica ou social, graças ao diagnóstico, tratamento e atenção dos pais. “Quando descobrimos o problema, ficamos preocupados. Tinha medo de que até a injeção pudesse acarretar problemas para ela. Mas fizemos os exames, o crescimento dela está normalizado e ela não teve problemas relacionados a bullying na escola.

Lidando com a disfunção
Receber a notícia da puberdade precoce muitas vezes é difícil para os pais. No caso do pastor Aguiar Netto, foi em uma consulta de rotina no pediatra que ele descobriu que a filha, então com nove anos, apresentava a disfunção. “A pediatra observou que ela estava com muitos pelos já nascendo e estava muito novinha. Nossa reação foi ficar preocupado, porque a doutora disse que isso poderia retardar o crescimento dela e poderia vir a menstruação muito novinha, com 9 anos de idade”, relatou.

Já no caso de Patrícia, foi mais difícil para o pai de Lívia digerir a situação. “O pai ficou mais preocupado naquela questão de ‘perdi a filhinha’, ‘a menininha dele estava crescendo’ e isso deu um baque nele. Mas conversamos com a médica, ela nos instruiu e tirou aquele ‘bicho de sete cabeças’ de nós. Isso nos acalmou”.

De acordo com a endocrinologista pediátrica Ângela Maria Spinola, um dos fatores de tratamento da puberdade precoce é justamente aliviar a ansiedade dos pais, além de promover, também, um ajuste psicossocial da criança. “O tratamento da puberdade precoce depende de sua causa. Visa a regressão ou estabilização dos caracteres sexuais secundários e retorno do ritmo de crescimento da criança aos padrões considerados normais. Com o monitoramento constante e tratamento adequados, a criança pode voltar a ter um crescimento e desenvolvimento compatíveis com sua idade cronológica”, explicou.

Tanto no caso da filha do pastor, quanto no caso de Lívia, a orientação dos médicos para os pais foi fundamental para que eles pudessem lidar com os filhos em relação à disfunção. “Nós fomos muito bem orientados pela doutora. Nós falamos com ela (filha), explicamos e orientamos e, graças a Deus, ela não teve nenhum tipo de problema físico ou psicológico. O tratamento foi muito bom. A primeira menstruação dela veio aos 12 anos e hoje ela tem 14”, explicou Aguiar, esclarecendo que o tratamento da filha, a exemplo do de Lívia, foi feito com injeções mensais de hormônios.

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