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Médicos não querem trabalhar no interior do ES, diz secretário

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(por Danieleh Coutinho)

Com um orçamento de R$ 1,6 bilhão a Secretaria de Estado da Saúde trabalha para suprir duas das maiores carências da área no Espírito Santo: falta de profissionais e leitos. De acordo com o titular da pasta, Tadeu Marino, o déficit de leitos, tanto clínico quanto de alta complexidade, chega a dois mil.

“Nos nossos primeiros dois anos de governo abrimos cerca de 200 leitos hospitalares dentro da nossa própria rede, entre leitos clínicos e leitos de UTI. Neste começo do terceiro ano de mandato, nós tivemos a alegria de inaugurar o novo hospital Doutor Jayme Santos Neves, que nos oferece, até novembro, 424 novos leitos hospitalares. Também fizemos uma ampliação no interior do Estado, pois percebemos que dentro dessa grande carência de leitos existe uma de resolvíveis, de média complexidade no interior do estado. Isso obriga a população a vir para a região metropolitana. Abrimos 10 leitos de UTI na região do Caparaó, em Guaçuí; 18 leitos de UTI em Colatina – região Noroeste -, 18 leitos no Hospital Silva Avidos, bem como reforçamos parcerias com os hospitais filantrópicos, também no interior”.

O secretário, que respondeu pela Sesa em 2003, em entrevista exclusiva ao ESHOJE, falou sobre o concurso público, que admitirá 2.120 vagas para profissionais de todas as áreas de saúde e da distribuição negativa de médicos especialistas que gera uma concentração em cidades e ausência em outras.

ESHOJE: O Governo Renato Casagrande assumiu já com um déficit de leitos, que ainda não foi superado. Esse problema será resolvido até o fim da gestão?

Tadeu Marino: Não. Nós colocamos ali, até o final do governo Casagrande, mil novos leitos hospitalares. Isso vai diminuir e muito a necessidade por leitos, principalmente os que acabam colocando em sofrimento a população, que são em UTI, clínicos e resolutivos.

A expansão de parcerias no interior é a resolução da chamada “ambulancioterapia” – quando as pessoas vêm para a Grande Vitória, ainda de madrugada em busca de atendimento?

Com certeza. Na parte hospitalar, essa é uma solução. Nós temos quatro macrorregiões de saúde no ES e temos várias micros. A grande proposta é dotar essas regiões de saúde de resolutividade. Não é preciso tirar uma pessoa de Barra de São Francisco com o pé quebrado para vir lá para Colatina ou Vitória resolver o problema. Isso é desumano para quem sofre isso. E concentra, em muito, as pessoas na tal da ambulancioterapia em Vitória. No caso de São Francisco, especificamente, nós temos um hospital próprio que nos dois primeiros anos nós investimos R$ 4,5 milhões, transformando hospital que estava sem as mínimas condições.

Esta interiorização é muito difícil?

É muito difícil interiorizar um profissional especializado. Como levar um oncologista, um cardiologista, um neurologista para Muqui, Mimoso, Ecoporanga ou Guaçuí? Estamos lançando, agora em março, um edital para construir cinco centros de especialidades ambulatoriais nas regiões do ES, para ir de encontro a essa necessidade. Já identificamos Guaçuí vai ter um centro medico especializado, outro na região de Pedra Azul, em Nova Venécia, Linhares e em Santa Tereza ou Santa Maria de Jetibá. Também estudamos um para a região litorânea-sul, localizado em Anchieta, provavelmente. O Estado está fazendo um investimento de construção de 72 unidades de saúde. Já inauguramos 30 nos primeiros dois anos de governo de Renato Casagrande. Vamos investir R$ 42 milhões esse ano nas cidades que estão passando por um problema de diminuição de arrecadação, para ajudar a financiar o funcionamento da atenção primaria da saúde.

O Estado tem profissionais suficientes? Quais as maiores carências de especialidades?

Nós temos no ES 2,2 médicos por mil habitantes, quando o ideal seria em torno de três médicos por mil habitantes. E o Espírito Santo é um dos estados brasileiros que tem a melhor concentração de médicos, só que, como em outros estados, nas grandes cidades acontece o fenômeno de concentração de profissionais. Em Vitória tem 14,5 médicos por mil habitantes, Colatina tem cinco médicos por mil habitantes e Cachoeiro, quatro. Já em cidades interioranas, como Ecoporanga e Mantenópolis, por exemplo, a 0,3 ou 0,4 médicos por mil habitantes. Faltam pediatras, neurologistas, anestesiologistas, reumatologistas, psiquiatras, dentre outros. As próprias residências médicas ofertam um numero reduzido de vagas e você tem quantidade menor de profissionais o que faz a população ter que esperar, às vezes, uma consulta por um ano. Infelizmente, parte desses profissionais de saúde nem quer trabalhar no serviço público, porque são poucos e acabam trabalhando só em seus consultórios.

O concurso público visa resolver, em parte, esta situação?

O Estado lançou em agosto do ano passado, foi aprovado o plano de cargos e salários para a área da saúde do Espírito Santo, coisa que não existia. Também lançamos o concurso público para o preenchimento de 2.120 vagas, que é o maior na área da saúde pública do Espírito Santo. Vai atender a todas as áreas, não só os médicos, mas para eles são 771 vagas. A grande finalidade desse concurso é substituir o trabalho precário da Sesa, que são as designações temporárias, efetivando e ofertando mais profissionais. A prova é em maio, o resultado em agosto e em outubro os aprovados começam a serem chamados.

Também objetiva acabar com contratos com as cooperativas médicas?

Na verdade as cooperativas medicas estão no estado há mais de 15 anos e prestam serviço dentro dos nossos hospitais, algumas com muita qualidade, muita eficiência e com médicos especializados. O Estado na verdade se deixou trabalhar dessa forma e construiu uma relação aonde toda especialidade medica, principalmente nos nossos locais de urgência e emergência, são administradas e executadas pelas cooperativas. Já que há um contrato de venda de serviço, temos que aprimorar cada vez mais a nossa gerencia de monitoramento, tanto interna – com as comissões que cada hospital nosso tem, monitorando o cumprimento dos horários e qualidade – quanto externas. Já que eu estou pagando, que eu estou comprando serviço, tenho, com muita eficiência e autoridade, cobrar a qualidade. Essa é uma questão, que quando fizemos o concurso publico agora, todas as especialidades estão lá. Esse é o caminho que o governo gostaria de ter.

Quando se fala em saúde, não há como escapar do tema ‘drogas’. Como a Sesa tem trabalhado?

Nenhum estado brasileiro estava preparando para essa epidemia, esse crescimento rápido. Estamos construindo uma rede de atendimento psicossocial, construindo 12 centros de atenção psicossocial. Já inauguramos três no ano passado, em Anchieta, Colatina e Cachoeiro do Itapemirim e outros nove vamos entregar até 2014. Serão licitado centros ambulatoriais, onde trabalham equipes multidisciplinares que são portas abertas para as pessoas que tem dependência do álcool e outras drogas. Vamos licitar, também, novos 18 CAPS-AD (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas), do tipo 3, que podem internar pacientes por até sete dias. A gente tem a logica da abertura de leitos dentro dos hospitais gerais e o governo trabalha dentro das unidades terapêuticas e clinicas psicológicas, consultórios de rua…

O senhor é a favor da internação compulsória?

Eu sou contrário, pois acho que tem que ter todo o trabalho de convencimento e de abordagens. Existem casos diferenciais, como crianças e mulheres grávidas, que não se deve dar direito de escolha. Mas, os outros, acho que parcerias com ONGs e igrejas que já trabalham nessa lógica, r os consultórios de rua, acho que dá muito mais resultado. Existem muitos trabalhos que mostram que, com a internação compulsória o retorno daquele paciente é mais rápido.

O senhor foi alvo, recente, de críticas de deputados estaduais. O seu trabalho é questionado pelo Legislativo?

Eu sou republicano, fui vereador e acho que o papel do parlamento é esse mesmo. Fiscalizar, fazer criticas. Estou acostumado a trabalhar com esse parlamento. Agora, as pessoas, independentes de ser deputados ou não, têm que ter primeiro o conhecimento com profundidade do que está acontecendo. A gente trabalha dentro de um planejamento estratégico traçado pelo governador do Estado e quem nomeia os secretários é o governador, então cabe a ele nomear, cabe a ele tirar. Tenho muita tranquilidade sobre isso. O parlamento foi feito pra criticar. Só que também, eu esperava que os deputados pudessem procurar a gestão para conhecer um pouco do que está sendo feito. Porque infelizmente nós fazemos nossa prestação de contas na Assembleia a cada quatro meses e infelizmente é muito raro ver um deputado no plenário. Basta pegar a lista de presença e você vai ver quantos deputados estão presentes, verificar se esse deputado, por exemplo, está presente nas sessões.

Como o Governo do Estado tem agido diante da situação de Guarapari, onde não há hospital público?

O Estado emitiu, na semana passada, com a Vigilância Sanitária, um parecer colocando um dos pontos cruciais para que possa funcionar, que seria a esterilização. Eles não têm espaço físico e nem maquinário lá dentro, então podem terceirizar. A questão da alimentação, a manipulação de alimentos, a limpeza… então eles cumprindo essa normas, o hospital São Sebastião volta a ser reaberto.

E o Hospital Ferroviário?

A mesma coisa, eles têm algumas pendências com o nosso convênio. Se resolverem isso rápido, se Deus quiser, até abril, podemos assinar uma nova contratualização com eles sem problema nenhum.

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