Danieleh Coutinho – [email protected]
A sexta edição do “Mapeamento dos Pontos Vulneráveis à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes nas Rodovias Federais Brasileiras”, divulgada nesta terça-feira (25) pela PRF (Polícia Rodoviária Federal), identificou um número recorde de pontos propícios à exploração sexual de menores nas BRs. Ao todo, 1.969 locais foram mapeados entre 2012 e 2013.
Segundo o levantamento, no Espírito Santo há oito pontos vulneráveis, sendo sete na Rodovia BR-101 e um na 393 – em Cachoeiro de Itapemirim, considerado ponto crítico. Somente no município da Serra, são três pontos – sendo dois de baixo risco e um de médio risco. Já os demais estão localizados na via federal que passa por Rio Novo do Sul e Itapemirim (ambos considerados críticos), Iconha e Mimoso do Sul – que são de alto risco.
Ainda de acordo com o mapa, em território capixaba foram registrados, de 2013 para 2014, 46 ocorrências relacionadas a exploração sexual. Quando observada a totalidade dos pontos mapeados, em nível de Brasil, é possível verificar que determinados fatores estão presentes na maioria dos pontos elencados pelos policiais rodoviários federais. Os critérios que se destacam no levantamento in loco são: a prostituição de adultos, a presença de caminhoneiros, o consumo de bebidas alcoólicas, a aglomeração/estacionamento de veículos, a existência de iluminação e a falta de vigilância. Estes são fatores de influência na determinação de pontos de vulnerabilidade, dados que se mostram similares aos resultados dos mapeamentos anteriores.
Sudeste tem 494 pontos
Em números absolutos, o Sudeste passou a à frente de outras regiões e é a que tem o maior número de pontos, com 494 áreas mapeadas propícias à exploração sexual de crianças e adolescentes. No levantamento 2011-2012, esse número era 358, o que revela um crescimento de 38%.
Em segundo lugar no ranking atual aparece o Nordeste, com 475 locais vulneráveis. O Centro-Oeste, que liderava no estudo anterior, aparece agora apenas na quarta posição, com 392 pontos. O Sul teve 448 pontos mapeados, e o Norte, 160.
O estudo divide as áreas em níveis de risco. Do total encontrado, 538 foram classificados como alto risco e outros 566 foram considerados pontos críticos. Ainda há 555 com médio risco e 310 pontos de baixo risco. Minas Gerais, Bahia e Pará lideram na quantidade absoluta de pontos críticos ou de alto risco.
A pesquisa aponta ainda para uma redução dos pontos críticos, que caíram 40% em seis anos, o que é considerado extremamente positivo pelo estudo. “A redução desses pontos pode estar relacionada à soma de esforços, engajamento dos diversos setores e atuação preventiva nas rodovias federais”, diz.
O levantamento
O levantamento é feito com questionários em pontos visitados pela PRF. Nesta edição do mapeamento, duas novas questões foram inseridas: o sexo/gênero das vítimas e o seu local de origem.
Segundo as respostas, 38% indicaram que a vítima disse ser originária de outra localidade, ou seja, pode ser vítima de tráfico de pessoas. Dentre os 448 pontos com registro de crianças e adolescentes em situação de exploração sexual, 69% eram do sexo feminino, 22% transgêneros e 9% do sexo masculino.
A PRF orienta que situações de exploração sexual infantil sejam denunciadas pelo Disque-100 da Secretaria de Direitos Humanos.