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Laudo grafotécnico confirma que a médica Milena Gottardi escreveu carta à Justiça

milena gottardiA Polícia Civil, por meio da Delegacia Especializada de Homicídio Contra a Mulher, informa que os resultados do laudo grafotécnico, expedido pelo departamento de criminalística, confirmam que a médica Milena Gottardi Tonini Frasson confeccionou e assinou a carta datada no dia 05 de abril.

Na carta ela falava de sua relação com o marido, o policial civil, Hilário Frasson, sua tentativa de separação e a saída de casa, juntamente com as duas filhas – uma menina de 9 anos e outra de dois anos. Milena também eixava claro seu medo de morrer ou de seu marido se matar – a quem destacou as mudanças constantes de humor, agressões verbais e consumo excessivo de álcool.

A médica pediu, por meio do documento, que se algo acontecesse com ela, suas filhas ficassem sob a guarda do irmão, Douglas Gottardi, e de sua mãe, Zilca Gottardi.

Para obter os resultados, o departamento fez o confronto dos padrões da carta com as fichas assinadas pela vítima no cartório, onde realizou o registro do documento, no mesmo dia em que ele foi escrito e, também, com as anotações escritas em um caderno que foi apresentado pela família da médica.

O caso segue sob investigação e outras informações serão divulgados quando o inquérito for concluído, com prazo de 30 dias, contados a partir da prisão do Dionathas, podendo prorrogar para mais 30.

A médica Milena Gottardi foi vítima de um tiro, na noite do dia 14 de setembro, dentro do estacionamento do Hucam, em Maruípe, Vitória. O crime aconteceu quando ela deixava o plantão na área em que atuava: oncologia pediátrica. A morte foi registrada na tarde do dia seguinte, após Milena ter sido operada no hospital particular da Unimed Vitória.

Foram presos como mandantes do crime, o ex-marido, Hilário Frasson, e o pai dele, Esperidião Frasson. Também estão presos os acusados como intermediários Valcir Dias e Hermenegildo Filho, além de Bruno Rodrigues que roubou a moto usada pelo assassino, Dionathas, no dia do crime.

“Vitória, 05 de abril de 2017

Meu nome é Milena Gottardi Tonini , sou mãe de “A” (9 anos) e “L” (1 ano e 10 meses). Sou casada com Hilário Antônio Fiorot Frasson, mas estamos em processo de separação. Temos um relacionamento de 20 anos (7 anos de namoro e 13 anos de casamento).

Por várias vezes ele demonstrou um temperamento difícil com mudanças de humor frequentes durante o dia. Reage com agressividade em algumas situações, porém sem agressão física. A agressividade é feita através de palavras. Tem manias como de limpeza excessiva que ao meu ver é muito sugestivo de transtorno obsessivo compulsivo.

Toda essa personalidade sempre me preocupou e me oprimiu porque nunca sabia como ele reagiria às situações do cotidiano. Orientei por diversas vezes à procura de tratamento psiquiátrico, mas ele nunca levou a sério. Ia ao psiquiatra, mas não seguia o tratamento proposto.

A situação ficou mais grave a partir do momento que o alcoolismo começou a se tornar algo real nas nossas vidas. Ele era um etilista social (embora mesmo nos finais de semana sempre abusava da quantidade de álcool), o hábito se tornou diário.

Em relação às meninas, sempre foi um bom cuidador, porém, principalmente com a “A” usava também de palavras agressivas e castigos físicos (…).

A nossa relação sempre foi de posse. Ele sempre demonstrou muita obsessão à minha pessoa, mesmo antes do namoro.Diante de todos esses fatos, hoje sairei dessa com minhas filhas por determinação judicial, uma vez que estou desde o dia 5 de março de 2017 tentando convencê-lo a sair de casa ou aceitar pacificamente a separação. No entanto, não obtive êxito nas inúmeras tentativas.

As conversas ele sempre partia para o lado das ameaças. Falava que não sairia de casa, nem deixaria as meninas, que se um dia me separasse, ele declararia guerra, e se mataria (falou isso perto de “X” dentre outras falas). Me sinto uma refém dentro da minha própria casa. Está insuportável! Não quero brigar com ele, mas também não consigo ter uma conversa, um diálogo.

Ele não permite isso. Temo pelas crianças. A “A” está em acompanhamento com psicóloga “X”, a qual orientou sempre pouparmos de qualquer divergência entre o casal, mas ele grita e fala coisas terríveis perto dela.

Não aguento essa situação, por isso pedi ao juiz a liberação para sair de casa com as meninas para me poupar e, principalmente, as minhas filhas de um ambiente hostil.

No entanto, não sei qual será a reação dele. Tenho medo que essa agressividade verbal se concretize em atitudes. Temo em ele tirar sua própria vida e, como vemos em muitos casos, tirar a minha vida também.

Poderia ir na delegacia e relatar meus temores, mas não quero prejudicá-lo. Desejo muito que a situação seja resolvida pacificamente.

Embora eu desejo e rezo pela paz. Tenho duas crianças que dependem de mim que são “A” e “L”, dependem do meu amor, do meu carinho, dos meus ensinamentos e financeiramente.

Por isso, venho através desta carta expor a minha vontade que, se acontecer algo de ruim comigo, por exemplo, se Hilário Antônio Fiorotti Frasson me matar e, pode ser que tente se matar também, eu desejo que minhas filhas “A” e “L” fiquem sob a guarda do meu irmão Douglas Gottardi Tonini com a supervisão de minha mãe Zilda Maria Gottardi porque assim ficarei em paz.

Sei que eles têm plenas condições de seguir com os ensinamentos e afeto para com as minhas filhas da forma que eu mesma faria. Bem como de utilizar todos os benefícios financeiros a favor da educação das minhas filhas.

Expresso essa vontade em vida e na forma dessa carta para que, se acontecer algo comigo, que as autoridades responsáveis possam se sensibilizar com o desejo de uma mãe que estava em busca somente de paz.

A separação será para mim a busca de paz e, com isso, uma casa harmoniosa para criar minhas filhas. A “A” e a “L” tenham certeza de que vocês são o bem maior que tenho. O meu amor por vocês é infinito. Um dia vocês saberão que a mamãe tentou de todas as formas manter o casamento, mas não deu.

E a separação foi a forma que eu encontrei de busca a nossa paz e a nossa felicidade. Eu sempre estarei com vocês para protegê-las e amá-las.

Milena Gottardi Tonini Frasson”

(Para não identificar as filhas da médica, foram usadas as letras A e L, e a psicóloga mencionada na carta como X)

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