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Leitão da Silva: conclusão fica para 2018; 33 comerciantes fecharam as portas

obra leitao da silva3Já se passaram três anos e sete meses e a Avenida Leitão da Silva, em Vitória, ainda não ficou pronta. Dos 540 dias previstos para conclusão das obras, esse número já passou dos 1000. Durante esse tempo, 33 comerciantes fecharam as portas, segundo levantamento da Associação das Empresas da Avenida Leitão da Silva (ASSEMPLES). A Secretaria de Estado dos Transportes e Obras Públicas (SETOP) informa que o novo prazo para conclusão é julho de 2018.

Segundo o presidente da Assemples, Wellington Gonçalves dos Santos, os comerciantes sofremos duplamente: com o cenário nacional, e a obra que se arrasta com empecilhos e surpresas. Cerca de 100 pessoas foram demitidas. Só no posto de combustíveis dele, seis pessoas perderam o emprego.

“A obra não é fácil, tem algumas surpresas, demanda parceria com outras concessionarias, como a Companhia Espírito Santense de Saneamento (CESAN), EDP Escelsa e empresas de telefonia. É uma obra complexa, que foi mais complicada no início. Hoje a própria empreiteira tem conhecimento sobre a obra”.

Disse ainda que alguns comerciantes já adentraram com ações contra os envolvidos, mas a associação atualmente procura conversar e lidar pelo lado do bom senso. Informou também que o Governo do Estado tem mantido as conversas com os comerciantes. Mesmo assim, fez o apelo.  “Que acabem o mais rápido possível”.

obra leitao da silva4Para os comerciantes, os prejuízos são incontáveis. Na loja onde a gerente Ilda Franca trabalha desde setembro de 2012, a queda foi em 70% porque os clientes pararam de comprar. Dos oito funcionários, atualmente só restam dois. A solução encontrada foi trabalhar com entregas feitas por motoboys contratados, o que gera um novo gasto com pessoal e gasolina. Eles cogitaram fechar a loja.

“Ficamos muito tempo sem telefone e internet, porque as máquinas quebraram a fiação. Há dois anos tivemos uma reunião com a Prefeitura de Vitória e Governo do Estado. Disseram que os projetos estavam errados e precisariam ser refeitos”.

Ainda segundo ela, as contas, multas e juros são pagas regularmente. Foi cogitada uma ação contra os envolvidos, mas não valeria a pena devido à demora. A solução encontrada é esperar a conclusão das obras para estudar o que fazer. “Peço as autoridades que olhem por nos. A maioria das lojas aqui é alugada. Uma obra dessas, em um local comercial, não poderia ter sido autorizada”.

O comerciante Carlos Alberto Monteiro trabalha há 31 anos na Leitão da Silva. Na papelaria dele, a queda foi de 60% e 10 empregados demitidos. As promessas iniciais foram de um Transporte Rápido por Ônibus (BRT), além de uma ciclovia, que segundo ele, é inadequada. “Ninguém usa. Acabaram com o estacionamento de carros. Virou abrigo para usuários de drogas. Acho um descaso. Deveriam ter resolvido. Querem que tudo acabe”.

obra leitao da silva2A comerciante Penha Lima, que tem uma loja despachante de veículos há 17 anos na Avenida, viu o movimento cair 50% no começo das obras. Hoje, diz que o prejuízo está em 20%. Até um abaixo assinado foi feito por outro comerciante, mas não surtiu efeito. “Grifamos que na China caiu 1 km de asfalto e foi resolvido em 1 mês”.

Ainda segundo ela, foram necessários empréstimos para pagar os impostos. A venda de carros caiu, porque as pessoas evitam passar pelo local. A solução foi colocar os veículos no pátio de amigos. “Pessoas fecharam. Sabemos da situação em que o país está. Se fosse uma obra direita, já estaria resolvida. E nós não estamos isentos de impostos”, afirmou.

O material de construção do comerciante Manuel Araújo tem cinco mil itens. Mas segundo ele, há dias em que nada é vendido. O lucro de R$ 1000 mil por dia com aluguel se foi, assim como o movimento da loja. “Fui multado pelo menos umas quinze vezes por carros na calçada, que não tinham onde estacionar. Tinha oito empregado, hoje estou com dois, que eu não mando embora por não ter como pagar. Foi o maior crime do mundo. Que acabem para voltarmos a sobreviver”, afirmou.

Outra pessoa que viu o movimento cair 70% foi a funcionária Vânia Rodrigues. Trabalhando em um restaurante com a irmã há cinco anos, foram necessários empréstimos para pagar as contas, em um sufoco que elas ainda enfrentam. “Foram vários empréstimos, até para mandar uma funcionária embora. Pensamos em fechar várias vezes, só não fizemos porque o ponto é nosso. Podiam terminar logo. Só vão esticando e nós vamos ficando no prejuízo”.

obra leitao da silva5Secretaria de Estado dos Transportes e Obras Públicas

A Secretaria de Estado dos Transportes e Obras Públicas (SETOP), informou que a primeira etapa das obras na Leitão da Silva (cujo a maior parte dos serviços se concentrou do lado via no sentido Maruípe) termina esta mês. O contrato para a segunda fase já foi assinado no valor de 43,2 milhões, e começa nos próximos dias do outro lado da avenida, sentido Beira-Mar. A conclusão está prevista para julho de 2018, juntamente com as outras obras adjacentes, toda a macrodrenagem, pavimentação e ciclovia.

Disse ainda que foram construídas várias galerias não previstas no projeto original, o que afetou o cronograma da obra. Foram necessárias alterações no projeto para atender ao Plano Diretor de Drenagem da Prefeitura de Vitória, visando solucionar o problema dos alagamentos na região em períodos de chuvas mais intensas.

Informou também que estão sendo reestruturados três quilômetros de via. Com as obras de ampliação, a Leitão da Silva passará a ter seis faixas (três em cada sentido), além da reabilitação dos passeios, cobertura da galeria e melhoria da drenagem. A avenida terá uma ciclovia no canteiro central, uma antiga reivindicação da comunidade, que utiliza muito a bicicleta para se deslocar no seu dia-a-dia.

Ainda segundo a SETOP, a obra tem duas principais funções e melhorias: a mobilidade urbana, dando maior fluidez ao trânsito de uma das principais avenidas da capital; e a macrodrenagem, que vai possibilitar o escoamento mais rápido das águas das chuvas, reduzindo os alagamentos históricos que tanto prejudicam a região.

Por fim, disse que têm feito reuniões constantes junto ao Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Espírito Santo (DER) com os comerciantes e a comunidade local, apresentando o andamento da obra e ouvindo suas demandas. Junto as medidas para agilizar a obra, estão sendo adotadas várias providências para melhorar a limpeza, a sinalização e o acesso às lojas. Além de reduzir os transtornos, o objetivo é dar mais segurança a quem trafega no local.

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