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Meninas de 12 a 17 anos são as que mais fogem e culpa é das famílias

Gustavo Gouvêa – [email protected]

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Este é o perfil das meninas, com 12 a 17 anos que mais fogem de casa, segundo informações do titular da Delegacia de Pessoas Desaparecidas, José Lopes.
Segundo o delegado, a criação, educação e as referências ficam terceirizadas para a escola pública, mas na maioria das vezes são feitas mesmo pelos valores do mundo: prato cheio para adolescentes curiosos para desbravar a vida. É desta forma que um homem mais velho, supostamente mais maduro, pode virar o “príncipe encantado”. Mas, as vezes, ele é apenas um “amigo” (ou perigo) virtual.
“A menina vai pra rede social, é iludida por um ser que não existe, começa a ter um relacionamento e se apaixona. Geralmente o ‘príncipe’ é traficante. Daí se a menina quiser sair, não consegue. As meninas normalmente têm 12, 13, 14 anos, mas com corpo de 18. Às vezes o cara nem sabe da idade. Pode configurar estupro”, explica José Lopes.
Culpa da família
Ele continua: “O que vejo é que a instituição família quebrou. Tem pais que chegam aqui e dizem ‘não posso com a minha filha’. Então por que põe filha no mundo? Como uma menina de 11 anos têm livre acesso à internet e você não monitora, não tem a senha? A família não dialoga com a filha, não sabe o que ela faz nem dentro, nem fora de casa. Quando a família não cuida, quem cuida é o pedófilo, o traficante. Os pais fogem da responsabilidade de criar os filhos, enquanto eram para serem melhor amigo deles”.
De acordo com José Lopes, 84% das estatísticas que incluem os “desaparecidos” nos últimos dois anos são relacionados à fuga do lar. Meninas de 12 a 17 anos lideram essa estatística, sendo responsáveis por 36,7% dos casos em 2014 e 2015, que totalizaram 1542.
As meninas que são encontradas, na realidade voltam correndo para casa quando a foto delas ficam expostas na lista de desaparecidos nos jornais. Das 567 garotas que fugiram do lar nos anos de 2014 e 2015, 502 foram encontradas, o que configura 88,5% dos casos.
“O maior problema nosso é que eles (pais/responsáveis) vêm aqui, fazem a ocorrência e depois não avisam que a menina foi localizada. A gente até liga pra saber, mas muitas vezes trocam de telefone ou não atendem. Na grande maioria das vezes, as meninas somem de casa na sexta-feira e voltam na segunda. Rapidinho, após a foto sair no noticiário, começa a chover denúncia e elas aparecem. Às vezes a denúncia é que ela está na boca de fumo, e aí pegamos. Em 90% dos casos, elas voltam pra casa correndo, depois da foto sair, e ninguém avisa”, lamenta o delegado.
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O segundo perfil dominante na Delegacia de Pessoas Desaparecidas também configura a fuga do lar, só que desta vez com homens adultos, pelo menos na idade. Homens a partir de 18 anos respondem por 34% das estatísticas de desaparecidos nos anos de 2014 e 2015.
São homens que, em sua maioria, viraram pais de família cedo e sem planejamento e que não suportaram as responsabilidades, cobranças e pressões às quais um chefe de família é submetido.
“Temos muitos homens que não querem assumir a família ou que não aguentam as cobranças, largam mulher e filho em casa e fogem. Muitas vezes encontramos o cara na casa “da outra”. No período de festas é o pico. Em carnaval, esse perfil dispara a desaparecer, parece que é problema de amnésia”, ironiza o delegado.
No perfil de homens a partir de 18 anos, dos 527 desaparecidos em 2014 e 2015, 77% foram localizados. Este perfil também responde pela maior quantidade de óbitos. No ano de 2015, dos 13 mortos encontrados, oito eram homens nesta faixa etária, duas eram mulheres acima de 18 e três eram meninos de 12 a 17. A maioria dos óbitos está relacionado ao tráfico de drogas.
José Lopes afirma que a mídia tem ajudado bastante a localizar os desaparecidos. No total, houve um aumento no número de pessoas encontradas de 22% comparando 2014 ao ano de 2015, até o momento.
Psicólogo: busca de autonomia
O professor Adriano Jardim, do departamento de Psicologia da UFES, doutor em Psicologia do Desenvolvimento e Personalidade, explica que a situação de fuga das adolescentes gira em torno do problema familiar. Segundo ele, essas meninas não possuem uma estrutura familiar que promova diálogo que tenha capacidade de orientação e que as possibilitem compreender o que está envolvido em um relacionamento, criando assim uma situação de busca de autonomia.
“Como ela não tem estrutura em casa que possibilite que ela seja criança e se desenvolva dentro do tempo esperado, ela busca se auto afirmar em algum lugar, através de sexualidade, de outros vínculos sociais, da demonstração de comportamento de ousadia aos amigos. Em casa ela se sente pequena, não tem estrutura que permita desenvolver boa auto estima”, explica Jardim.
E é justamente na rua que esta menina encontra um espaço de autoafirmação, se relacionando com uma pessoa mais velha, que é uma ‘rota de fuga’ de casa. “Acaba que a pessoa é enganada, pois é imatura emocionalmente e se deixa levar pela pessoa mais velha nesta rota de auto afirmação”. Jardim afirma que os pais devem oferecerem um espaço de diálogo e compreensão aos filhos para, desta forma terem mais legitimidade para colocar as regras.

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