Por Pedro Cunha ([email protected])
A moda está em seu sangue. Membro de uma dinastia fashion, Thomaz Azulay é filho de Simão Azulay, criador da Yes Brazil – precursora de jeans customizados no país e que revolucionou a moda brasileira, e sobrinho de David Azulay, fundador da marca de beachwear Blueman, idealizador do sungão e do sunkini e considerado pai da moda praia no Brasil.
Thomaz, que ficou a frente da direção criativa da Blueman entre 2011 e 2014, agora caminha com as próprias pernas. O estilista fundou, em 2014, junto com o sócio Patrick Doering, a grife The Paradise, e cria roupas masculinas e femininas com estampas especiais e cortes mais clássicos. De lá para cá, a marca vêm fazendo sucesso e já foi destaque em revistas como a edição brasileira da Vogue, considerada uma das publicações de moda mais importantes do mundo.
Convidado a palestrar nesta quarta-feira (01), no Vitória Moda 2018, Thomaz conversou, em entrevista exclusiva a ESHOJE, sobre sua marca, sua carreira, as inspirações para criar e sobre a moda brasileira atual.
Qual é a essência da sua marca, a The Paradise?
A essência, o DNA, são estampas exuberantes, especialmente pensadas em cima das peças. Eu digo que é uma marca de estampa que faz roupa.
O Brasil está em crise desde 2103, e a The Paradise foi fundada em novembro de 2014. Como foi empreender e criar uma nova marca em um país que enfrenta uma economia tão instável?
Nós nascemos na crise e não temos os parâmetros da não crise, de momentos de prosperidade. Mas não temos como reclamar. Conseguimos empreender e ter sucesso por conta do produto que apresentamos. Em um momento que a moda brasileira está saturada de marcas pasteurizadas, trouxemos uma proposta totalmente diferente. Mas, certamente, o mundo real não esta fácil.
Em sua opinião, ter estado à frente da Blueman durante 3 anos ajudou? A “bagagem Azulay” ajudou na construção da sua carreira e do seu negócio?
Com certeza. Mas é imprescindível que quem quer empreender passe por outros lugares e empresas. A experiência é muito importante.
Como foi sair da moda praia? Foi um desafio?
Eu caí de paraquedas na moda praia. Era algo que eu nunca tinha trabalhado e recebi o convite. Quem trabalha com criação cria qualquer coisa. É um exercício. Então eu só segui com o caminho da criação. Na The Paradise, eu até faço praia, mas não é muito. O Rio de Janeiro está emprenhado na minha criação. Mesmo que eu não vá muito á praia, ela sempre está presente.
Inovar no mundo da moda é muito difícil. Atualmente, o que é preciso para se reinventar?
Olhar para fora do mercado. Buscar inspiração em outras coisas. Quem trabalha com moda no Brasil fica olhando somente para a moda, mas tem tantas outras áreas ricas pra se inspirar e criar um intercâmbio cultural. Aqui olhamos para o próprio umbigo.
A The Paradise começou no e-commerce e agora está instalada na rua Garcia D’Ávila, que é um endereço carioca com lojas da Louis Vuitton e da Hermès, por exemplo. Quais são seus planos de expansão. Você pretende elevar a sua marca ao nível dessas maisons? Quer exportar suas criações?
Temos o pensamento de quem empreende. Não temos o desejo de uma cadeia de lojas. Queremos ter presença sem estarmos tão espalhados, porque quando você cresce demais, tem ceder quanto ao controle, a qualidade. Desejamos fazer uma exportação tímida, para não perder o controle. Somos rigorosos com tecidos, criação, distribuição, e não queremos abrir mão disso.
O seu público é bem seleto. A intenção inicial foi criar para um nicho menor?
Não pensamos em classe social, idade. E ninguém se veste igual diariamente, então pensamos na faceta exuberante do consumidor. Tenho clientes de 15 anos e de 60. Criamos para homens e mulheres de qualquer gênero e idade.
Quais são suas maiores inspirações?
A inspiração é aleatória. Vem de desejos pessoais, meus e do meu sócio, e ou de referências estéticas de um país ou de um movimento artístico. Tivemos coleções inspiradas nos czares russos, em um hotel imaginário, nos safáris. É tudo de um desejo estético.
Você é influenciado por alguém? Um estilista? Ou sua própria família?
A minha própria história me influencia e é meu maior referencial. Mas como consumidor, eu me identifico com marcas maximalistas, como a Versace e a Dolce & Gabbana. E também tenho um apreço por referência de moda do Brasil dos anos 70, mas admiro quem consegue fazer minimalismos.
Qual foi a ideia da sua última coleção e da campanha, que teve sua avó, Ilka Soares, atriz e modelo, considerada uma das mulheres mais belas do Brasil nos anos 50 e 60, aos 86 anos, como garota propaganda?
A coleção veio de uma vontade. Eu tenho lado barroco e rococó, e a Rússia czarista tinha isso quase em exagero, e misturado com o militar, então é um desejo antigo. E também era um desejo antigo fazer algo com minha avó, e explorar todo seu potencial artístico. Quem está no estúdio percebe a energia que ela possui. É outro know-how de poses, é segurança, vitalidade. E nem parece que ela parou de fotografar tem 30 anos. Sem querer desmerecer, mas minha avó deixa muitas modelos no chinelo.
O que você vai falar na sua palestra no Vitória Moda?
Vou contar a historia da família Azulay, falar sobre o lado estilista para empreender. E, sobretudo, levantar a bandeira da moda autoral. A moda brasileira passou por um processo de pauperização. Existe moda e existe roupa. Temos um momento prospero de roupa sem DNA, e não de moda. O foco está no consumo, querem que a pessoa compre e mais nada.
Adoro este tipo de estampas e modelos.
Sou da terceira idade , tenho 65 anos 1,76 de altura e peso 69kg. Vocês elaboram selecionamentos para modelo maduro ?
Eu gostaria muito .
Meu nome é Agenor, tenho 62 anos, descobri apenas recentementeo Thomaz Azulay pelo canal Fashion Tv e fiquei simplesmente extasiado diante de tanto talento e bom gosto na coleção apresentada, somente uma pessoa como ele pertencente a uma Dinastia de moda, pode apresentar este belíssimo trabalho. Como Brasileiro e Carioca me senti muito orgulhoso diante do seu trabalho… num país como o nosso “praticamente” sem memória e saber que ele é neto da Ilka Soares uma das mulheres mais glamourosas que já existiram no cenário artístico…fiquei bastante impressionado…. há pouco tempo entrei em uma loja de um grande shopping Carioca e lá estava a Ilka fazendo compras (mostrei para minha esposa), pra mim sempre será um ícone de beleza a reconheci e vi a felicidade no rosto dela por ter sido reconhecida e isso nada mais é do que puro merecimento, diante de tantos momentos maravilhosos que um dia ela me proporcionou c oomo fã, o que não poderia ser diferente. Há muito a dizer, porém quero Parabenizar ao Thomaz e agradecer por sua colaboração a arte, a moda, enfim ao engrandecimento do Brasil!!!!